Foram várias as figuras do
pelotão nacional que marcaram as principais fases da evolução do ciclismo
português, e das quais nos iremos ocupar neste capítulo, desde as proezas de
José Bento Pessoa, nos finais do Século XVIII, aos inesquecíveis José Maria Nicolau
e Alfredo Trindade, até aos históricos Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e Marco
Chagas.
Pelo meio ficaram Ribeiro da
Silva, a dinastia dominadora do FC Porto (dos Moreira, Dias Santos, Sousa
Cardoso, Mário Silva, José Pacheco, entre outros), os dois José Martins (o do
Benfica e o da Coelima), José Albuquerque (o popular “Faísca”), o “leão” João
Roque e os benfiquistas Peixoto Alves, Fernando Mendes e Francisco Valada, para
terminar em Joaquim Gomes, Fernando Carvalho, Jorge Silva, Orlando Rodrigues, Vítor
Gamito, Nuno Ribeiro e José Azevedo.
Todos eles estão envolvidos na
reconstituição, que a seguir fazemos, das breves biografias daqueles que
elegemos como principais marcos históricos da evolução do ciclismo português
ANTÓNIO AUGUSTO
DE CARVALHO
Nascimento: 1903 Naturalidade:
Sintra Equipas: Carcavelos (1926 e 1927), Campo de Ourique (1931) e Sintra
(1932). Carreira: 1926 a 1932 Volta a Portugal: 1º em 1927 + 5 etapas; 4º em
1931 + 1 etapa + 1 dia líder; 8º em 1932. Destaques: 1º na Volta a Lisboa em
1926; 1º no Tomar-Lisboa, em 1928; 1º na Volta dos Campeões, em 1930. Vestiu a
camisola amarela em dez ocasiões.
SEM OS AZARES DE
QUIRINO
O poderoso e espadaúdo
ciclista sintrense, líder da equipa de Carcavelos, foi o primeiro campeão da
Volta a Portugal, impondo-se no duelo com Quirino de Oliveira, do Atlético de
Campo de Ourique, por muitos apontado como principal favorito à vitória na
primeira edição da prova, em 1927, que inicialmente chegou a ser designada por
Circuito Ciclista de Portugal.
A corrida ficou marcada por
variadíssimas peripécias, mas do ponto de vista desportivo o facto que maior
relevo alcançou foi o emocionante despique travado, ao longo de todo o
percurso, pelos dois populares ciclistas.
Quirino de Oliveira foi o
primeiro a envergar a camisola amarela, conservando a durante a maior parte do
percurso de 1958,5 quilómetros, repartidos por 18 etapas, confirmando assim ser
melhor da categoria dos 'Fortes' (os corredores estavam divididos em fortes,
fracos e militares). Foi, no entanto, o seu rival Augusto de Carvalho, quem
veio a conquistar a vitória, em resultado dos contratempos sofridos pelo seu
opositor.
Na etapa para a Guarda, onde
muitos esperavam que Quirino teria a sua grande oportunidade, tirando partido
do facto de ser o mais corpulento do pelotão (1,80 m de altura e 90 Kgs de
peso), com grande capacidade atlética e muito corajoso, sofreu uma avaria
mecânica e fez grande parte do percurso sem o selim. subindo e descendo,
quilómetros e quilómetros, apoiado apenas nos pedais.
Parecia que estava firme no
primeiro lugar, mas o imponderável, que é um dos aliciantes do ciclismo, voltou
a fazer sérios estragos na classificação de Quirino, primeiro devido a uma
queda a caminho de Moncorvo, onde perdeu o comando da classificação, e depois
voltando a atrasar-se na etapa de Braga para o Porto. Nesse dia Augusto de
Carvalho chegou à meta montado numa 'pasteleira' cedida por um popular, que o
ajudou, assim, a solucionar uma avaria cuja reparação poderia acarretar-lhe a
perda de muito tempo e comprometer seriamente a possibilidade real de uma
vitória.
O primeiro beneficiário desses
percalços foi Manuel Nunes de Abreu, do Leixões, que vestiu a camisola amarela,
mas Augusto de Carvalho saiu das Caldas da Rainha vestido de amarelo e com 9m 34s
de vantagem, mercê de um ataque demolidor na etapa anterior, do Porto para
Coimbra, onde os corredores chegaram já noite fechada, com os faróis dos carros
de apoio a iluminarem-lhes a estrada.
Uma verdadeira multidão em
delírio vitoriou os ciclistas à sua chegada a Lisboa, com a meta instalada na
Avenida da Liberdade.
PALMARÉS
1926 1º Volta a Lisboa
1927 1º Volta a Portugal 1º
Taça União 1º Taça Olímpica
1928 1º Tomar-Lisboa
1930 1º Volta dos Campeões 1º
Lourinhã-Coruche-Lourinhã
1931 4º na Volta a Portugal
1932 8º na Volta a Portugal
Fonte: FPC
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