"Todos os favoritos estão a poupar-se", diz Julien Jurdie, o diretor da equipa do francês Romain Bardet.
Foto: AFP
O diretor desportivo da
AGR2-La Mondiale confessou-se dececionado devido à ausência de ataques entre os
favoritos da Volta a França, uma ideia corroborada pelo pelotão, que está
apostado em poupar forças na primeira semana da 107.ª edição.
“Esperava mais na subida a La
Lusette. Aí, estavam reunidos todos os ingredientes para ‘incendiar’ o pelotão.
Todos os favoritos estão a poupar-se, ninguém se atreve a atacar. Todos têm
medo da Jumbo-Visma”, lamentou Julien Jurdie, o diretor da equipa do francês
Romain Bardet, também ele candidato ao pódio final do Tour.
Jurdie reconheceu esperar um
ataque entre os favoritos durante a subida de primeira categoria, situada a
13,5 quilómetros da meta em Mont Aigoual, mas para sua surpresa o único a
tentar foi o italiano Fabio Aru (UAE Emirates), companheiro do terceiro da
geral, o esloveno Tadej Pogacar.
“Estávamos à espera de ver um
ataque de alguém e vimos sair o Aru. Pensávamos que serviria de ponto de apoio
a Pogacar, mas, na realidade, não foi mais do que ‘fogo de artifício’. É um
bocado dececionante”, vincou.
Para o diretor da formação
francesa, o medo de gastar energia faz com que “todos giram as suas armas ao
milímetro à espera de ter forças nos Pirenéus”, onde a caravana chega este fim
de semana.
“É possível que haja um certo
receio de nos estarmos a precipitar e desgastarmo-nos, não só sem que
consigamos ganhar tempo, mas com o risco de o perdermos. E, num final como o de
hoje, era difícil fazer a diferença”, analisou o espanhol Mikel Landa
(Bahrain-McLaren), 13.º na geral, a 13 segundos do camisola amarela, o
britânico Adam Yates (Mitchelton-Scott).
O próprio líder da geral
individual confessou que hoje tentou poupar forças para o que aí vem.
“Havia um grupo na frente, com
bons ciclistas, mas sem perigo para a geral. Controlámos a corrida, mas, como
não havia hipótese de ganharmos a etapa, não atacámos. Havia uma subida dura no
final, atacar teria significado um grande esforço para poucos resultados.
Preferi poupar forças para os próximos dias”, revelou.
Também o francês Thibaut Pinot
(Groupama-FDJ), 12.º da geral e um dos favoritos dos adeptos da ‘casa’,
descreveu a sexta etapa como “uma jornada média, na qual não vimos grande
coisa”.
“A subida a La Lusette era
muito longe [a 13,5 quilómetros da meta] para tentar qualquer coisa. Os
Pirenéus estão a chegar, veremos o que acontece lá. Há dois dias, a Jumbo-Visma
estava no controlo, hoje deixaram a INEOS comandar, certamente para terem um
dia de recuperação. Não assumiram a despesa da corrida, ficaram tranquilos nas
rodas dos outros”, notou.
Já Emanuel Buchmann (Bora-hansgrohe),
quarto classificado no Tour de 2019, assumiu que “o grupo de favoritos não foi
tão rápido quanto podia”.
“Falta muito Tour e o final
será exigente, pelo que as equipas estão a pensar que quanto menos gastarem,
melhor”, declarou o experiente Alejandro Valverde, ironizando de seguida:
“Porquê um Tour tão estranho, sem ataques? Bom… a vida é estranha. Olhem para
nós, todos de máscara. Isso já é estranho”.
O ciclista cazaque Alexey
Lutsenko (Astana) venceu hoje isolado a sexta etapa da Volta a França, depois
de ter andado mais de 180 quilómetros em fuga, com Adam Yates a manter a
amarela.
O grupo de favoritos chegou
quase três minutos depois do vencedor, encabeçado por Julian Alaphilippe
(Deceuninck-QuickStep), que ganhou um segundo aos demais, ao adiantar-se nos
metros finais.
O líder do Tour, o britânico
da Mitchelton-Scott, cortou a meta a 2.53 minutos do cazaque da Astana, e
manteve as diferenças para os seus mais diretos perseguidores na geral: os
eslovenos Primoz Roglic (Jumbo-Visma), segundo, a três segundos, e Tadej
Pogacar (UAE Emirates), terceiro, a sete.
Fonte: Sapo on-line
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