segunda-feira, 19 de setembro de 2016

“Sucesso absoluto na descoberta de um País diferente no 2.º Lés-a-Lés Off-Road”

Aventura num Portugal desconhecido

Três dias de aventura ímpar proporcionaram visão bem diferente de Portugal, traçando o mapa nacional, de norte a sul, sempre por caminhos de terra batida e reduzindo ao mínimo indispensável a utilização de estradas asfaltadas. Uma aventura única através de paisagens deslumbrantes na ligação de Chaves a Faro, foi prémio para tamanha ousadia dos 214 mototuristas que responderam ao desafio lançado pela Federação de Motociclismo de Portugal.

De Chaves a Faro, ao longo de 738,5 quilómetros, espraia-se a única Estrada Património portuguesa, a N2, eixo estruturante da carta rodoviária nacional e palco de longas viagens através dos 11 distritos que atravessa. Forma interessante de apreciar as variações de paisagem e clima, de fauna e flora, de arquitetura e modos de vida, ao longo da estrada de maior extensão em território lusitano. Mas, percorrê-la, seria uma aventura… normal! Por isso, e adaptando fórmula de sucesso que ao longo de 18 anos mostrou o melhor do nosso País a milhares de motociclistas, através das mais pitorescas estradas, a Federação de Motociclismo de Portugal renovou o desafio de fazer mototurismo em off-road. Na 2.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, foram 916 os quilómetros feitos para ligar as duas cidades, com passagem pelo Fundão e Évora, com mais de 650 km através de caminhos de terra batida, das íngremes descidas nas serras nortenhas aos amplos estradões alentejanos, das subidas entre os vinhedos do Alto Douro Vinhateiro aos recurvados trilhos da serra algarvia, com direito à passagem a vau de alguns ribeiros.

Momentos únicos de prazer de condução, de boa disposição e camaradagem, que começaram na madrugada flaviense rumo a primeira etapa debruada com nuvens ameaçadoras mas incapazes de perturbar o espírito aventureiro dos 214 participantes em todo o tipo de motos, das mais leves enduristas às maiores das maxi-tail. Máquinas verificadas na véspera, em Chaves depois de viagem até terras transmontanas marcada por algum nevoeiro e céu carregado, tornando mais sombrio o cenário dantesco proporcionado pelo negrume da praga incendiária. Panorama diferente no dia seguinte, de nuvens intercaladas com pedaços de céu azul acompanhando a caravana na descida ao Douro antes da passagem por São João da Pesqueira, onde o primeiro reabastecimento sólido ajudou a recuperar energias numa zona de pistas bastante exigentes. Paragem para digerir as primeiras emoções, através de paisagens de cortar a respiração carregadas de aromas sempre reveladores da região atravessada. Do cheiro da flora autóctone nortenha, de pinheiros, carvalhos e sobreiros, aos vinhedos durienses em início de época de vindimas, ao aroma dos campos de centeio acabado de cortar em terras beirãs, exponenciado por algumas gotas de chuva que ajudaram a amaciar o piso e evitar o pó. Mas sentiu-se também, a caminho do Fundão, onde acabou a tirada, o característico cheiro a urze, zimbro e plantas aromáticas que caracterizam a serra da Estrela. Dia em que muitos agradeceram a boa tração garantida pelos pneus Dunlop, dos Geomax aos D606 passando pelos famosos Trailmax, montados pela equipa de apoio técnico da BC Saraiva Moto Service.

