André Cardoso está de regresso ao pelotão e não poderia estar mais entusiasmado por sentir-se novamente parte da Volta a Portugal em bicicleta, querendo colocar toda a sua experiência ao serviço de um triunfo da Efapel.
“Agora,
as pessoas não podem ver o meu sorriso, mas eu estou-me a rir”,
dispara, enquanto destapa momentaneamente o rosto para que a ‘audiência’ possa
testemunhar o sorriso rasgado que se esconde debaixo da máscara.
Quatro anos depois de ter sido
suspenso por doping, André Cardoso regressou a ‘casa’,
à corrida que o catapultou para o pelotão internacional há quase uma década, e
a sua felicidade pelo reencontro com os ‘seus’ é evidente, quer nos gestos, quer nas palavras.
“Este era
o meu desejo, estar na Volta a Portugal, voltar a colocar um dorsal. Sinto-me
bastante realizado. Foi um trabalho longo, mas sinto que estou preparado e que
não irei defraudar todas as expectativas que a equipa pôs em mim. É muito bom,
eu gosto de estar do lado de cá. Ver da parte de dentro. Sentir-me parte da
Volta”, assume, em declarações à agência Lusa.
Espontâneo como poucos, aquele
que é um dos ciclistas mais populares do pelotão luso admite que a emoção do
regresso à Volta não se compara com a da sua estreia na prova rainha do
calendário nacional, até porque tem “outra
experiência”, o que, ainda assim, não evitou que sentisse
ansiedade nos dias anteriores ao arranque da 82.ª edição, por um motivo muito
particular.
“Tanta
coisa me aconteceu nos últimos quatro anos que tinha um bocado de receio de
qual fosse o resultado do teste covid. A partir daqui, está tudo bem. Eu queria
receber o teste negativo para estar aqui a trabalhar, porque cheia de
incidências está a minha vida”, brinca.
O trepador de 36 anos chega à
Volta a Portugal, que hoje arrancou com um prólogo em Lisboa e que acaba em 15
de agosto, em Viseu, com pouquíssimos dias de competição, uma vez que a sua
suspensão só terminou em 26 de junho, mas diz-se preparado para enfrentar o que
aí vem, depois de ter seguido um plano de preparação específico.
“É mais
fácil estar dentro da competição, atingir um bom nível, porque a própria
competição dá-te aquilo que, às vezes, é necessário. Não sendo possível dessa
forma, é preciso fazer um trabalho de casa bastante bom, estar magro como
sempre, andar bastante atrás da mota – fazer o chamado ‘moto-pacing’, e
agarrar-me com unhas e dentes ao trabalho para que chegue às competições na
melhor condição possível”, enumera.
Para o corredor de Gondomar, o
Troféu Joaquim Agostinho, onde foi 13.º na geral final, foi a corrida que lhe
deu “aquele ‘pontinho’ que era necessário”,
assumindo acreditar que pode estar “ao nível” a que foi “habituando os
portugueses”.
“Não sou
um ciclista de vir à Volta para participar. Sou um ciclista com muita
experiência internacional. Acho que essa sempre foi uma das armas que fui
demonstrando à equipa Efapel. O meu muito obrigada ao Carlos e ao Ruben
Pereira, que acreditaram em mim, que tiveram uma aposta arrojada. Sem eles não
seria possível estar aqui”, destaca, referindo-se aos
seus “patrões”.
Cardoso nega que tenha
objetivos pessoais numa prova onde foi vice-campeão em 2011 e venceu a
juventude e a montanha em 2007, revelando que a sua missão é usar a sua
experiência, adquirida também no WorldTour (entre 2014 e 2017) e nas sete
grandes Voltas que disputou (e que nunca acabou abaixo do 25.º lugar), para “tentar tranquilizar toda a equipa”.
“Temos um
líder assumido, que é o António Carvalho. A corrida pode pender para vários
lados, são 11 dias e, por vezes, temos de agir rápido em situações de corrida,
e acho que aí, e face à condição física que poderei ter nesta Volta, serei uma
mais-valia para todos eles. O nosso objetivo é ganhar a Volta a Portugal. Mostrar
que somos uma equipa organizada e que trabalhamos em função de um objetivo. E o
nosso objetivo é claro: tentar discutir a Volta, meter um homem no pódio, e, se
possível, ganhar etapas”, assume.
E poderá ser o próprio
‘Cholas’ a tentar alcançar esta última meta? “Já
ganhei na Torre [2011], claro que a Senhora da Graça tem um carisma especial,
até porque este ano poderão estar novamente as pessoas a assistir e isso dá-te
aquela pele de galinha que, por vezes, é necessária na competição, dá-te aquela
forcinha extra. Mas o grande objetivo é a vitória final”,
insiste.
Fonte: Lusa
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