terça-feira, 30 de setembro de 2025

“Guia para evitar desconforto gastrointestinais em treino e prova de triatlo e não só”


Por: Catarina Romão, Nutricionista

Para muitos triatletas, os dias de prova ou simplesmente os treinos mais longos podem trazer um “inimigo silencioso”: os sintomas gastrointestinais (GI) cólicas, refluxo, inchaço, gases, vontade de ir à casa de banho, náuseas, diarreia. Estudos mostram que muitos atletas passam por estes sintomas durante o esforço, especialmente em provas longas como Ironman ou triatlos de longa distância.

Várias podem ser as causas deste desconforto: por um lado, o fluxo sanguíneo é desviado do trato gastrointestinal para os músculos em exercício e superfície da pele (o que pode gerar isquemia intestinal ou aumento da permeabilidade do intestino); por outro lado, fatores nutricionais (alimentos ricos em fibra, gordura, proteína, ou fontes concentradas de hidratos de carbono) estão associados a maior risco de desconforto GI.

Para triatletas que querem minimizar estes riscos, aqui seguem algumas recomendações baseadas na evidência científica e prática clínica, para prevenir e gerir problemas gastrointestinais:

 

Estratégias para prevenir desconforto GI

 

1. Treinar o intestino (“gut training”). Tal como o triatleta treina os seus músculos, o sistema digestivo pode também ser treinado e adaptar-se. Ingerir alimentos e líquidos durante treinos longos (com progressão gradual) melhora a tolerância e reduz o risco de sintomas GI em dias de prova.

2. Evitar “novidades” no dia da prova. No dia da prova não devem ser testados alimentos, géis, bebidas ou suplementos que não tenham sido testados antes, em treino. O sistema digestivo tende a não tolerar “surpresas”.

 

3. Selecionar bem o que comer nas 24/48 h que antecedem a prova. Evita alimentos muito ricos em fibra, gordura ou proteína; limitar produtos lácteos (especialmente se existir alguma sensibilidade gástrica e intestinal ao consumir de leite e seus derivados). Alguns atletas optam por dietas com baixo teor de FODMAP (hidratos de carbono fermentáveis que podem aumentar a produção de gás intestinal) nos dias prévios à prova.

4. Hidratação adequada e consistente, e fórmula isotónica. Começar bem hidratado (a cor da urina deve estar clara) e manter o aporte de líquidos durante a prova ajuda a proteger a integridade intestinal e a evitar absorção inadequada de nutrientes. Preferir bebidas com osmolalidade adequada (não demasiado concentradas), para minimizar distúrbios gastrointestinais.

5. Atenção a analgésicos / anti-inflamatórios. O uso de anti-inflamatórios não esteroides (ex.: Brufen®, Ibumetin®, Voltaren®, Cataflam®, Naprosyn®) pode aumentar o risco de lesões na mucosa intestinal — risco que convém evitar em eventos de endurance.

6. Gestão de ansiedade / stresse pré-prova. O estado emocional pode influenciar o bem-estar gastrointestinal. Devem ser desenvolvidas estratégias que visam a controlar sintomas desencadeados pela ansiedade nestes momentos. Procurar um profissional da área de Psicologia poderá ser uma opção.

 

Em prova: sinais de alerta e estratégias a adotar

 

 Se o triatleta começar a sentir sinais de desconforto (inchaço, cólicas, náuseas), considera reduzir o ritmo ou até fazer uma pausa leve por vezes uma desaceleração temporária permite retomar sem maiores complicações.

Optar por realizar a maior parte da nutrição no segmento de ciclismo, se possível aqui é geralmente mais fácil ingerir alimentos e controlar a hidratação. Na bicicleta a tolerância GI tende a ser maior do que na corrida.

Preparar bem a prova, estudar o percursos e postos: localizar estações de reabastecimento e casas de banho antecipadamente.

 Observa e valorizar sinais precoces: o triatleta não deve esperar até os sintomas intensificarem.

Em suma, prevenir situações de desconforto GI no triatlo exige treino, vários testes e adaptações ao longo do ciclo de preparação para a prova. Ouvir e conhecer o corpo, testar a nutrição em diferentes contextos de treino e adotar estratégias adequadas de hidratação e alimentação são fatores essenciais para chegar à meta com energia e sem más sensações. Se sente estes distúrbios com frequência tenha em consideração as recomendações deste artigo, ou contacte com um/a Nutricionista para o ajudar.

Fonte: Federação Triatlo Portugal

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