Santarém
História
Pré-História e Mundo Antigo (século X a.
C. - V d. C.)
As teorias tardo-renascentistas que associam a fundação de Santarém ao nome
do fundador mítico de Tartessos (o herói Habis) são inaceitáveis à luz dos
conhecimentos actuais. A arqueologia demonstra-nos que a primeira “estrutura
urbana” do povoado remonta ao Bronze final.
A população de Moron, culturalmente identificada com as civilizações
mediterrâneas, foi subjugada pelos colonizadores romanos quando estes tomaram o
castro, ficando este acontecimento inscrito para sempre na história local.
Desconhecendo o significado da(s) palavra(s) indígena(s) Sqlab, os escritores
romanos interpretaram-na como um topónimo e latinizaram-na sob a forma
deScallabis. Por este nome a cidade viria a ser conhecida durante todo o Mundo
Antigo, quer nas fontes escritas, quer epigráficas.
De um entreposto comercial no Tejo médio, Scallabis adquiriu o estatuto de
uma colónia cesariana nos finais do séc. I a.C., transformando-se rapidamente,
pela sua localização geográfica, num importante centro administrativo.
A partir do século III d.C. a colónia romana de Scallabis retrai-se, face à
importância crescente de Olissipo (Lisboa). Por essa altura o Cristianismo
propagou-se no seu território, dando provavelmente origem a um pequeno bispado,
constituído por altura da divisão do Império por Constantino.
Período Medieval (séculos V-XV)
A tomada de Santarém por Sunerico, em 460, dita o fim da dominação romana,
abrindo caminho para a inclusão da cidade no reino visigodo, com capital em
Toulouse.
É admissível que a civitas hispano-romana tenha mantido uma relativa
autonomia, quer política, quer religiosa.
Os quatro séculos de ocupação islâmica (sécs. VIII-XII) fizeram renascer o
papel estratégico-militar e económico do lugar. Desta nova realidade
beneficiaram os monarcas portugueses, desde a conquista definitiva por Afonso
Henriques, em 15 de Março de 1147.
A importância de Santarém desde o século XII documenta-se por inúmeros
privilégios que constam nos seus forais e reflecte-se nos seus quinze e
mosteiros e cerca de quarenta ermidas, dois paços realengos e vários palácios e
solares da melhor nobreza do reino, distribuídos pelas suas quinze paróquias
urbanas. O seu número e relevância testemunham uma opulência artística e
cultural sui generis à escala do território português, ombreando com
importantes metrópoles europeias.
A centúria de Quatrocentos marca o auge da vila de Santarém. Com D. João I
e a "ínclita geração" foram preparadas com grande sigilo, no Paço
Real da Porta de Leiria, as expedições a Ceuta e a Tânger. Porém, a morte do
infante D. Afonso, em Alfange (1491), como que anuncia um longo período de
estagnação.
Período Moderno (séculos XV-XVIII)
Num contexto em que Lisboa reforçava o seu papel de verdadeira
capital e centro da nação, a Santarém quinhentista vai assumir-se como pólo
regional a nível económico e cultural.
O apoio local dado a D. António, prior do Crato, na sucessão do trono de
Portugal, implicou algumas represálias por parte de Filipe II de Espanha, tendo
o monarca castelhano desembarcado na Ribeira de Santarém em 1581. Não obstante
os sinais de descontentamento face ao domínio estrangeiro, a vila é ainda
visitada por Filipe III de Espanha, em 1619.
Por volta do segundo quartel de Seiscentos notam-se grandes inquietações na
vida da urbe, indiciadoras de um sentimento de revolta popular: há notícia de
motins em 1629, 1636 e 1637.
A insegurança social e o agravamento da situação económica que estão na
origem da Restauração da monarquia portuguesa, em 1 de Dezembro de 1640,
tiveram junto aos paços do concelho um importante episódio: Fernão Teles de
Menezes, 1º conde de Unhão, lidera os conjurados e procede à aclamação de D.
João IV como Rei de Portugal. A acção deste nobre, descendente de Vasco da
Gama, marcou de resto toda a história da urbe da 2ª metade do século XVII,
tendo este período ficado conhecido, na história local, como "século do
Conde de Unhão".
