quarta-feira, 4 de junho de 2025

“Antevisão - Critérium du Dauphiné: Pogacar, Vingegard e Evenepoel medem forças antes do Tour”


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

De 8 a 15 de junho, o Critérium du Dauphiné volta a assumir o seu habitual papel de grande ensaio para a Volta a França. Em 2025, a corrida francesa ganha ainda maior destaque com a confirmação da presença dos três maiores nomes do ciclismo atual: Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel. Apresentamos uma antevisão dos 8 dias de corrida.


A corrida arranca com uma etapa montanhosa que termina em Montluçon. Embora dificilmente venha a ser decisiva para a classificação geral, o perfil, com um final nervoso ao estilo das Ardenas, poderá animar o dia. Espera-se que os ciclistas da geral estejam atentos, com possíveis ataques nos quilómetros finais, enquanto os puncheurs e os homens rápidos com capacidade de resistir às subidas leves tentarão jogar a sua carta. Um sprint selectivo é uma forte possibilidade para definir o primeiro camisola amarela.


A segunda etapa apresenta características semelhantes, mas com um início muito mais exigente em termos de altimetria. As fugas terão mais oportunidades de sucesso, dadas as dificuldades iniciais, mas o traçado torna-se progressivamente mais plano à medida que a meta se aproxima. Isso aumenta a possibilidade de vermos um sprint de grupo a decidir o vencedor do dia, num cenário em que equipas com sprinters que sobrevivam ás dificuldades da etapa, poderão assumir o controlo.


O terceiro dia de corrida mantém a linha dos anteriores, embora apresente um início mais exigente e um final ligeiramente mais selectivo. É mais uma oportunidade para o êxito da fuga, mas a realidade é que a subida final, bastante íngreme, pode desencadear ataques entre os favoritos. O desfecho promete ser marcado por movimentações tácticas, onde a astúcia poderá ser tão decisiva quanto a força.


Um exigente contrarrelógio de 17 quilómetros. O percurso terá uma curta, porém agressiva subida a meio da prova, que exigirá potência e explosividade aos ciclistas. Sem uma verdadeira descida após o topo, os especialistas terão de manter um ritmo elevado até à meta, tornando este teste individual num primeiro filtro para os candidatos à vitória final.

Mais um dia exigente para o pelotão. A etapa apresenta um início relativamente plano, mas rapidamente surgem algumas subidas que poderão endurecer a corrida e provocar seleções.

Espera-se que seja uma jornada destinada aos sprinters, embora o terreno acidentado levante dúvidas sobre quem terá pernas para disputar a vitória. O ritmo que venha a ser imposto nas subidas poderá eliminar vários homens rápidos, tornando a luta pela etapa imprevisível


Estão programadas três chegadas em alto consecutivas, com a primeira a ter lugar em Combloux, local onde Jonas Vingegaard consolidou uma vantagem significativa sobre Tadej Pogacar na Volta a França de 2023. Este ano, o final será novamente em subida, prometendo uma selecção natural e a possibilidade de serem feitas diferenças importantes na classificação geral.


A etapa rainha da prova, sem margem para dúvidas. Apesar da curta extensão, o percurso apresenta três exigentes ascensões alpinas. Cada subida é longa e selectiva, ideal para os trepadores puros se destacarem. Num dia de elevada exigência física, é o terreno perfeito para abrir diferenças significativas na classificação geral.


A derradeira etapa da corrida apresenta um perfil menos exigente do que os dias anteriores, mas está longe de ser um desafio acessível. Com 133 quilómetros predominantemente em subida, o percurso conduzirá os ciclistas até Mont-Cenis já com elevada fadiga acumulada. Apesar de a ascensão não apresentar uma dificuldade extrema em termos de inclinação, o desgaste provocado pela dureza da semana, o esforço do próprio dia e a altitude poderão desempenhar um papel determinante no desfecho da etapa.

 

Os Favoritos

 

Tadej Pogacar - O Campeão do Mundo Tadej Pogacar enfrenta no Critérium du Dauphiné um momento singular da sua carreira. Apesar das três conquistas na Volta a França, o esloveno nunca triunfou nesta corrida, um dado curioso que adiciona alguma expectativa à sua participação. Desde 2020 que não marcava presença no Dauphiné, e a sua decisão de incluir esta prova no caminho de preparação para o Tour deste ano surpreendeu muitos, tendo em conta o seu habitual sucesso ao chegar às Grandes Voltas sem competir nas semanas anteriores.


