Richard Freeman conheceu hoje a sentença, em Manchester
Por: Lusa
Foto: Instagram
O antigo médico da Sky e da
federação britânica de ciclismo Richard Freeman foi esta sexta-feira
considerado culpado de ter encomendado testosterona "sabendo ou
acreditando" que aquela substância proibida seria usada por um ciclista
para dopar-se.
"Considerando a
totalidade dos elementos de prova, o tribunal determinou que o Dr. Freeman encomendou
e obteve o Testogel sabendo ou acreditando que seria administrado a um atleta
para melhorar a sua performance desportiva", declarou o presidente do
Tribunal britânico dos profissionais médicos, Neil Dalton.
A sentença, pronunciada hoje
em Manchester, culmina uma investigação relativa à encomenda de 30 saquetas de
Testogel para o velódromo de Manchester em 2011, numa altura em que Richard
Freeman era o médico responsável na federação britânica.
"Tendo em conta a
amplitude da desonestidade do Dr. Freeman, o tribunal considerou a sua conduta
inverosímil de uma explicação inocente", prosseguiu Neil Dalton.
O médico reconheceu ter
encomendado a substância, cuja componente principal é a testosterona, mas negou
sempre tê-la comprado para administrá-la a um corredor, dizendo que esta era
destinada a tratar problemas de ereção do diretor técnico da federação Shane
Sutton, algo que o próprio negou.
Freeman, que trabalhou
simultaneamente para a equipa Sky (atual INEOS) e para a British Cycling entre
2009 e 2015, foi suspenso pela federação em 2017 e demitiu-se alegando estar
"demasiado doente" para enfrentar um castigo disciplinar por manter
registos médicos irregulares.
O tribunal decidirá na próxima
semana quais as sanções que serão aplicadas ao médico, nomeadamente se este
poderá continuar a exercer medicina. No mês passado, também a autoridade
antidopagem britânica acusou Freeman de duas violações das regras antidoping
relacionadas com a encomenda das saquetas de Testogel.
Esta não é, no entanto, a
única polémica relacionada com doping em que o médico esteve envolvido: em
2017, Freeman negou qualquer prática ilegal na Sky, reportando-se à entrega de
um misterioso pacote a Bradley Wiggins, vencedor da Volta a França de 2012, no
Critério do Dauphiné do ano anterior.
Numa carta de nove páginas
endereçada à comissão de Cultura, Media e Desporto do parlamento britânico,
Richard Freeman reiterou que o pacote entregue a Wiggins durante o Critério do
Dauphiné de 2011 continha o descongestionante legal Fluimucil, usado para
tratar crises de asma.
No entanto, o clínico
contrariou declarações de outros elementos da Sky, que diante da comissão
parlamentar garantiram que a equipa sempre teve uma conduta médica escrita.
"Em 2011, nenhuma equipa
tinha um regulamento médico escrito. Não era uma prática comum nas equipas
desportivas naquele momento. No início de 2012, o doutor Steve Peters e eu
introduzimos um protocolo básico de controlo dos medicamentos requisitados pela
Federação Britânica de Ciclismo. Esse protótipo evoluiu para uma conduta médica
escrita", pode ler-se no comunicado de Freeman.
O médico britânico lamentou
também não ter mantido os registos clínicos de Bradley Wiggins e de outros
ciclistas da equipa, que dominou o Tour nas últimas décadas.
"Aceito que seria desejável
ter guardado os registos médicos. Arrependo-me de não o ter feito",
assumiu Freeman, que alegadamente terá visto o computador, onde guardava os
dados relativos ao Critério do Dauphiné de 2011, roubado numas férias na Grécia
em 2014.
A entrega de um pacote
misterioso ao primeiro britânico a vencer o Tour foi alvo de uma grande
controvérsia, que levou a uma investigação por parte da agência britânica
antidopagem e do parlamento britânico, sem que nenhum dos envolvidos tenha sido
acusado.
Fonte: Record on-line
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