Por: José Carlos Gomes
Fotos: FPC
A quarta etapa da Volta ao
Algarve, um contrarrelógio de 20,3 quilómetros, disputado na tarde deste
sábado, em Lagoa, teve emoção, drama e superação. O campeão dinamarquês da
especialidade, Kasper Asgreen (Deceuninck-Quick-Step) foi o mais rápido do dia.
O britânico Ethan Hayter caiu, levantou-se e reforçou o comando da
classificação geral. João Rodrigues (W52-FC Porto) mantém segundo lugar na
geral e Rafael Reis (Efapel) ficou em igual posição na etapa.
Sabia-se que o contrarrelógio seria emocionante, porque permitiria uma melhor definição da classificação geral. Mas não se imaginava que as surpresas tornassem o “enredo” tão rico. A chegada de Benjamin Thomas (Groupama-FDJ), com 24m01s, foi o primeiro indício de que tudo poderia suceder. Isto porque o francês estabeleceu o melhor registo de sempre neste percurso, suplantando os 24m07s fixados no ano passado por Remco Evenepoel.
Cerca de hora e meia mais
tarde novo momento empolgante. Rafael Reis (Efapel) corta a meta com 23m55s e
assume o comando provisório da etapa. O palmelense explicaria aos jornalistas
que, em 2021, estava a ser possível pedalar mais rápido do que nas edições
anteriores devido à orientação do vento.
Quando os portugueses já se preparavam para celebrar um triunfo nacional em Lagoa, Kasper Asgreen vestiu a pele de vilão para os anseios nacionalistas e parou o cronómetro nos 23m52s (média de 51,034 km/h). Ninguém foi capaz de superar o dinamarquês, Rafael Reis ou Benjamin Thomas, que fecharam o pódio do dia.
“Este é um contrarrelógio de força, de potência, mas no qual é muito difícil encontrar um bom ritmo, porque há muitas curvas, é muito técnico e realmente faz a diferença reconhecer o percurso. Tive a sorte de termos estado aqui em estágio por várias vezes nos últimos anos e apesar de correr pela primeira vez a Volta ao Algarve conhecia muito bem o percurso. Tive um bom feedback dos meus colegas que fizeram a prova antes de mim e optei, na segunda metade, por acelerar a fundo e, sinceramente, acho que foi aí que ganhei. Informaram-me que o Benjamim Thomas tinha o melhor tempo do percurso e quando bati o seu registo sabia que tinha agora o recorde deste contrarrelógio. Mais importante, no entanto, foi ter salvaguardado o longo historial de vitórias da equipa nesta especialidade e conseguir mais um triunfo aqui no Algarve”, explicou Kasper Asgreen.
Chegada a vez dos homens da
geral, percebeu-se que todos estavam longe de poder alcançar o topo da
classificação da etapa. Exceto o dono da Camisola Amarela Turismo do Algarve,
Ethan Hayter. O britânico passou no primeiro ponto intermédio de cronometragem,
ao quilómetro 5,7, com o segundo melhor registo de todo o pelotão.
Só que, logo após a tomada de
tempos, Ethan Hayter caiu numa das descidas mais rápida do percurso. Sofreu
mazelas visíveis, mas montou de novo na bicicleta e ainda ganhou tempo a toda a
concorrência direta.
Ethan Hayter acabou o dia de
amarelo, embora com uma vantagem mais escassa do que pretenderia. João
Rodrigues (W52-FC Porto) mantém-se no segundo lugar, registando 12 segundos de
atraso face ao jovem da INEOS Grenadiers. O terceiro é agora Kasper Asgreen, a
21 segundos de Hayter e a 9 segundos de Rodrigues. Com o desempenho de hoje, o
campeão da Dinamarca entrou nas contas da geral.
“Para ser honesto, estou bastante maltratado. Foi uma queda a alta velocidade. Abordei mal a curva, havia um pouco de areia, perdi a aderência e fui a deslizar pelo asfalto. Felizmente não perdi muito tempo a verificar se estava bem e, felizmente também, não bati com a cabeça com muita força. Fiz o que podia para limitar as minhas perdas e salvar a camisola amarela. Ainda não pensei muito bem como o farei amanhã. Quem é o segundo classificado? [João Rodrigues] Acho que se resumirá à última subida. Espero poder estar ao mesmo nível que estive na Fóia para segurar a camisola amarela”, afirmou o comandante da prova.
Todas as classificações mantêm
os mesmos líderes. João Rodrigues veste a Camisola Azul Lusíadas, da montanha,
Sam Bennett (Deceuninck-Quick-Step) equipa o verde Crédito Agrícola, dos
pontos, e Sean Quinn (Hagens Berman Axeon) usa a Branca IPDJ, da melhor jovem.
A INEOS Grenadiers comanda por equipas.
As decisões estão guardadas
para a quinta e última etapa, neste domingo. O pelotão vai pedalar ao longo de
170,1 quilómetros, entre Albufeira e o Alto do Malhão, Loulé. A meta coincide
com um prémio de montanha de segunda categoria. Antes desta subida e nos
últimos 45 quilómetros, que parecem uma clássica, os corredores terão de
ultrapassar as subidas de terceira categoria de Vermelhos (km 127), Ameixeiras
(km 137,9) e Alte (km 156,1). Com tudo em aberto, o espetáculo está garantido.
Fonte: Federação Portuguesa
Ciclismo
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