Ciclista português assume novos objetivos para a próxima temporada
Por: Lusa
Foto: Reuters
Ruben Guerreiro deixou de
alimentar-se de quartos, quintos e sextos lugares e quer agora focar-se em
ganhar corridas, após ter-se coroado como 'rei da montanha' da Volta a Itália,
algo inimaginável até nos seus melhores sonhos.
"Nem nos meus melhores
sonhos. Talvez sonhasse com uma vitória de etapa, mas camisola era
totalmente... não me passava pela cabeça. Foi uma adorável surpresa",
assume, em entrevista à agência Lusa, o ciclista da Education First, que nem
sabia que antes dele não tinha havido nenhum português a subir ao pódio final
de uma grande Volta como 'dono' de uma das camisolas.
Duas semanas após ter
regressado a Portugal, "estando em casa, mais calmo", o também
vencedor da nona etapa da 'corsa rosa' olha para a sua corrida e considera que
"não podia ter sido melhor". "Não trocava este tipo de corrida
por um sétimo, oitavo lugar da geral. Trocava se me tivessem perguntado antes
do Giro, mas, de facto, foi uma ótima performance. Foi, sem dúvida, um Giro bem
feito e foi das corridas que posso dizer que fiquei satisfeito comigo
mesmo", confessa o sempre auto-exigente Guerreiro.
Apesar de ter sentido que a
luta pela camisola azul estava 50% concluída quando o seu maior rival, o
veterano italiano Giovanni Visconti, desistiu, só mesmo quando terminou a
penúltima etapa e ficou apenas com o contrarrelógio de Milão para disputar deu
como certa a vitória na classificação da montanha, porque antes "estava
com um bocado de receio de alguma queda ou stress, porque o pelotão ainda
estava muito nervoso com a luta pela geral, e tudo pode acontecer no
ciclismo".
A conquista da 'maglia
azzurra' afigura-se ainda mais gratificante numa temporada revolucionada pela
pandemia de covid-19, que forçou o pelotão a uma paragem de quase seis meses, e
obrigou o ciclista de Pegões Velhos, no Montijo, a esforços redobrados.
"Eu tenho 26 anos, mas
talvez não tenha aquela disponibilidade física para atingir um pico de forma
como os ciclistas mais novos, como o Remco Evenepoel, como o João Almeida,
esses ciclistas todos que por aí aparecem. Digamos que eu sou mais a diesel, a
minha forma vem ao fim de muitos meses de trabalho.
Mesmo os seis meses parados,
eu estive sempre a treinar, treinava todos os dias. Este ano, mesmo sem
corridas até agosto, foi dos anos que mais treinei", revela, indicando que
no Tirreno-Adriático já se sentiu bastante bem, mas que foi no Giro que a sua
forma ideal chegou.
Após a glória na 'corsa rosa',
Ruben Guerreiro já aponta a novos objetivos: "As coisas vão-se levando
pouco a pouco, com calma, mas podemos dizer que vestir um dia a camisola do
arco-íris era uma coisa que era a concretização de uma excelente carreira.
Adoraria. É muito, muito difícil, temos grandes campeões no ciclismo mundial
que nunca o conseguiram, mas, sem dúvida, uma camisola arco-íris era
excelente...".
Na lista de metas mais imediatas
está, evidentemente, a estreia na Volta a França, com o ciclista luso a dizer
que vai pedir à Education First para estar no Tour. "Acho que a primeira
Volta a França é sempre mais complicada do que o Giro ou a Volta a Espanha. Se
tiver que trabalhar, trabalho. As coisas acontecem naturalmente, e se estiver
em boa forma, de certeza que irei ter uma oportunidade, e é nisso que me devo
focar", completa.
Guerreiro quer "dar mais
a conhecer às pessoas", nomeadamente a sua postura atacante, e "a
forma" como pode estar na média e alta montanha, e também quer estar bem
nas grandes Voltas e, "por que não, mostrar-me mais com vitórias",
embora exclua a possibilidade de ambicionar a um pódio numa dessas provas.
"Pódio é muito difícil.
Talvez mais tarde, um dia, com mais idade, maturidade e liberdade numa equipa,
por que não pensar no 'top 10'. Mas o futuro, nos próximos anos, vai ser estar
com um líder, ou em ser]um caça-etapas. Procuro sempre a minha liberdade nas
equipas, e têm-ma dado, mesmo sem ganhar corridas nos últimos anos, tenho tido
essa sorte", salienta, apontando também a corridas de uma semana, como a
Volta ao Algarve, o Paris-Nice ou o Tirreno-Adriático.
"Adoro levantar os
braços, e celebrar de 20 maneiras diferentes, porque eu já não me alimento de
quartos, quintos e sextos, acho que é sempre difícil realizar bons resultados,
e ganhar ainda mais, mas vou-me focar em ganhar corridas", promete.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário