Por: José Carlos Gomes
Foto: FPC
Os selecionadores nacionais de ciclismo de estrada, pista e BTT já
escolheram os quatro corredores que representarão Portugal nos Jogos Olímpicos,
que vão realizar-se em Tóquio, Japão, entre 23 de julho e 8 de agosto.
O ciclismo português terá pela
primeira vez uma participação paritária, com dois homens e duas mulheres,
distribuídos por quatro disciplinas velocipédicas, contrarrelógio e prova de
fundo, na estrada, omnium, em pista, e cross country olímpico (XCO), em BTT.
Será a estreia do ciclismo de pista nacional em Jogos Olímpicos e será também a
primeira vez que Portugal participa na prova feminina de XCO.
José Poeira, selecionador nacional
de estrada, teve a exigente missão de reduzir a dois a lista de corredores que
poderiam representar o país na mais importante competição internacional
multidesportiva. Os escolhidos foram João Almeida e Nelson Oliveira. Pelas
regras dos Jogos Olímpicos, os dois terão de competir tanto na prova de fundo
como no contrarrelógio.
O selecionador nacional de pista,
Gabriel Mendes, convocou a corredora que amealhou os pontos que asseguraram a
Portugal a presença em Tóquio, Maria Martins. A escolhida pelo selecionador
nacional de BTT, Pedro Vigário, para a estreia do BTT feminino português em
competições olímpicas foi a jovem Raquel Queirós.
Os primeiros a entrar em ação em
terras nipónicas serão João Almeida e Nelson Oliveira, pois a prova de fundo
masculina está marcada para o dia 24 de julho. A dupla voltará a competir no
dia 28 de julho, no contrarrelógio individual. José Poeira tem objetivos
ambiciosos para as duas corridas. “Vamos trabalhar para conseguir estar na
discussão do contrarrelógio e da prova de fundo. Os percursos adequam-se aos
nossos corredores, mas falta saber que adversários teremos e em que condições
se apresentarão. Ambicionamos, pelo menos, o Diploma Olímpico, sabendo que no
contrarrelógio esse é um objetivo realista para o Nelson e para o João, dado
que o percurso é muito exigente, favorecendo os portugueses em relação aos
contrarrelogistas com caraterísticas de roladores”, explica José Poeira.
"Se os Jogos fossem no ano
passado não tinha a expectativa de estar presente, mas foram adiados. Com os
resultados que tenho apresentado, comecei a pensar que poderia ter uma
possibilidade. Como só temos duas vagas, sabia que as possibilidades de ser ou
não convocado eram de 50/50. Felizmente fui escolhido e acho que vai ser uma
grande experiência! Estou muito entusiasmado para meter os dorsais na camisola
de Portugal nesta competição. Estive a analisar o percurso. Já percebi que é
muito duro, adaptando-se às caraterísticas dos ciclistas portugueses. Somos só
dois, o que nos coloca em desvantagem relativamente a outras seleções, mas
estou confiante de que vamos estar na luta por bons resultados", afirma, por seu turno, João Almeida.
Nelson Oliveira vai estabelecer um
novo marco da modalidade na capital do Japão: será o primeiro ciclista
português a competir em três edições diferentes dos Jogos Olímpicos. Depois do
18.º lugar em Londres’2012 e do sétimo no Rio’2016, que esperar do
contrarrelógio do bairradino em Tóquio? O próprio responde: “A ambição passa por melhorar o resultado do Rio. Sonhos,
temo-los. O percurso é bom, porque é longo e muito duro, praticamente sem um
metro plano. Mas o clima, devido à humidade e à temperatura, será o
fator-chave. Estou a fazer preparação na câmara térmica do ADAI [Associação
para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, instituição ligada à
Universidade de Coimbra] para dar sinais ao corpo das condições que vamos
encontrar no Japão”, conta o recordista de
participações do ciclismo nos Jogos.
Se o objetivo pessoal passa pelo
contrarrelógio, Nelson Oliveira tem em mente a missão coletiva na prova de
fundo. “Darei o meu melhor num percurso muito
exigente e estou totalmente à disposição para ajudar o João Almeida, que tem
demonstrado ser um grande ciclista, está sempre com os melhores na montanha”, assume o anadiense, que, apesar de já ser repetente na
competição, não perde o entusiasmo: “É sempre um
orgulho representar Portugal, especialmente nos Jogos Olímpicos. Mas também é
uma grande responsabilidade, porque estamos naquele que é, provavelmente, o
maior evento mundial, não apenas da área do desporto”.
Em contrapartida com a experiência
de Nelson Oliveira, Raquel Queirós estreia-se nos Jogos Olímpicos. Vai fazê-lo
no dia 27 de julho. "A Raquel é uma
corredora ainda muito jovem. Estamos focados em fazer uma boa preparação para
termos uma participação digna. Será um momento histórico, por ser a estreia,
mas será também uma parte da caminhada rumo aos Jogos de 2024. Queremos que
seja também um estímulo para toda a comunidade do XCO português, exatamente a
pensar em Paris'2024", esclarece Pedro
Vigário.
A betetista vilacondense sabe que a
presença nos Jogos é um prémio para o que já alcançou, mas é, sobretudo, o
início de um caminho no alto rendimento. “Estou
muito feliz por chegar tão jovem a esta competição com que sempre sonhei. Mas,
mais do que o final de um processo, acredito que pode ser o começo de algo
muito bonito. Vou a Tóquio para continuar a minha aprendizagem, porque sou uma
sub-23 que vai correr contra a elite. Vou dar o meu máximo e o resultado logo
se vê”, avança Raquel Queirós.
Cabe a Maria
Martins a honra de encerrar a participação velocipédica portuguesa, disputando
as quatro provas do concurso de omnium no dia 8 de agosto. "Vai ser a
competição com maior qualidade em que alguma vez participamos, pois vão estar
em pista as 21 melhores do mundo. Estamos a fazer uma preparação detalhada,
sabendo que o processo de trabalho é o essencial para podermos ter a
expectativa de uma boa participação. Olhando à qualidade das adversárias,
considero que uma classificação nos primeiros dois terços da tabela é um bom
resultado", adianta Gabriel Mendes.
Maria Martins reconhece a dimensão da empreitada, até porque o
apuramento tão precoce – logo à primeira tentativa – foi um sonho concretizado
antes do previsto. Reconhecendo o realismo do prognóstico do selecionador
nacional, a ribatejana permite-se sonhar um pouco mais além, embora com
reservas. “O apuramento foi a concretização de um sonho que não esperava
realizar tão cedo. Estou muito motivada para representar Portugal e para dar o
meu melhor perante adversárias que conheço dos Mundiais e das Taças do Mundo.
Importa, primeiro, fazer uma boa preparação para, durante os Jogos, encarar
cada uma das quatro provas pontuáveis de cada vez. Conquistar um Diploma
Olímpico seria concretizar mais um sonho, mas se calhar já seria pedir muito a
realização de dois sonhos tão difíceis de uma vez”, graceja a corredora.
BI dos Convocados
João Almeida
Equipa: Deceuninck-Quick-Step
Data de Nascimento: 05/08/1998
Naturalidade: Caldas da Rainha
Nelson Oliveira
Equipa: Movistar Team
Data de Nascimento: 06/03/1989
Naturalidade: Anadia
Maria Martins
Equipa: Drops-Le Col s/b TEMPUR
Data de Nascimento: 09/07/1999
Naturalidade: Santarém
Raquel Queirós
Equipa: Guilhabreu BTT
Data de Nascimento: 16/03/2000
Naturalidade: Vila do Conde
Fonte: Federação Portuguesa
Ciclismo
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