Foram várias as figuras do
pelotão nacional que marcaram as principais fases da evolução do ciclismo
português, e das quais nos iremos ocupar neste capítulo, desde as proezas de
José Bento Pessoa, nos finais do Século XVIII, aos inesquecíveis José Maria Nicolau
e Alfredo Trindade, até aos históricos Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e Marco
Chagas.
Pelo meio ficaram Ribeiro da
Silva, a dinastia dominadora do FC Porto (dos Moreira, Dias Santos, Sousa
Cardoso, Mário Silva, José Pacheco, entre outros), os dois José Martins (o do
Benfica e o da Coelima), José Albuquerque (o popular “Faísca”), o “leão” João
Roque e os benfiquistas Peixoto Alves, Fernando Mendes e Francisco Valada, para
terminar em Joaquim Gomes, Fernando Carvalho, Jorge Silva, Orlando Rodrigues, Vítor
Gamito, Nuno Ribeiro e José Azevedo.
Todos eles estão envolvidos na
reconstituição, que a seguir fazemos, das breves biografias daqueles que
elegemos como principais marcos históricos da evolução do ciclismo português
ALVES BARBOSA
Nome completo: António da
Silva ALVES BARBOSA Nascimento: 24.12.1931, faleceu 29.09.2018.
Naturalidade: Fontela-Vila
Verde (Figueira da Foz) Carreira: 1951 a
1961 Equipas em Portugal: Sangalhos(1951 a 1961) Equipas no estrangeiro: Rochet-Dunlop (1955,
1956, 1957), Celta d'Alessandro (1958, 1959), Rapha-Gitane (1960),
Rochet-Dunlop (1961). Treinador do Benfica: 1962. Director-Técnico Nacional:
1975 a 1978 e de 1989 a 1992.
Destaques:
Foi o primeiro ciclista a
vencer três edições da Volta a Portugal (1951, 1956 e 1958), duas delas, a
primeira e a terceira, sempre de amarelo do primeiro ao último dia. Vestiu a
camisola amarela 63 vezes e venceu duas vezes a classificação por pontos. Foi
também recordista de vitórias de etapas na Volta a Portugal: 34
Foi o primeiro português a
entrar no top-ten do ‘Tour’ de França, ao terminar no 10º lugar em 1956.
Foi comentador da RTP nos anos
de Joaquim Agostinho no ‘Tour’ de França. Seu pai, José Alves Barbosa, foi
ciclista nos anos 30/40, conhecido pela alcunha de ‘Rei dos Furos’.
Vive em Montemor-o-Velho desde
os 3 anos de idade. É casado com uma professora de Filosofia e pai de dois
filhos.
Condecorações: Medalha da
Juventude e Desportos de França, Medalha de Mérito Desportivo, Sócio de Mérito
da UVP-F.P.C.
ABRIU AOS PORTUGUESES
AS PORTAS DO 'TOUR'
António Barbosa, mais
conhecido por Alves Barbosa (Alves 'herdado' do pai, que também foi ciclista),
é uma das figuras lendárias do nosso ciclismo tendo sido superado apenas pelo
campeoníssimo Joaquim Agostinho. Foi ele que, às três vitórias na Volta a
Portugal e aos títulos de campeão nacional de fundo, de velocidade (pista) e
até em ciclo-cross, juntou a proeza de ter aberto aos portugueses as portas do
'Tour' de França com um histórico 10º lugar (1956).
Teve estreia auspiciosa na
Volta a Portugal em 1951, pois, com apenas 19 anos de idade, tornando-se no
mais jovem vencedor de sempre da grande prova, envergando a camisola amarela do
primeiro ao último dia.
Só em 1956 viria a averbar
segunda vitória, porque, em 1952 foi chamado a cumprir o serviço militar,
cabendo, nesse ano, a vitória a Moreira de Sá, em 1953 e 1954, não se realizou
a Volta, e em 1955, a agressão, de que foi vítima no último dia, nos arredores
do Porto, proporcionou a vitória a Ribeiro da Silva, tendo terminado no 3º
lugar.
A terceira vitória, a da 'vingança', ocorreu
em 1956, em luta com adversários
da elevada craveira como Dias
Santos (vencedor em 49 e 50), Luciano de Sá, Moreira de Sá e o seu rival
Ribeiro da Silva que, em 1957 conseguiu uma vitória 'limpa', conformando-se
Alves Barbosa com o 4º lugar, modesta classificação de que se ressarciu em
1958, outra vez vestindo a amarela do primeiro ao último dia, já sem a presença
de Ribeiro da Silva tragicamente falecido, três meses antes, vítima de desastre
de viação, quando se encontrava contratado pelo Benfica. Vestiu a camisola
amarela na Volta a Portugal em 63 vezes.
