Por:
Ana Paula Marques
Foto:
Filipe Farinha
José
Azevedo nega a existência do denominado doping mecânico na sua equipa, a
Katusha, e também não acredita que o haja nas outras equipas do World Tour.
"Existem bicicletas elétricas que são do conhecimento público e estão à
venda. Logicamente têm um motor introduzido. Quanto às outras, de competição,
não credito que existam no ciclismo de alta competição", disse-nos o
manager da formação russa, referindo que o controlo, seja interno, seja o
realizado pelo União Ciclista Internacional (UCI), também não deixa margem para
batotas.
"Há
um sistema da UCI, de pequenos aparelhos, tablets, que começou a ser testado o
ano passado. Verificam-se as bicicleta, à partida e no final das etapas,
essencialmente nos contrarrelógios. Há dois, três anos, introduzia-se um tubo
no selim para detetar qualquer mecanismo, agora, são aparelhos com sensores que
fazem esse trabalho". Depois há as regras das equipas, que impedem mesmo
que qualquer ciclista, à revelia, possa pensar em usar motor. "O material,
bicicletas, rodas e componentes, é todo das equipas. Nenhum ciclista traz uma
roda, uma bicicleta que não seja propriedade das equipas. E todas têm contratos
com marcas de bicicletas, patrocinadores e respeitam isso. Finalmente temos os
mecânicos, que são mecânicos da equipa, e não deste ou daquele
ciclista...".
A
mesma opinião tem Hélder Gomes, um dos dois mecânicos portugueses na
Cannondale. O outro é Jorge Queirós. "Não acredito que existe qualquer
sistema no World Tour e mesmo nas equipas portuguesas. Talvez entre os
cicloturistas...", frisou. "Não estou a imaginar colocarem-se em
causa as marcas das bicicletas e no nosso caso até a equipa tem o nome de uma
delas. Não acho que coloquem em causa o prestigio".
Mas
o mecanismo dá vantagem a quem o usa? "Não creio que dê entre os que andam
ao mesmo nível", rematou Hélder Gomes, há dois anos na Cannondale.
Foco
negativo
Em
suma, José Azevedo diz que o ciclismo sempre foi uma modalidade alvo para
considerações negativas. "Dá-se demasiada importância a notícias que não
merecem esse destaque. Deve-se, sim, é falar da parte desportiva. Chega-se a um
ponto que nos questionamos: ‘Afinal já não se pode ganhar’. Sempre que alguém o
faz, em vez de se destacar a capacidade física, o trabalho que foi feito, os
sacrifícios, o empenho, destacam-se outras coisa. Parece que já não se pode
ganhar, é preferível ser sempre segundo. Temos de ser nós, os da modalidade, os
primeiros a descredibilizar todo este tipo de noticias". E como se faz
isso? "Afirmando, mostrando como se trabalha nas equipas. Estamos aqui
agora no contrarrelógio e todos podem ver os mecânicos a trabalhar, a trocarem
rodas, a ver os andamentos, ver até o controlo às bicicletas que se faz à
partida. Já é uma prática usual o controlo surpresa e por exemplo no
contrarrelógio, vem um comissário e faz um scaner às bicicletas. Já é uma prática
habitual, mais intensificada nos dois últimos anos".
José
Azevedo finaliza, afirmando que não faz "ideia de como funciona o tal
sistema, não me vou preocupar com o assunto, há coisas mais importantes".
Fonte:
Record on-line
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