No final dos anos 1980, Donald
Trump, na altura ‘apenas’ empresário e um dos homens mais ricos do Estados
Unidos, aventurou-se no ciclismo e criou uma prova com o seu próprio nome, para
rivalizar com a Volta a França.
Em 1989, com apenas 43 anos, o
agora presidente dos Estados Unidos lançou o Tour de Trump, uma competição
“tremenda” disputada em solo norte-americano e que no futuro iria “ser o
equivalente ou até maior” que a ‘Grande Boucle’.
Contudo, depois de apenas duas
edições, Donald Trump foi praticamente obrigado a abandonar a organização,
devido a problemas financeiros e a alguns escândalos pessoais, e a prova acabou
de vez em 1996, quando já se chamava Tour DuPont.
A ideia do Tour de Trump
surgiu do jornalista John Tesh e do empresário Billy Packer, mas, durante
alguns segundos, o nome da competição não convenceu o empresário.
“Quase de caí da cadeira
quando ouvi o nome. Pensei que estivessem a brincar. Achei que iria ser ridicularizado
na imprensa, mas em 20 segundo mudei a minha opinião e apercebi-me do valor
comercial que o meu nome iria dar”, disse Trump, numa entrevista ao canal de
televisão NBC, poucas semanas antes da primeira edição da prova, em maio de
1989.
Nessa mesma entrevista, o
nova-iorquino foi mais longe e considerou o nome Tour de Trump “bem mais
atrativo” do que algo como Tour dos Estados Unidos.
“Sei que muitos dos ciclistas
querem participar por causa do meu nome. Isto é tremendo. É uma prova tremenda.
Vejo um futuro fantástico. Vai ser o equivalente ao Tour ou até maior”,
referiu.
Trump explicou que investiu
750 mil dólares na competição e que, mesmo antes das bicicletas começarem a
rolar, já estava a ter lucro.
A primeira edição teve um
‘prize money’ de 250 mil dólares, com 50 mil a ser distribuído ao vencedor,
valores, na altura, seis vezes mais baixos que a Volta a França.
Mesmo assim, alguns nomes
sonantes da época marcaram presença na competição, como Greg LeMond, que acabou
por ser um dos melhores ciclistas norte-americanos de todos os tempos e
vencedor da Volta da França por três vezes, e Alexi Grewal, medalha de ouro nos
Jogos Olímpicos de Los Angeles1984.
Entre 5 e 14 de maio, dividido
entre 10 etapas, com um total de 1.350 quilómetros, o Tour de Trump arrancou em
Nova Iorque e terminou em Atlantic City, em frente aos casinos do milionário,
tendo passado por Pensilvânia, Virgínia e Maryland, num total de cinco estados.
O norueguês Dag Otto Lauritzen foi o primeiro vencedor.
A prova ganhou a atenção da
comunicação social, mas o mesmo não aconteceu com o público e as poucas pessoas
que marcaram presença nas etapas aproveitaram a ocasião para protestar contra
Trump e o seu estilo de vida capitalista.
A segunda edição decorreu
praticamente da mesma forma, mas Trump acabaria por ter de retirar o seu nome e
desistir da prova, numa altura em que atravessava crises financeira, que levou
ao encerramento de vários dos seus edifícios, incluindo os tais casinos em
Atlantic City, e pessoais, já que passou por um divórcio milionário, depois de
a imprensa ter desvendado que tinha uma relação extraconjungal.
O Tour de Trump passou a
chamar-se Tour DuPont, o novo principal patrocínio, mas tudo terminou em 1996,
com Lance Armstrong a vencer as duas últimas edições.
Esta não foi a única
‘aventura’ do atual presidente dos Estados Unidos no desporto. Também nos anos
1980, comprou uma equipa de futebol americano, que disputava um liga
secundária, um negócio que durou apenas três anos.
Nessa década, Trump chegou a
ser, durante poucos meses, o consultor financeiro do pugilista Mike Tyson e
esteve perto de adquirir os Cleveland Indians, uma das maiores ‘franchises’ do
basebol norte-americano.
Já no século XXI, em 2007, o
atual presidente dos Estados Unidos participou um evento de wrestling de
entretenimento, a Wrestlemania, em que, caso o seu lutador perde-se, teria de
rapar o cabelo. Trump manteve o penteado.
Fonte: Sapo on-line
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