Três dias de
aventura ímpar proporcionaram visão bem diferente de Portugal, traçando o mapa
nacional, de norte a sul, sempre por caminhos de terra batida e reduzindo ao
mínimo indispensável a utilização de estradas asfaltadas. Uma aventura única
através de paisagens deslumbrantes na ligação de Chaves a Faro, foi prémio para
tamanha ousadia dos 214 mototuristas que responderam ao desafio lançado pela
Federação de Motociclismo de Portugal.
De Chaves a Faro, ao longo de 738,5
quilómetros, espraia-se a única Estrada Património portuguesa, a N2, eixo
estruturante da carta rodoviária nacional e palco de longas viagens através dos
11 distritos que atravessa. Forma interessante de apreciar as variações de
paisagem e clima, de fauna e flora, de arquitetura e modos de vida, ao longo da
estrada de maior extensão em território lusitano. Mas, percorrê-la, seria uma
aventura… normal! Por isso, e adaptando fórmula de sucesso que ao longo de 18
anos mostrou o melhor do nosso País a milhares de motociclistas, através das mais
pitorescas estradas, a Federação de Motociclismo de Portugal renovou o desafio
de fazer mototurismo em off-road. Na 2.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés
Off-Road, foram 916 os quilómetros feitos para ligar as duas cidades, com
passagem pelo Fundão e Évora, com mais de 650 km através de caminhos de terra
batida, das íngremes descidas nas serras nortenhas aos amplos estradões
alentejanos, das subidas entre os vinhedos do Alto Douro Vinhateiro aos
recurvados trilhos da serra algarvia, com direito à passagem a vau de
alguns ribeiros.
Momentos únicos de prazer de condução, de
boa disposição e camaradagem, que começaram na madrugada flaviense rumo a
primeira etapa debruada com nuvens ameaçadoras mas incapazes de perturbar o
espírito aventureiro dos 214 participantes em todo o tipo de motos, das mais
leves enduristas às maiores das maxi-tail. Máquinas verificadas na véspera, em
Chaves depois de viagem até terras transmontanas marcada por algum nevoeiro e
céu carregado, tornando mais sombrio o cenário dantesco proporcionado pelo
negrume da praga incendiária. Panorama diferente no dia seguinte, de nuvens
intercaladas com pedaços de céu azul acompanhando a caravana na descida ao
Douro antes da passagem por São João da Pesqueira, onde o primeiro
reabastecimento sólido ajudou a recuperar energias numa zona de pistas bastante
exigentes. Paragem para digerir as primeiras emoções, através de paisagens de
cortar a respiração carregadas de aromas sempre reveladores da região
atravessada. Do cheiro da flora autóctone nortenha, de pinheiros, carvalhos e
sobreiros, aos vinhedos durienses em início de época de vindimas, ao aroma dos
campos de centeio acabado de cortar em terras beirãs, exponenciado por algumas
gotas de chuva que ajudaram a amaciar o piso e evitar o pó. Mas sentiu-se
também, a caminho do Fundão, onde acabou a tirada, o característico cheiro a
urze, zimbro e plantas aromáticas que caracterizam a serra da Estrela. Dia em
que muitos agradeceram a boa tração garantida pelos pneus Dunlop, dos Geomax
aos D606 passando pelos famosos Trailmax, montados pela equipa de apoio técnico
da BC Saraiva Moto Service.
