Um dos mais promissores ciclistas portugueses fala da 'revolução' que ocorreu na sua carreira no último ano
Por: AMG // VR/Lusa
Foto: Lusa
Afonso Eulálio sente-se "um
menino", mas é já um dos mais promissores ciclistas portugueses,
estando ainda a adaptar-se à 'revolução' que ocorreu na sua carreira no último
ano e que despertou atenção até além-fronteiras.
Um ano depois de ser convocado
à última hora para a Volta a Portugal, para substituir Luís Mendonça no bloco
da Glassdrive-Q8-Anicolor, o jovem que tantas horas passou na dianteira do
pelotão a trabalhar para o triunfo final de Mauricio Moreira aparece na 84.ª
Volta a Portugal como um dos ciclistas a ter debaixo de olho até 20 de agosto.
"A época já vem
longa, já chegamos aqui com muitas corridas. No início do ano, não estava bem
habituado bem a isto. Agora, claro que gosto de chegar na frente, de estar a disputar
as corridas. Venho para aqui com o mesmo objetivo do ano passado, que é estar a
ajudar a minha equipa, e para ser um dos principais braços direitos do António
Carvalho e ver o que podemos fazer", enumerou, em
entrevista à agência Lusa.
Há uma pequena nuance, no
entanto, na missão do ciclista da Figueira da Foz, que no ano passado esteve na
Volta apenas para trabalhar "o meu
objetivo era só controlar a corrida e, depois, descansar para o dia
seguinte" e, nesta edição, vai tentar "fazer algo engraçado".
Afonso Eulálio ainda estranha
a (merecida) curiosidade que desperta, após uma temporada que revolucionou o
seu estatuto no pelotão, pelos resultados que teve quer ao serviço da
ABTF-Feirense, nomeadamente o quinto lugar na Clássica de Ordizia (em Espanha)
e o sexto na geral do Troféu Joaquim Agostinho, quer com as cores da seleção
nacional, pela qual foi sétimo classificado da Corrida da Paz, a prestigiada
prova da Taça das Nações sub-23, alcançando a melhor posição da história de
Portugal.
"Não
sabia que ia correr pela seleção também, tenho de agradecer ao selecionador
[José Poeira] por me ter convocado e por me ter dado esta oportunidade no meu
último ano de sub-23. As coisas acabaram por correr bem, acabei por ir ao pódio
numa etapa e fazer um lugar na geral de algumas corridas, e penso que tenho
tido uma boa projeção", considerou.
A prestação com as cores
nacionais esteve perto de valer-lhe um passaporte para os Mundiais de Glasgow e
também para a Volta a França do Futuro (20 a 27 de agosto), mas a coincidência
de datas com a Volta a Portugal impediu-o de concretizar um sonho.
"Tanto
o Mundial como a Volta a França do Futuro são corridas importantes que eu
adoraria fazer. Era o meu último ano de sub-23 e era a minha última
oportunidade de estar presente, mas estou na Volta a Portugal e a minha cabeça
agora está aqui", garantiu.
O simpatiquíssimo e
envergonhado Eulálio fica atrapalhado ao ser questionado sobre o que sente
relativamente à ausência do Tour de L'Avenir, mas diz não estar desiludido,
ainda que assuma que "claro" que gostaria de participar na prova. "Se perguntar a qualquer ciclista sub-23, todos
gostariam de estar presentes...", argumentou.
Na antecipação da 84.ª Volta a
Portugal, que começou na quarta-feira, em Viseu, e termina em 20 de agosto, em
Viana do Castelo, o diretor da ABTF-Feirense, Joaquim Andrade, revelou à Lusa
que o figueirense está a ser seguido por equipas internacionais, mas hoje o
jovem preferiu não abrir o jogo: "Não há
muito que contar. É continuar a fazer o meu trabalho e o que poderá vir a
acontecer, acontecerá".
"Tenho
feito um trabalho excelente, tenho evoluído muito. Sou um ciclista muito novo,
acabei por chegar muito tarde ao ciclismo e penso que, por isso, é que também
estou a começar agora a evoluir e dar nas vistas um pouco mais tarde",
estimou.
Eulálio experimentou o
ciclismo de estrada apenas aos 17 anos, depois de iniciar a sua aventura na
modalidade no BTT, e tornou-se "logo" ciclista profissional na equipa de Santa Maria da
Feira, em 2019, numa evolução "muito rápida"
que foi afetada também pela pandemia de covid-19.
"Ainda
sou um menino. Eu considero-me um menino e vamos ver do que serei capaz. Do
futuro ninguém sabe", revelou, não escondendo que
seria "um sonho" chegar
ao World Tour.
Campeão nacional de fundo de
sub-23 no ano passado, o miúdo da ABTF-Feirense ainda está a adaptar-se à
transição abrupta que viveu, nomeadamente à condição de líder.
"Gosto
mais de ser um ciclista de trabalho, essa é a verdade. Mas claro que se chegar
ao fim e fizer um bom lugar, ou se conseguir uma vitória... adoraria dar uma
vitória à equipa por ter acreditado em mim. Mas não me sinto pressionado. Se
sair, sairá", concluiu.
Fonte: Record on-line
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