85.ª edição da prova está na estrada até 4 de agosto, terminando em Viseu com um contrarrelógio individual
Por: Lusa
Foto: Lusa
A equipa norte-americana de
ciclismo Echelon Racing participa na 85.ª Volta a Portugal para "honrar a
corrida" e mostrar o projeto comunitário por detrás da formação
profissional, que presta apoio a veteranos de guerra dos Estados Unidos.
"Pedalar pelos
veteranos", estampado na lateral do autocarro, é o mote desta equipa que
tem aparecido, aqui e ali, na primeira metade da Volta a Portugal, sobretudo
nas fugas e na chegada ao sprint a Lisboa, na segunda etapa.
Nesse dia, Zach Gregg passou
dezenas de quilómetros como único fugitivo do dia, em tirada plana que o
pelotão só 'agarrou' na aproximação à meta, uma experiência que, à Lusa,
classifica como "incrível".
"O contacto com os
adeptos, e na verdade toda a experiência na Volta, tem sido excelente para nós.
Senti que era necessário continuar a honrar a corrida, mesmo depois de ficar
sozinho. É um país lindo, um pouco quente e ventoso em alguns dias, mas não me
queixo", explica o corredor.
O ciclista de 31 anos está com
a estrutura desde 2022, em três dos sete anos do projeto, e revê-se na missão
de "educar, equipar e empoderar veteranos de guerra através da atividade
física".
Este resumo da atividade do
projeto esconde as histórias de vida de muitos veteranos afiliados ao Echelon
Racing, como Shawn Morelli, medalhada paralímpica por quatro vezes, ou o
bombeiro Rob Verhelst, que fez parte dos esforços de resgate no 11 de setembro
de 2001 e agora corre por todo o mundo para consciencializar para o stress
pós-traumático e o suicídio entre ex-militares.
"Nos Estados Unidos, a
barreira de acesso a desportos de endurance é muito alta, quer em custos quer
em formação e educação", lamenta Zach Gregg.
Segundo o corredor, feito
'porta-voz' pela bem-humorada formação norte-americana no espaço dedicado às
equipas nas partidas, a Echelon Racing "oferece recurso para que os
veteranos possam envolver-se em algo estruturado e possam ter atividade física,
uma saída muito benéfica".
"Precisam do sistema de
suporte que tinham nas Forças Armadas. Este é o nosso sétimo ano, e a cada ano
queremos ter mais recursos para todos", acrescenta.
Na prática, e depois da
filiação, os veteranos passam a ter acesso a "colaborações com os
patrocinadores, para receber fundos e descontos", seja de bicicletas,
rodas ou outros bens.
A rede comunitária de apoio
estende-se à nutrição, para lá dos apoios financeiros, que vão dos valores de
inscrição a outras taxas e gastos decorrentes da atividade física, mas
prende-se sobretudo com o envolvimento numa comunidade.
"Envolvemo-los nas
corridas, ajudamo-los a preparar os eventos, tudo isso. Quando vamos bem, há
entusiasmo e vontade de se conseguir ainda mais, e acontece isso com eles,
também", revela o ciclista.
Segundo Gregg, ver veteranos a
superarem-se em corridas, a transmitirem mensagens de nota para a sociedade e
lutar pelos seus objetivos mesmo depois de regressarem de experiências
traumáticas é uma autêntica lição de desporto.
"Percebemos, então, que o
ciclismo não pode ser tão egoísta. Nesta modalidade, consumimos muitos
recursos, devemos devolver na mesma medida", explica.
De resto, Gregg não sabia que,
no dia em que, sozinho, decidiu "honrar" a Volta a Portugal, a
corrida homenageava o capitão Salgueiro Maia, com uma viagem entre Santarém e
Lisboa a evocar a coluna que liderou no 25 de Abril.
"Não sabia, mas se
soubesse ainda tinha dado mais na estrada. É muito especial e é uma
coincidência que dialoga com a nossa missão por cá", remata.
A 85.ª Volta a Portugal está
na estrada até 4 de agosto, terminando em Viseu com um contrarrelógio
individual.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário