Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Chegou finalmente a semana da
Volta à Itália de 2025. A primeira Grande Volta da temporada arranca já esta
sexta-feira, 9 de maio, com uma edição que promete emoção e equilíbrio desde o
primeiro dia. Sem nomes como Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard ou Remco Evenepoel
no alinhamento, a luta pela Camisola Rosa está mais aberta do que nunca.
O grande favorito à vitória é
Primoz Roglic, mas o esloveno enfrentará uma oposição feroz, sobretudo vinda da
UAE Team Emirates – XRG, que apresenta a dupla Juan Ayuso e Adam Yates como
líderes. No entanto, a ausência de João Almeida levanta dúvidas e provoca
alguma perplexidade entre adeptos e analistas. Terá a UAE cometido um erro
estratégico ao deixar de fora o português, que atravessa a melhor fase da sua
carreira?
A sensação que começa a
emergir é clara: a formação da Emirates poderá já estar a lamentar esta
decisão. Com Almeida, o caminho para a vitória na geral poderia estar mais bem
pavimentado do que com Ayuso e Yates, ambos talentosos, mas menos consistentes em
corridas de três semanas.
Uma
temporada irrepreensível
João Almeida tem apresentado,
em 2025, um nível de excelência raro. O português afirmou-se definitivamente
como um dos mais completos ciclistas do pelotão, com um alto nível tanto nas
subidas como nos contrarrelógios. Vem de duas vitórias consecutivas em corridas
por etapas do WorldTour: a Volta ao País Basco e a Volta à Romandia, ambas
conquistadas com autoridade e maturidade tática.
Antes disso, tinha sido
segundo na Volta à Comunidade Valenciana e na Volta ao Algarve, além de um
excelente sexto lugar no Paris-Nice, onde venceu uma etapa frente a Jonas
Vingegaard. A regularidade e o crescimento exibidos nos últimos meses confirmam
o que muitos já previam: Almeida está no pico da sua forma. Também tem sido
notória uma mudança da postura de João Almeida durante as corridas, talvez
reflexo daquilo que seja a mudança de métodos de treino e de um aumento de
confiança que tem sentido.
João Almeida não se tem
deixado descair no pelotão como em tempos o fazia, que muitas vezes o obrigava
a fazer grandes recuperações que depois ficaram celebremente conhecidas por
"Almeidadas". Em vez disso temos visto um João com uma postura mais
ativa nas corridas, sem medo de atacar e com capacidade para sufocar a
concorrência antes sequer de terem hipótese de o atacar. Esta evolução faz-nos
crer que o João está pronto para demonstrar um outro nível no que diz respeito
a Grandes Voltas.
Um
histórico de excelência no Giro
A escolha da UAE Team Emirates
torna-se ainda mais difícil de compreender quando se olha para o histórico de
Almeida na Volta à Itália. Em quatro participações, o português foi sempre
protagonista:
2020: 4.º na geral, depois de
vestir a Camisola Rosa durante 15 dias.
2021: 6.º lugar, após
recuperar terreno na última semana.
2022: abandono na 18.ª etapa,
quando ocupava o 4.º posto da geral.
2023: 3.º classificado, com
uma vitória de etapa no Monte Bondone.
Mesmo quando ainda não estava
tão consolidado como ciclista de elite, o luso foi um nome constante na luta
pela geral. Em 2025, com um nível claramente superior, teria legítimas
aspirações à vitória final.
Uma
oportunidade desperdiçada?
Com Tadej Pogacar focado
exclusivamente na Volta a França, onde Almeida será o seu principal apoio nas
montanhas, a Corsa Rosa parecia ser o cenário ideal para o português assumir,
pela primeira vez, a liderança absoluta numa Grande Volta. No entanto, a UAE
optou por Ayuso e Yates, dois ciclistas de grande nível, mas que ainda não
mostraram a mesma consistência em provas de três semanas.
Mais preocupante ainda, é o
facto de não se prever espaço para Almeida na liderança da Vuelta, que deverá
voltar a contar com Pogacar. Ou seja, 2025 pode passar sem que a equipa da
Emirates aproveite aquele que é, até agora, o melhor momento desportivo da
carreira de João Almeida.
Numa temporada em que se
exigia mais ousadia e visão estratégica, a UAE pode ter perdido uma
oportunidade única de conquistar a Camisola Rosa com um corredor que, ano após
ano, mostrou ser um dos homens mais fiáveis do pelotão internacional.
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