Uma pandemia que pode acabar com a modalidade?
Por: José Morais
Foto: Notícias do Pedal
O cicloturismo já possui
algumas décadas em Portugal, a modalidade que junta o turismo e a bicicleta, transformou-se
em “Cicloturismo”, uma atividade lúdica, desportiva e recreativa onde os seus
praticantes podem conviver em grandes convívios.
A liberdade de andar de
bicicleta, o de conhecer novos locais, novas gentes, fizeram do cicloturismo
uma modalidade amada por muitos, nos anos quarenta e cinquenta, iniciam-se os
primeiros passeios de bicicleta, nos anos setenta intensificou-se, e a partir
de 1974, começam a surgir regularmente alguns passeios de cicloturismo lançados
pelo então Aristides Martins, um ciclista de renome.
Com a chegada dos anos oitenta, chega uma grande clássica, o tradicional Caldas /Espanha pela mão de Mário Lino, e a partir dai existe uma explosão de bicicletas na estrada, com muito passeios a serem realizados, e o cicloturismo a explodir.
O cicloturismo, foi uma
modalidade que serviu para muita coisa, foi a modalidade de onde saíram
ciclistas para a competição, pelo incentivo ao uso da bicicleta, serviu para
promover câmara municipais, juntas de freguesia, eleições, políticos e um sem
fim de outras iniciativas.
A modalidade e os passeios,
também foram motivo para tirar jovens da rua, evitar que tivesses outros
vícios, com pessoas que se dedicaram a andar de bicicleta, e acabaram com
vícios que tinham, o caso do alcoolismo de que dependiam muitos, foram muitas
dessas pessoas que levaram o cicloturismo ao seu ponto mais alto, e aos seus
dias de ouro, foram eles que fizeram a modalidade ser uma das mais praticadas
com a bicicleta em Portugal.
Existiam muitos participantes
individuais, e foram formados muitos clubes, e associações por esse Portugal
fora, muitos apoiados pelas câmaras municipais ou juntas de freguesias,
empresas que davam apoio, ou que até formaram equipas dentro das suas empresas,
tudo corria bem em redor da modalidade.
Infelizmente, alguma crise surgida há uns anos atrás, o desemprego, os apoios cortados pelas empresas, ou autarquias, e ainda a febre do btt, deu origem a que muitas equipas ficassem pelo caminho, e muitos passeios, alguns já considerados como clássicas, deixassem de se realizar e acabassem, uma nota negativa para o cicloturismo.
Com calendários muito
preenchidos de norte a sul, organizados por clubes, associações ou autarquias,
muitas das vezes com datas a sobreporem-se umas em cima de outras, com diversos
passeios a realizarem na mesma zona nos mesmos dias, faltava organização, e
coordenação, nesses passeios, o que também deu origem ao abandono de muitos
amantes da modalidade, tendo por opção outras alternativas, não esquecendo que
muitos se iniciaram há diversos anos, também foram envelhecendo e a preparação
e condições físicas já não eram as mesmas.
Mas, o cicloturismo estagnou e
não avançou, existiam outros interesses, não se fizeram mudanças na modalidade,
não se criaram novos eventos, não se apresentaram novidades que alicia-se novos
amantes para a modalidade, e acima de tudo esqueceram-se todos aqueles que
levaram o cicloturismo ao seu ponto mais alto, aqueles que hoje são
considerados de velhos barrigudos, chatos e rabugentos, os cicloturistas que
levaram a modalidade de norte a sul do país, e além fronteiras, onde muitos
carolas nunca baixaram os braços e tentaram continuar o seu trabalho.
Como amante da modalidade que sou, defensor da mesma, das milhares linhas que já escrevi e fotos que tirei sobre cicloturismo, depois de praticamente dois anos parada a mesma, sem saber o que se vai passar em 2022, coloco a questão, será que voltaremos novamente a ter passeios de cicloturismo na estrada, verdadeiros passeios de bicicleta, não alguma espécie de passeios como os que se realizaram esporadicamente em 2021 sem fundamento, para cumprir alguns compromissos para justificar trabalho feito e alguns apoios.
Muitos infelizmente são os que
vão deixar de participar, muitas são as associações e clubes que já foram extintos,
os apoios sem dúvida irão acabar ou serem muitos reduzidos pela parte das
autarquias, já que as imensas despesas provocadas pela pandemia, e não havendo
eleições a curto espaço de tempo, assim, dá origem a isso, e todos aqueles que
ainda se mantém e esperam dias melhores, será que terão condições para
continuarem, será que conseguem apoios, porque quando voltarem a iniciar os
seus passeios, se não tiverem apoios não vão conseguir, as despesas são
imensas, já que com os aumentos atuais vai ser difícil continuar, e mesmo com a
força de vontade de muitos e a sua carolice, não irão ter se calhar novamente
oportunidades.
Não quero ser negativo, mas
temos de ser realistas, se os passeios se iniciarem outra vez, antes de julho
ou agosto não deverá de certeza haver autorizações para se fazerem os mesmos,
já que com a atual situação novamente da pandemia, será muito difícil.
E se tudo normalizar, será a
partir do meio do ano que poderemos ter então os verdadeiros passeios, e
começarmos a entrar então na normalidade, caso isso não normalize, três anos sem
a modalidade na estrada, mesmo com os verdadeiros carolas que nos últimos anos
tem desenvolvido a modalidade e a tem promovido, onde eu também me incluo, poderá
então ser o fim da mesma, para tristeza de muitos que acreditaram e acreditam muito
no cicloturismo.
Tenhamos esperança, e
esperemos que tudo fique bem, porque o fim do cicloturismo será uma das perdas
mais importantes para muitos.
Viva o cicloturismo.
Sem comentários:
Enviar um comentário