Foram várias as figuras do
pelotão nacional que marcaram as principais fases da evolução do ciclismo
português, e das quais nos iremos ocupar neste capítulo, desde as proezas de
José Bento Pessoa, nos finais do Século XVIII, aos inesquecíveis José Maria Nicolau
e Alfredo Trindade, até aos históricos Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e Marco
Chagas.
Pelo meio ficaram Ribeiro da
Silva, a dinastia dominadora do FC Porto (dos Moreira, Dias Santos, Sousa
Cardoso, Mário Silva, José Pacheco, entre outros), os dois José Martins (o do
Benfica e o da Coelima), José Albuquerque (o popular “Faísca”), o “leão” João
Roque e os benfiquistas Peixoto Alves, Fernando Mendes e Francisco Valada, para
terminar em Joaquim Gomes, Fernando Carvalho, Jorge Silva, Orlando Rodrigues, Vítor
Gamito, Nuno Ribeiro e José Azevedo.
Todos eles estão envolvidos na
reconstituição, que a seguir fazemos, das breves biografias daqueles que
elegemos como principais marcos históricos da evolução do ciclismo português
MARCO CHAGAS
Nome completo: MARCO António
Martins CHAGAS Nascimento: 19 de Novembro de1956
Natural: Pontével
(Portugal)
Carreira: 1980 a 1990
Equipas em Portugal: Costa do
Sol (1976), Águias-Clock (1977,1978), LousaTrinaranjus (1979),
Puch-Sem-Campagnolo (1980), FC Porto-UBP (1981,1982), Mako Jeans (1983),
Sporting-Raposeira (1984,1985,1986,1987), Louletano-Vale de Lobo (1988,1989),
Orima (1990).
Equipas no estrangeiro:
Frimatic (1970), Hoover (1971), Marki-Bonanza (1972)
Destaques:
Marco Chagas ficará para
sempre ligado à história do ciclismo lusitano, por ser o único a ter vencido
quatro edições da Volta a Portugal (1982, 1983, 1985 e 1986). Vestiu a camisola
amarela 40 vezes. Características: Corredor completo que conseguia como ninguém
controlar a corrida, fazendo-o com classe e inteligência. Foi o grande nome do
nosso ciclismo nos anos 80, tendo, inclusive, participado em 2 Tours.
RECORDISTA DA
VOLTA
Marco Chagas é o recordista da
Volta, com quatro vitórias, marca que dificilmente será igualada por qualquer
dos anteriores vencedores ainda em actividade.
Chagas poderia ter chegado às
seis vitórias, e cinco delas consecutivas, se o controlo anti-doping não o
tivesse desclassificado em 1979 (a favor de Joaquim Sousa Santos) e afastado da
edição de 84, que Venceslau Fernandes veio a ganhar.
Foi, incontestavelmente, o
melhor ciclista da sua época, dominando o panorama da modalidade nos anos
oitenta, tendo registado algumas prestações valiosas no estrangeiro, com duas
presenças no 'Tour', em 80 (41º) e 84 (77º). Depois de terminada a sua
carreira, tem continuado no ciclismo, primeiro como técnico das equipas de
Santa Marta de Portuzelo e da Sicasal, e depois como comentador televisivo,
função que continua a desempenhar.
AUTO-RETRATO
«Comecei a correr aos 15 anos
na equipa da Casa do Povo de Pontével, a minha terra natal, disputando os
Campeonatos da FNAT nos anos de 1973/74. O meu primeiro ano de ciclista
federado foi em 1974 e comecei a correr como individual na categoria de
populares porque o Sporting não tinha essa categoria, mas eu já me encontrava
integrado na equipa.
No mesmo ano passei a junior
já ao serviço do Sporting, onde fiquei até a secção de ciclismo do clube ter
sido extinta em 1975. Depois corri uma
série de outras equipas, desde o Costa do Sol, em representação do qual
disputei, em 1976, a minha primeira Volta a Portugal, que foi ganha por Firmino
Bernardino e eu fiz o sexto lugar.
A seguir estive dois anos no
Águias de Alpiarça, passei depois o ano de 1979 no Lousa e no ano seguinte fui
para França com o Agostinho na equipa da Push, regressei a Portugal em 1981
para representar o FC Porto, onde continuei em 1982, tendo então conquistado a
primeira vitória na Volta a Portugal, que tornei a vencer em 1983 com a
camisola da Mako-Jeans.
O Sporting voltou ao ciclismo
em 1984, ano em que faleceu Joaquim Agostinho, e eu regressei ao Sporting para,
em 85 e 86, vencer de novo a Volta a Portugal. Em 1987, o Sporting voltou a
abandonar a modalidade e nos dois anos seguintes estive ao serviço do
Louletano/Vale do Lobo.