Com o núcleo duro da equipa destinado à Volta a França a apoiá-lo, Pogacar será o único elemento da UAE Team Emirates com liberdade para lutar pela classificação geral. Ainda assim, poderá sentir a pressão acrescida de estar frente a frente com alguns dos seus maiores rivais para julho.

Conhecido pelo seu estilo agressivo, Pogacar terá de dosear energias. Uma abordagem demasiado ofensiva poderá ser contraproducente a longo prazo, e o mais prudente será manter a estratégia controlada, poupando forças e evitando gastos desnecessários.

Jonas Vingegaard - No lado oposto temos Jonas Vingegaard, que assinou vitórias no Critérium du Dauphiné em 2022 e 2023, antes de vencer a Volta a França. A Visma parece ter encontrado uma fórmula vencedora e será provavelmente por isso que regressa em força à corrida francesa.

O dinamarquês sofreu uma queda grave em março e não voltou a competir desde então, mas, nos dias que correm, a falta de ritmo de corrida já não é um entrave considerável para ciclistas deste nível. Com a alta montanha como objetivo, Vingegaard poderá seguramente medir forças com Tadej Pogacar nesta temporada.

Além disso, a Visma apresenta uma vantagem estratégica importante, contando com Matteo Jorgenson como uma opção muito sólida para o pódio e um ciclista extremamente completo. A equipa poderá ainda apoiar-se num Sepp Kuss determinado em reencontrar o seu melhor nível competitivo, reforçando assim as ambições coletivas para o Dauphiné.

Remco Evenepoel - As expectativas em torno de Remco Evenepoel são, este ano, bastante equilibradas. Em 2024 ele venceu o contrarrelógio, mas revelou dificuldades nas montanhas, muito por causa de ainda não ter atingido o peso ideal. Contudo, depois de ter afinado a forma após o Dauphiné, fez uma excelente Volta a França.

A Soudal - Quick-Step certamente não se importaria de repetir esse guião, mas ao que tudo indica, Evenepoel vai apresentar-se no Dauphiné 1,5 kg mais leve do que na mesma altura do ano passado. Esta diferença pode ser um sinal encorajador para as suas ambições na corrida, até porque, desta vez, pôde preparar-se especificamente para as montanhas, em contraste com o foco que dera às Clássicas da primavera.

Ainda assim, a quase dois meses da partida da Volta a França, é legítimo perguntar se Evenepoel não estará já com a sua forma física bastante apurada nesta fase. A gestão da forma será crucial para que não atinja o pico demasiado cedo.

Pela positiva, Evenepoel contará com o apoio de um trepador de excelência: Valentin Paret-Peintre, um reforço valioso quando o terreno empinar e que poderá ser determinante nas etapas de montanha mais decisivas.

A corrida contará com um pelotão recheado de trepadores de topo, muitos deles a utilizar este importante compromisso como preparação para a Volta a França, mas também motivados a lutar por um resultado de prestígio numa das provas chave do calendário.

Matteo Jorgenson chega com a companhia de Florian Lipowitz, segundo classificado na Paris-Nice, e o jovem alemão tem mostrado uma consistência tal que um lugar no pódio aqui é perfeitamente plausível. Para o Tour, o cenário mais provável para Lipowitz será uma co-liderança com Jorgenson.

Na Movistar, Enric Mas assumirá a liderança, embalado pela sua melhor primavera de sempre. Mattias Skjelmose também surge como nome forte, depois de bater Tadej Pogacar e Remco Evenepoel na Amstel Gold Race, somando essa vitória à sua reconhecida qualidade como trepador e no contrarrelógio.

Carlos Rodríguez, vencedor da etapa rainha desta corrida no ano passado, comandará as ambições da INEOS Grenadiers. Já a Bahrain-Victorious aposta numa dupla de luxo: Santiago Buitrago e Lenny Martínez, ambos com exibições impressionantes em subidas durante a primavera e agora com oportunidade de se testarem frente a adversários que encontrarão na Volta a França.

Entre os candidatos à classificação geral, nomes como Eddie Dunbar, Max Poole, Harold Tejada e Guillaume Martin também merecem atenção, numa corrida que se promete intensa e seletiva desde os primeiros metros.

 

Previsão - Classificação Geral Critérium du Dauphiné 2025:

 

*** Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard

** Remco Evenepoel, Matteo Jorgenson, Florian Lipowitz

* Santiago Buitrago, Lenny Martínez, Carlos Rodríguez, Mattias Skjelmose, Enric Mas, Eddie Dunbar, Max Poole, Harold Tejada

Escolha: Tadej Pogacar

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