Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O ciclismo profissional, como
qualquer outro desporto de elite, exige muito esforço e sacrifício aos seus
protagonistas. Mas essa pressão não começa apenas quando os ciclistas se tornam
profissionais. Desde muito cedo, ainda nas categorias inferiores, os jovens
ciclistas começam a sentir o peso do esforço excessivo que supostamente é
necessário para ter sucesso e entrar nas melhores equipas do mundo.
Nos últimos anos, com o avanço da tecnologia e um maior conhecimento sobre o desenvolvimento físico e capacitação, essa pressão tem-se intensificado. Luis Pasamontes, um antigo ciclista profissional que correu por equipas como a Movistar Team (na altura Caisse d'Epargne), fez questão de denunciar a situação alarmante dos jovens ciclistas que crescem nas categorias de base.
As palavras de Luis Pasamontes
foram publicadas pelo próprio ex-ciclista na sua conta oficial do X (antigo
Twitter), onde compartilha frequentemente as suas opiniões sobre o ciclismo
profissional.
"Ciclistas de 13 anos que
treinam 200 quilómetros e fazem treinos a grande altitude, promovidos pela
equipa. Claro que também pelos pais. Ser o melhor nas categorias inferiores não
é sinónimo de fazer bem as coisas. Eu denuncio-o. Já não percebo nada de
ciclismo", criticou veementemente.
Pogacar,
a origem de tudo
O contexto das declarações de
Luis Pasamontes está também ligado a Tadej Pogacar. O campeão do mundo, em
várias ocasiões, confessou que pensa e até fantasia com a sua reforma
profissional. O ciclista da equipa da Emirates terminou a sua última Volta a França
extremamente exausto, tendo inclusive desistido de tentar participar na Volta a
Espanha, onde estava previsto competir, devido ao cansaço acumulado.
Pogacar organizou o seu
próprio critérium na Eslovénia, no sábado passado, na sua cidade natal,
Komenda, onde reuniu alguns dos seus atuais e antigos companheiros de equipa.
Durante o evento, foi questionado pela primeira vez, após a Volta a França,
sobre o cansaço e a ideia de "pendurar a bicicleta":
"Comecei a contar os anos
até à reforma. É verdade que, por vezes, gostaria de ser um pouco menos famoso.
Tirar fotografias e dar autógrafos é por vezes cansativo, outras vezes menos,
mas tento agradar a toda a gente", desabafou a estrela da Emirates sobre o
peso de ser um ciclista profissional ao mais alto nível.
Luis Pasamontes também se
mostrou solidário com Pogacar e comentou sobre as suas declarações, dizendo que
compreende perfeitamente o desejo de o esloveno pensar na reforma:
"Pogacar está a pensar na reforma. Para mim, é normal, lógico e
compreensível. Os ciclistas vivem ligados aos números dos potenciómetros e das
balanças. Vivem entre treinos e competições, pouco em casa. É assim, é o
momento que tiveram de viver para serem profissionais. É difícil",
afirmou.
Neste momento, Tadej Pogacar
não deverá correr até setembro. O ciclista da equipa da Emirates vai descansar
até às clássicas canadianas do WorldTour (GP do Quebeque e GP de Montréal),
onde se preparará para a sua defesa da camisola arco-íris no Campeonato do
Mundo do Ruanda 2025. Este será o seu antepenúltimo grande objetivo do ano.
Depois do Campeonato do Mundo,
Pogacar irá competir no Campeonato da Europa, onde só participou uma vez (em
2021, terminando em 5º lugar). Um objetivo que ele também quer alcançar o mais
rapidamente possível, talvez com a ideia de se reformar mais cedo?
Por fim, Tadej Pogacar vai
terminar a temporada como tem feito nos últimos anos, competindo na Il
Lombardia, o monumento final da temporada. Vencedor das últimas 4 edições da
corrida italiana, o esloveno vai procurar a sua quinta vitória antes de encerrar
uma longa temporada de 2025.
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