Caminhos para todos os gostos e… para
todas as motos
Depois da Estrela, a Gardunha a abrir o
segundo dia do evento que atraiu muitos espanhóis (incluindo uma das três mulheres
presentes), numerosa comitiva suíça e até alguns holandeses, com a
frescura matinal embrulhando promessas de calor que haveriam de ser
cumpridas ao longo do dia, até Évora. Para começar, trilhos serranos,
oferecedores de grande gozo de condução, privilegiando as pequenas
enduristas Honda CRF, Yamaha WR ou KTM EXC para, pouco depois, surgirem os
rápidos estradões do parque eólico da Serra da Gardunha onde estavam mais à
vontade as trail, das ligeiras Yamaha Ténéré 660, BMW F800 GS ou Honda Transalp
e Africa Twin, das antigas 750 às actuais CRF 1000, até às enormes
Yamaha XTZ 1200 Super Ténéré, BMW R1200GS Adventure e até uma Honda VFR 1200 X
Crosstourer. Mas, apesar dos caminhos convidarem a maiores velocidades, foram
tranquilamente aproveitados para desfrutar de paisagens imponentes, que o
prazer de condução voltaria a ser ponto de ordem nos pouco interessantes, em
termos paisagísticos, eucaliptais do centro do País. Com o calor a apertar,
valeu a frescura da ribeira de Sor, com voltas e voltinhas pelas pontes de…
Ponte de Sor, antes de travessia de uns quantos riachos que sempre ajudavam a
refrescar pilotos e máquinas. Pelo meio, paragem na cidade alentejana cujo nome
fica a dever-se à ponte oitocentista, aproveitando bem localizada área de
servico da BP, apoio importante do Portugal de Lés-a-Lés e cuja difusão de
postos ajudou a suprir as necessidades frequentes de combustível das enduristas
com depósitos mais pequenos.
Com a passagem para o sul do País, mudança
nos pisos, deixando a dureza característica dos pedregosos trilhos a norte
pelos caminhos mais arenosos antes das deliciosas curvas entre sobreiros que
anunciavam a chegada ao Alentejo, com vistas sobre a barragem do Maranhão e
travessia pela ponte de Ervedal, réplica à escala da lisboeta ponte 25 de
Abril. Com mais calor e pó, através das searas já ceifadas e lavradas, rumou a
caravana até Évora, com direito a exclusividade de parqueamento na Praça do
Giraldo, homenagem à figura lendária de Geraldo Geraldes, o Geraldo sem Pavor
que aparece representado no brasão da cidade eborense.
Gozo de condução entre as duas capitais
mais a sul
Do mais célebre largo da capital do
Alentejo, partiu-se para a derradeira etapa, a mais curta, até outra capital, a
do Algarve, atravessando longas extensões de olivais de cultura intensiva antes
da passagem pelas ondulantes searas, lavradas de fresco à espera de novo
plantio de centeio. Tranquila rota alentejana, de longas retas, em jeito de
preparação para a exigência da serra algarvia, com muitas curvas e piso
bastante duro. Interessante equação cujo resultado foi enorme diversão na
descida para Faro, com chegada bem diferente do habitual, permitindo apreciar
uma vista perfeitamente desconhecida da milenar cidade e com passagem pelo
Palácio de Estói. Além da entrada pela parte mais pitoresca da cidade até à
última passagem pelo pórtico do 2.º Portugal de Lés-a-Lés Off-Road, instalado
no Jardim Manuel Bivar, bem no coração da cidade farense.
Ponto final de aventura delineada pela
Comissão de Mototurismo da FMP, oferecedora de paisagens extremamente variadas
e pisos de todos os tipos e para todos os gostso, proporcionando a
possibilidade de apreciar locais inesquecíveis, da majestosa imponência das
serras à serena tranquilidade das amplas planícies. Diversão e descoberta na
aventureira travessia continental, só possível através de caminhos de
todo-o-terreno, com grau de dificuldade acessível e menos ligações em asfalto
relativamente à anterior edição, em percurso que foi do agrado de todos os
amadores como de alguns dos mais consagrados pilotos nacionais. Do dakariano
Mário Patrão ao vice-campeão do Mundo de Enduro, Luís Oliveira, do primeiro
português a participar no Dakar, António Lopes, ao primeiro a vencer uma etapa,
Paulo Marques; do pluri-campeão nacional de Motocrosse, Supercrosse e Enduro,
António Oliveira, ao rápido e irreverente João Rosa. E, longe de ser uma
corrida, a todos agradou a sã convivência e verdadeiro espírito mototurista do
Portugal de Lés-a-Lés Off-Road.
Fonte: Gabinete de Imprensa 2.º Portugal de Lés-a-Lés
Off-Road/Parceria Notícias do Pedal
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