Terminei a minha carreira de
ciclista na equipa da Orima, em 1990.
Este foi o meu percurso no ciclismo, ao longo do qual, além de ter
vencido quatro Voltas a Portugal, fui cinco vezes campeão nacional de fundo e
uma vez campeão nacional de perseguição em pista. Ganhei várias etapas e
algumas corridas ‘clássicas’, nomeadamente o Porto-Lisboa, e no estrangeiro
tive duas participações na Volta a França (1980 e 1984), terminei qualquer
delas, a primeira em 41º e a segunda em 77º. Ganhei também a Volta da
Independência, no Brasil, e a Volta à África do Sul. Fiz ainda um 2º lugar na
Ronda da Hispanidade (1975). Pronto, foram estes os meus melhores resultados.
Encerrado o meu ciclo
competitivo no ciclismo, continuei ligado à modalidade, mas então na parte
técnica. Primeiro fui director-desportivo da equipa Tensai (91 e 92) e depois
na Sicasal (93, 94 e 95) e a partir de 1997 tenho desempenhado a função de
comentador na RTP, para que fui convidado. Espero continuar a fazer aquilo que
estou fazendo, na RTP se possível. De qualquer maneira pretendo continuar
sempre ligado ao ciclismo.» a) Marco
Chagas
PALMARÉS Amador
1976
Campeão de Portugal 6º na
Volta a Portugal, 3 etapas 2º na Ronda da Hispanidade
1977
5º na Volta a Portugal 1º no
GP Clock
1978
1º no Rapport Toer (África do
Sul) 1º nos 150 km do Troféu Unisol 2º no GP Clock 2º no GP Duas Rodas 3º no Lisboa-Alpiarça
1979
3 etapas na Volta a Portugal
1º no Circuito da Mealhada 3º no GP Sumol 3º na Volta ao Oeste Profissional
1980
41º no Tour de France 43º no
Dauphiné-Liberé
1981
Campeão de Portugal por Equipas
8º na Volta a Portugal
1982
1º na Volta a Portugal, 2
etapas Campeão Nacional Campeão de Portugal por Equipas
1983
1º na Volta a Portugal, 3
etapas Campeão de Portugal por Equipas 1º na Clássica Porto-Lisboa 1º na Volta
ao Minho 1º no Circuito da Marinha
Grande 1º na Volta à Madeira 1º no Circuito de Rio Maior 3º no Campeonato Nacional 1984 1º na Volta ao Alentejo, 1 etapa 3 etapas na Volta a Portugal 1 etapa na Volta ao Algarve 1 etapa no GP Jornal de Notícias 77º no Tour de France
1985
1º na Volta a Portugal, 3
etapas Campeão Nacional de Estrada, 1º no GP dos Orgãos da Comunicação Social,
1 etapa no GP de Loures, 1 etapa no GP de Gaia, 1º no Circuito da Malveira, 1º
no Circuito do Cartaxo, 1º em Prova Nacional de Contra-relógio, 2º na Volta ao
Algarve, 2 etapas + Montanha e Pontos, 8º na Clássica Porto-Lisboa, 8º na Prova
de Aniversário Fundação da UVP/FPC (Ciclo-Cross) 30º na Vuelta ao País
Basco
1986
1º na Volta a Portugal, 4
etapas 1º no GP do Minho, 3 etapas 2º na Volta ao Algarve 3º no GP de Torres
Vedras
1987
1 etapa na Volta a Portugal, 1
etapa no GP O Jogo, 1 etapa na Volta à Vila da Feira, 1 etapa na Clássica
Matosinhos-Régua, 1 etapa no GP Abimota, 1º no Carnide-Almoçageme, 1º no
Circuito de Altina, 4º no Campeonato Nacional de Estrada.
1988
Campeão Nacional de
contra-relógio por Equipas, 1 etapa no GP do Minho, 2º na Semana Algarvia, 1
etapa 2º na Volta a Santa Maria da Feira, 3º na Volta ao Alentejo, 5º no
Campeonato Nacional de Montanha
1989 1 etapa no GP Correio da
Manhã, 2º na Volta ao Alentejo, 1 etapa 1 etapa no GP do Minho, 1 etapa no
Troféu Joaquim Agostinho, 1 etapa no GP Costa Azul, 3º no Campeonato Nacional
de contra-relógio por Equipas, 10º na Volta a Portugal.
1990
1 etapa na Volta ao Alentejo,
1º no Circuito da Marinha Grande, 3º na Clássica Porto-Lisboa, 5º na Volta a
Portugal
Fonte: FPC
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