Por: José Carlos Gomes
Nelson Oliveira e Rafael Reis
abrem, neste domingo, a participação nacional no Campeonato do Mundo de
Estrada, que decorre, até dia 26, na região belga da Flandres.
Os dois portugueses integram a
lista de inscritos no contrarrelógio individual para a categoria de elite, que
irá ligar a praia de Knokke-Heist, banhada pelo Mar do Norte, ao centro
histórico de Bruges. Para os milhares de adeptos que já enchem as esplanadas da
cidade de chegada, os 43,3 quilómetros de exercício individual prometem ser uma
festa e um excelente espetáculo. Para os corredores será quase uma hora de
sofrimento contínuo em cima da bicicleta, fazendo da gestão do esforço o maior
segredo para uma boa prestação.
Rafael Reis será o primeiro
português a ir para a estrada, tendo a partida marcada para as 13h59m30s.
Nelson Oliveira será um dos últimos inscritos a competir, deixando a rampa de
saída às 14h53m30s.
Nelson Oliveira já terminou
entre os dez melhores em mundiais de contrarrelógio em 2014, 2017, 2018 e 2019.
O objetivo em 2021 é voltar a colocar-se no lote da melhor dezena de
especialistas mundiais. O percurso totalmente plano não favorece o anadiense,
mas a longa distância dá esperança ao representante de Portugal, porque faz com
qua inteligência de corrida e a correta gestão das capacidades tenham uma
palavra a dizer no resultado final.
“É um contrarrelógio com a distância habitual em Campeonatos do Mundo. É completamente plano, sem outras dificuldades. Vai ser necessário gerir muito bem para não perder muito tempo na parte final. Não vou pensar demasiado nos tempos intermédios, guardando forças para fazer uma parte final mais rápida. O vencedor será um contrarrelogista puro, um rolador possante. Pessoalmente, parto com o objetivo de fazer um resultado semelhante aos que tenho conseguido. A ambição é o top 10. Estou cá para dar tudo o que tenho no sentido de oferecer um bom resultado a Portugal”, afirma Nelson Oliveira.
Rafael Reis estreia-se em
contrarrelógios de elite no Campeonato do Mundo, mas sendo um especialista na
disciplina e conhecendo-se bem, sabe o que terá de fazer para conseguir uma
prestação de qualidade. “Há alguns anos que
não faço um contrarrelógio tão longo. Serão mais de 50 minutos de esforço
contínuo. Sei o que consigo fazer em provas com esta duração. Será necessário
gerir bem na fase inicial, porque, não havendo zonas de descanso, não podemos
passar os limites no início, porque depois quebramos muito e isso é uma tortura
muito grande. Portanto, os primeiros dois terços da prova têm de ser muito bem
geridos para dar o máximo nos últimos 15 quilómetros”, explica o
palmelense.
Rafael Reis e Nelson Oliveira
foram reconhecer o percurso na manhã deste sábado. A prova vai desenrolar-se
numa zona atreita a ventos, porque começa perto do mar e atravessa muitas
estradas desabrigadas, ladeadas pela vegetação baixa típica dos campos de
cultivo e das pastagens. Hoje o vento não tinha grande intensidade, prevendo-se
que na tarde de domingo sopre com cerca de 10 km/h.
Mais influenciado pelo vento
poderá ser o contrarrelógio de elite feminina, pois as rajadas na altura da
corrida, na tarde de segunda-feira, poderão rondar os 20 km/h. A corrida contra
o tempo das mulheres também terá participação nacional. Daniela Campos, sub-23
de primeiro ano, fará o contrarrelógio mais longo da carreira até este momento,
30,3 quilómetros, com partida e chegada nos mesmos locais da prova masculina.
A corredora algarvia, que
regressa à competição depois de recuperada da Covid-19 que a impediu de
participar no Europeu de Pista para SUb-23, também reconheceu o percurso na
manhã deste sábado. “Nunca fiz um
contrarrelógio tão extenso. A chave será uma boa gestão do esforço ao longo da
corrida. Terei também de ter em conta o vento que se faça sentir. Não tenho
expectativas de resultados, mas sim de fazer um bom desempenho pessoal e de
ganhar experiência nesta disciplina. Como venho de um período longo sem
competir, falta-me algum ritmo. Até nisso o contrarrelógio será importante,
porque irá ajudar-me a ganhar algum ritmo para a prova de fundo”,
adianta Daniela Campos.
O selecionador nacional, José
Poeira, lembra que Portugal “não participa nas grandes competições apenas para
participar. Temos sempre a ambição de fazer bons resultados, sobretudo na
categoria masculina de elite, em que já temos uma boa experiência acumulada.
Sabemos que o contrarrelógio não tem o perfil que gostaríamos, por ser
totalmente plano. No entanto, é longo e a extensão é um ponto a favor do Nelson
Oliveira, cuja qualidade nos permite ambicionar um lugar nos dez primeiros. O
Rafael Reis, não estando rotinado em contrarrelógios tão longos, é um
contrarrelogista nato e acredito que fará um bom desempenho”.
Calendário
de corridas com participação portuguesa
19 de setembro, 13h30:
Contrarrelógio Elite Masculina: Knokke-Heist – Bruges, 43,3 km
20 de setembro, 13h40:
Contrarrelógio Elite Feminina: Knokke-Heist – Bruges, 30,3 km
21 de setembro, 13h55:
Contrarrelógio Juniores Masculinos: Knokke-Heist – Bruges, 22,3 km
24 de setembro, 7h15: Prova de
Fundo Juniores Masculinos: Lovaina – Lovaina, 121,8 km
24 de setembro, 12h25: Prova
de Fundo Sub-23: Antuérpia – Lovaina, 160,9 km
25 de setembro, 7h15: Prova de
Fundo Juniores Femininas: Lovaina – Lovaina, 75 km
25 de setembro: 12h20: Prova
de Fundo Elite Feminina: Antuérpia – Lovaina, 157,7 km
26 de setembro: 10h25: Prova
de Fundo Elite Masculina: Antuérpia – Lovaina, 268,3 km
Fonte: Federação Portuguesa
Ciclismo
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