O
português Rui Costa fez mais uma corrida brilhante, hoje, na prova de fundo
para elite do Campeonato do Mundo de Estrada, na região inglesa de Yorkshire,
terminando na décima posição, a 1m10s do vencedor, o dinamarquês Mads Pedersen.
A
viagem, entre Leeds e Harrogate, teve 261,8 quilómetros, quase menos 20
quilómetros do que estava previsto. A alteração deveu-se às condições
meteorológicas, com muita chuva e frio, que levaram a organização a anular duas
das três subidas que deveriam ser ultrapassadas antes do circuito de Harrogate.
Em contrapartida, os corredores deram nove voltas ao circuito e não as sete
estabelecidas inicialmente.
A
alteração do traçado fez com que a corrida acabasse por ser diferente do
esperado, com um numeroso pelotão a entrar nos arruamentos de Harrogate. O que
não se modificou foi a forma de correr de Rui Costa, sempre bem colocado no
pelotão principal, na luta por um lugar entre os melhores.
A corrida
foi lançada apenas no circuito urbano. Logo na primeira das nove voltas foi
anulada a fuga de doze elementos que comandava a prova praticamente desde a
partida. O pelotão compacto não significou uma corrida fácil. O ritmo foi sendo
endurecido e muitos corredores foram sucumbindo à intensidade da corrida, ao
frio e à chuva persistente.
Depois
de terem trabalhado na fase inicial em prol do coletivo, José Gonçalves, Nelson
Oliveira e Rui Oliveira abandonaram a corrida. A cerca de 80 quilómetros do fim,
a Equipa Portugal ficava com Rúben Guerreiro e com Rui Costa em prova. A 40
quilómetros da chegada foi a vez de Rúben Guerreiro não resistir, sendo um dos
149 desistentes.
“Tive
pena de, mais uma vez, não terminar o Mundial, mas era impossível. Trabalhei
bastante para ajudar a colocar o Rui, ainda antes do circuito. Apesar de as
sensações serem boas, a dada altura senti-me completamente vazio e não consegui
seguir no grupo”, explica Rúben Guerreiro.
A
corrida foi verdadeiramente atacada a 65 quilómetros do final, quando o suíço
Stefan Küng e o estadunidense Lawson Craddock se isolaram, recebendo, 20
quilómetros adiante, a companhia de Mads Pedersen, Mike Teunissen e Gianni
Moscon. Craddock cedo perdeu o contacto com a frente, o mesmo acontecendo a
Teunissen.
A 33
quilómetros do final deu-se a movimentação que revolucionou a prova. O holandês
Mathieu van der Poel, grande favorito, atacou e levou na roda Matteo Trentin.
Formou-se, então, uma frente de corrida com os Trentin, van der Poel, Moscon,
Küng e Pedersen. O representante da Holanda, com a impulsividade que se lhe
reconhece, fez a maior parte das despesas e deixou o pelotão a uma distância
irrecuperável, apesar dos esforços da Bélgica, que serviram para reduzir o
grupo principal, de onde nunca saiu Rui Costa, sempre atento e bem colocado,
apesar de já não ter companheiros de equipa.
À
entrada para a última volta, Mathieu van der Poel pagou caro o esforço até
então despendido, ficando para trás. Gianni Moscon foi o sacrificado de Itália,
levando o grupo enquanto pôde, de modo a deixar Matteo Trentin na discussão do
título. A luta pela camisola arco-íris foi a três. Mads Pedersen impôs-se ao
fim de 6h27m28s (média de 40,370 km/h), seguindo-se Trentin, com o mesmo tempo,
e Stefan Küng, a 2 segundos. O eslovaco Peter Sagan adiantou-se ao grupo
principal sendo quarto, a 45 segundos. Rui Costa chegou no grupo seguinte,
sendo décimo classificado, a 1m10s do vencedor.
Este
é o quarto top 10 do poveiro em provas de fundo do Mundial: venceu em 2013, foi
nono em 2015, décimo em 2018 e em 2019. “Foi preciso estar muito forte
psicologicamente para encarar um Mundial como este, porque foi um dia de muita
chuva e frio. Durante uma prova tão longa como esta, muitas coisas nos passam
pela cabeça. As sensações foram boas no início, mas a meio não estava tão bem.
Foi preciso ultrapassar esses momentos mais difíceis, esse sofrimento, para
chegar melhor aos últimos quilómetros. A corrida fez-se muito dura com o frio e
com a chuva”, afirma Rui Costa.
O
corredor português preferia que o percurso não tivesse sido alterado. “O
traçado previsto iria ser muito mais duro, talvez deixando mais cedo para trás
alguns corredores que chegaram aqui na frente. Em todo o caso, um Mundial é
sempre duro e hoje viu-se o quão difícil é estar com os melhores. Fico contente
com mais este top 10. Sempre que venho à Seleção tento estar nas melhores
condições para representar o país, penso que voltei a dignificar as cores de
Portugal”, conclui o campeão mundial de 2013.
O
selecionador nacional, José Poeira, ficou com a sensação do dever cumprido na
prova de fundo para elite. “Nos últimos anos partimos sempre com a ambição de
ficar nos dez primeiros e hoje, mais uma vez, conseguimo-lo. A corrida
tornou-se muito dura, devido às condições climatéricas. Muitos corredores que
vinham para ganhar acabaram por desistir. Nós resistimos. Foi pena aquela fuga,
que nos tirou alguns lugares. Apesar de os colegas terem ajudado o Rui Costa em
determinada fase da corrida, ele ficou sozinho durante muito tempo. Nessa circunstância
não podia ter feito mais do que fez. Esteve muito bem”, salienta José Poeira.
Fonte:
FPC
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