Em mais um dia atípico de Volta a França, os ‘habitués’ das fugas abdicaram da sua última oportunidade para tentar uma vitória de etapa.
Soren Kragh Andersen (Sunweb) encontrou
novamente o ‘timing’ perfeito para escapar rumo à conquista da 19.ª etapa da
Volta a França, tornando-se num dos quatro ciclistas a ‘bisar’ nesta edição.
“No último quilómetro, dizia a
mim próprio: ‘Não é real, vou mesmo ganhar a segunda etapa no mesmo Tour,
enquanto outros ciclistas não vencem nenhuma?’”, revelou o dinamarquês de 26
anos, que copiou a papel químico a tática de há seis dias para surpreender os
seus já de si surpreendentes companheiros de fuga – alguns dos homens mais
velozes do pelotão - e imitar o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), o belga
Wout Van Aert (Jumbo-Visma) e o australiano Caleb Ewan (Lotto Soudal), todos
eles com duas vitórias em etapas.
O ciclista da Sunweb, uma das
formações que mais deslumbrou nesta ‘Grande Boucle’, quase foi apanhado
desprevenido pelos acontecimentos, como o próprio confessou após cortar a meta.
“O final da corrida aconteceu
mais cedo do que o esperado. O meu papel era seguir os ‘sprinters’ para a
equipa não ter de assumir a perseguição. Subitamente, formou-se um grupo de
corredores muito importante. Fiquei surpreso com a diferença importante que se
criou. O [Matteo] Trentin lançou um ataque e eu pensei que era aquele o meu
momento. Encontrei novamente o ‘timing’ perfeito. A vitória em Lyon deu-me
confiança, foi por isso que hoje pude atacar indo logo a fundo”, assumiu.
Em mais um dia atípico de
Volta a França, os ‘habitués’ das fugas abdicaram da sua última oportunidade
para tentar uma vitória de etapa, entregando a tarefa de animador dos 166,5 quilómetros
entre Bourg-en-Bresse e Champagnole ao francês Rémi Cavagna, que até foi
chamado à última hora pela Deceuninck-QuickStep para este Tour, para substituir
o lesionado Zdenek Stybar.
O campeão francês de
contrarrelógio saiu do pelotão ao quilómetro quatro e andou na frente a solo
até à entrada dos 50 quilómetros finais, quando houve uma ‘revolução’ na
corrida: após uma série de ataques, os ‘sprinters’ destacaram-se do pelotão,
formando uma inusitada fuga, num dia em que a chegada ao ‘sprint’ era mais do
que provável.
O eterno vencedor da
regularidade, Peter Sagan (Bora-hansgrohe), e o atual e provável vencedor da
camisola verde, Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep), lideraram um grupo de 12
ciclistas que construiu rapidamente uma vantagem superior a dois minutos para o
grupo do camisola amarela e restantes favoritos, que desistiu de perseguir –
chegou à meta 07.38 minutos depois do vencedor - e entregou a luta pela vitória
na etapa àqueles que já eram os expectáveis vencedores.
Soren Kragh Andersen tentou
repetir a fórmula ganhadora da 14.ª etapa, atacando na fuga, e, estranhamente,
a ‘jogada’ resultou. Perante a hesitação dos seus companheiros de escapada,
ganhou uma margem que, a 1.500 metros da meta, no momento em que gritou “tempo,
tempo” para o carro da sua equipa, era já de um minuto.
O 'meteórico' dinamarquês
cortou a meta com o tempo de 03:36.33 horas e pode festejar efusivamente antes
de ver Luka Mezgec ser novamente segundo, tal como tinha acontecido em Lyon. O
esloveno da Mitchelton-Scott bateu ao ‘sprint’ o belga Jasper Stuyven
(Trek-Segafredo), com os dois a chegarem a 53 segundos do vencedor, enquanto
Bennett (e também Matteo Trentin, da CCC) voltou a ser superior a Sagan,
conquistando mais pontos que tornam inevitável a sua subida ao pódio em Paris.
Na véspera do decisivo
contrarrelógio de 36,2 quilómetros entre Lure e a contagem de primeira
categoria de La Planche des Belles Filles, os homens da geral pouparam-se, com
as diferenças a serem exatamente as mesmas no final da etapa: o esloveno Primoz
Roglic (Jumbo-Visma) lidera com 57 segundos de vantagem sobre Tadej Pogacar,
enquanto o colombiano Miguel Ángel López (Astana) é terceiro, a 01.27 minutos.
Nelson Oliveira (Movistar), o
único português em prova e o maior especialista nacional de contrarrelógio, é
57.º da geral, a quase três horas do camisola amarela, mas pode ainda aspirar à
entrada no ‘top 50’ após um ‘crono’ em que os 5,9 quilómetros finais, com uma
pendente média de 8,5% de inclinação, são mais propícios a escaladores puros.
Fonte: Sapo on-line
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