 

Caminhos para todos os gostos e… para todas as motos

Depois da Estrela, a Gardunha a abrir o segundo dia do evento que atraiu muitos espanhóis (incluindo uma das três mulheres presentes), numerosa comitiva suíça  e até alguns holandeses, com a frescura matinal embrulhando promessas de calor que haveriam de ser cumpridas ao longo do dia, até Évora. Para começar, trilhos serranos, oferecedores de grande gozo de condução, privilegiando as pequenas enduristas Honda CRF, Yamaha WR ou KTM EXC para, pouco depois, surgirem os rápidos estradões do parque eólico da Serra da Gardunha onde estavam mais à vontade as trail, das ligeiras Yamaha Ténéré 660, BMW F800 GS ou Honda Transalp e Africa Twin, das antigas 750 às actuais CRF 1000, até às enormes Yamaha XTZ 1200 Super Ténéré, BMW R1200GS Adventure e até uma Honda VFR 1200 X Crosstourer. Mas, apesar dos caminhos convidarem a maiores velocidades, foram tranquilamente aproveitados para desfrutar de paisagens imponentes, que o prazer de condução voltaria a ser ponto de ordem nos pouco interessantes, em termos paisagísticos, eucaliptais do centro do País. Com o calor a apertar, valeu a frescura da ribeira de Sor, com voltas e voltinhas pelas pontes de… Ponte de Sor, antes de travessia de uns quantos riachos que sempre ajudavam a refrescar pilotos e máquinas. Pelo meio, paragem na cidade alentejana cujo nome fica a dever-se à ponte oitocentista, aproveitando bem localizada área de servico da BP, apoio importante do Portugal de Lés-a-Lés e cuja difusão de postos ajudou a suprir as necessidades frequentes de combustível das enduristas com depósitos mais pequenos.

Com a passagem para o sul do País, mudança nos pisos, deixando a dureza característica dos pedregosos trilhos a norte pelos caminhos mais arenosos antes das deliciosas curvas entre sobreiros que anunciavam a chegada ao Alentejo, com vistas sobre a barragem do Maranhão e travessia pela ponte de Ervedal, réplica à escala da lisboeta ponte 25 de Abril. Com mais calor e pó, através das searas já ceifadas e lavradas, rumou a caravana até Évora, com direito a exclusividade de parqueamento na Praça do Giraldo, homenagem à figura lendária de Geraldo Geraldes, o Geraldo sem Pavor que aparece representado no brasão da cidade eborense.

 

Gozo de condução entre as duas capitais mais a sul

Do mais célebre largo da capital do Alentejo, partiu-se para a derradeira etapa, a mais curta, até outra capital, a do Algarve, atravessando longas extensões de olivais de cultura intensiva antes da passagem pelas ondulantes searas, lavradas de fresco à espera de novo plantio de centeio. Tranquila rota alentejana, de longas retas, em jeito de preparação para a exigência da serra algarvia, com muitas curvas e piso bastante duro. Interessante equação cujo resultado foi enorme diversão na descida para Faro, com chegada bem diferente do habitual, permitindo apreciar uma vista perfeitamente desconhecida da milenar cidade e com passagem pelo Palácio de Estói. Além da entrada pela parte mais pitoresca da cidade até à última passagem pelo pórtico do 2.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, instalado no Jardim Manuel Bivar, bem no coração da cidade farense.


Ponto final de aventura delineada pela Comissão de Mototurismo da FMP, oferecedora de paisagens extremamente variadas e pisos de todos os tipos e para todos os gostso, proporcionando a possibilidade de apreciar locais inesquecíveis, da majestosa imponência das serras à serena tranquilidade das amplas planícies. Diversão e descoberta na aventureira travessia continental, só possível através de caminhos de todo-o-terreno, com grau de dificuldade acessível e menos ligações em asfalto relativamente à anterior edição, em percurso que foi do agrado de todos os amadores como de alguns dos mais consagrados pilotos nacionais. Do dakariano Mário Patrão ao vice-campeão do Mundo de Enduro, Luís Oliveira, do primeiro português a participar no Dakar, António Lopes, ao primeiro a vencer uma etapa, Paulo Marques; do pluri-campeão nacional de Motocrosse, Supercrosse e Enduro, António Oliveira, ao rápido e irreverente João Rosa. E, longe de ser uma corrida, a todos agradou a sã convivência e verdadeiro espírito mototurista do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road.

Fonte: Gabinete de Imprensa 2.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road/Parceria Notícias do Pedal

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