Entre a sua terceira vitória,
em 1958, e o advento de Joaquim Agostinho, a Volta registou os seguintes
vencedores: Carlos Carvalho (1959), Sousa Cardoso (1960), Mário Silva (1961),
José Pacheco (1962), João Roque (1963), Joaquim Leão (1964), Peixoto Alves
(1965), Francisco Valada (1966), Anton Houbrecht (1967), Américo Silva (1968) e
Joaquim Andrade (1969), este último por desclassificação de Joaquim Agostinho
apanhado no controlo anti-doping.
No plano internacional marcou
posição de grande relêvo, tendo sido o primeiro português a entrar no 'top-ten'
do 'Tour' de França com um excelente 10º lugar em 1956. Registou mais duas
presenças no 'Tour', obtendo o 76º lugar em 1958 e 65º em 1960.
Nas três edições da 'Vuelta' a
Espanha que concluiu classificou-se sempre entre os vinte primeiros: 17º em
1957; 16º em 1958 e 18º em 1961.
Disputou inúmeras corridas
além-fronteiras de entre as quais destacamos o 4º lugar no Madrid-Porto (1951),
o 5º na Volta a Marrocos (1952) e a vitória na Clássica 9 de Julho, no Brasil
(1955).
Após terminar a sua carreira
continuou sempre ligado ao ciclismo, primeiro como técnico da equipa do Benfica
nos anos 60, e depois como DirectorTécnico Nacional (de 75 a 78 e de 82 a 92) e
é um dos prelectores oficiais dos cursos de formação da União Ciclista
Internacional.
Foi ainda comentador de
televisão na RTP nos tempos memoráveis das participações de Joaquim Agostinho
no 'Tour' de França.
PALMARÉS
1950 Campeão Nacional de
Juniores
1951 1º na Volta a Portugal, 1
etapa 1º no Circuito da Malveira 4º no Madrid-Porto
1952 5º na Volta a Marrocos, 1
etapa 7 vitórias na Venezuela
1953 1º no Circuito da
Malveira
1954 Campeão Nacional de Fundo
Campeão Nacional de Velocidade
1955 Campeão Nacional de
Velocidade 1º na Clássica 9 de Julho (Brasil) 1º na Volta ao Sul do Save
(Moçambique) 3º na Volta a Portugal, 6 etapas 1º no Circuito da Malveira
1956 1º na Volta a Portugal,
10 etapas Campeão Nacional de Fundo Campeão Nacional de Velocidade 1º em
Arageyez (Brasil) 8º nos Quatro dias de Dunquerque 10º no Tour de France
1957 1º no Prémio do Porto 1º
no Prémio de Lisboa 1º no Circuito da Curia 4º na Volta a Portugal 17º na
Vuelta a España 24º no Paris-Nice
1958 1º na Volta a Portugal, 8
etapas Campeão Nacional de Velocidade 1 etapa no Porto-Viseu-Porto 1º no
Circuito dos Campeões (Figueira da Foz) 1º no Circuito da Curia 1º no Circuito
de Grândola 1º no Circuito de Alpiarça 2º no GP Ribeiro da Silva 16º na Vuelta
a España, 2º numa etapa 76º no Tour de France
1959 Campeão Nacional de
Velocidade 1º no GP Cidla, 3 etapas 7 etapas na Volta a Portugal 1º no GP
Vilar, 4 etapas 1º no Criterium de Narbonne, França 1º no Circuito da Malveira 1º
no Circuito de Rio Maior
1º no Circuito de Vila da
Feira 1º no Circuito de Fafe 1º no Circuito de Santo Tirso 1º no Circuito das
Vindimas 1º no Circuito de Alenquer 1º no Circuito de Famalicão 4º na Clássica Porto-Lisboa
1960 Campeão Nacional de
Ciclo-Cross 1º no GP Vilar, 4 etapas 5º na Volta a Marrocos, 2 etapas 1º no GP
Cidla 1º no Circuito da Malveira 1º no Prix de Pourdes 65º no Tour de
France
1961 Campeão Nacional de
Ciclo-Cross 18º na Vuelta a España, 1 etapa 1 etapa na Volta a Portugal 1 etapa
na Vuelta a Andaluzia 1º no Circuito de Vila da Feira 1º no Circuito dos
Campeões (Figueira da Foz) 2º no Campeonato Nacional de Fundo 2º no GP de Sintra 31º no Paris-Nice
Fonte: FPC
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