Sob os auspícios da monarquia brigantina uma nova cidade vai nascer,
influenciada pelas ideias do catolicismo tridentino, pelas correntes estéticas
do maneirismo e pelas iniciativas públicas do Conde de Unhão. Em consequência
deste renascimento, edificam-se novos edifícios religiosos, dá-se um importante
surto de ressurgimento de confrarias e a estratificação social atinge o seu
auge.
Período Contemporâneo (séculos XVIII-XX)
O terramoto de 1755 e os conflitos armados em que Portugal se envolveu no
século XVIII acabaram por reflectir-se na estrutura de uma povoação que
respirava ainda muitas das características da sua vivência medieval. O
envelhecimento das muralhas, a inexistência de locais de aquartelamento e de
cavalariças e de modernos espaços de assistência obrigou a um esforço notável
de adaptação.
Durante o século XIX Santarém veste-se de roupagens românticas. Em 1868 a
vila adquire o estatuto de cidade e esta nova categoria implicou a modernização
do seu território, traduzida a nível das infraestruturas básicas e dos
equipamentos lúdico-culturais.
Novas elites sociais, de
pensamento anti-clerical e progressista, marcavam a cidade e as suas
influências. Exigia-se uma ‘cidade aberta’ e sob este pretexto o camartelo
municipal passaria a sacrificar ao progresso vários edifícios que haviam
resistido à fúria dos exércitos napoleónicos.
Chegada:
Castelo Branco
Não é clara a história da fundação de Castelo Branco, mas sabe-se que a
região já é habitada desde o Paleolítico - como comprovam as escavações
arqueológicas de 2008, realizadas na zona do Castelo, que revelaram artefactos
datados da Pré-história.
Depois da Reconquista, em 1165, D. Afonso Henriques faz doar à Ordem do
Templo - doação depois confirmada pelo seu filho, D. Sancho I, em 1198 - toda
esta região da Beira para povoamento e defesa dos ataques dos infiéis.
Mais tarde, já no século XIII, surge um documento de doação aos Templários
de uma herdade designada de Vila Franca da Cardosa, emitido por um nobre de
nome D. Fernando Sanches. Esta propriedade compreendia, entre outras, as terras
de Castelo Branco. No ano seguinte, o Papa Inocêncio III confirma a régia
doação, afirmando que os Templários tinham fundado, na fronteira dos mouros,
uma vila e fortaleza, no sítio da Cardosa, a que eles deram o nome de Castelo
Branco.
O primeiro foral é dado à Vila de Castelo Branco, pelo então Mestre da
Ordem do Templo, D. Pedro Alvito, durante a primeira metade do século XIII. A
partir dessa altura, a vila parece ter rapidamente adquirido importância, pois
terá sido inclusivamente escolhida para a realização de vários capítulos da
Ordem do Templo. Com a extinção dos Templários e a passagem dos seus bens para
a Ordem de Cristo, foi instituída em Castelo Branco uma comenda dessa mesma
Ordem, com residência de comendadores e jurisdição em outras comendas.
No decurso do século XIII, Castelo Branco, cuja vida até então se
desenrolava intramuros, vai ter um considerável desenvolvimento. Deste modo, em
1285, quando D. Dinis visita a vila, em companhia da Rainha Santa Isabel,
percebe que as muralhas constituíam um obstáculo à sua expansão. A obra de
alargamento será concretizada já no reinado seguinte, ordenada por D. Afonso IV
em 1343.
A expansão e desenvolvimento da vila são reconhecidos por D. Manuel
I, em 1510, que durante uma visita lhe concede um novo foral. Em 1535, já
no reinado de D. João III, é-lhe atribuído o título de Vila Notável. Nesta
altura regista-se também um consistente aumento populacional. Com efeito, entre
1496 e 1527, crescem mais de 60 por cento os principais núcleos habitacionais
[de toda a Beira Interior], com destaque para a Guarda, Castelo Branco e
Covilhã. Tal aumento de população fica a dever-se, sobretudo, à fixação de
judeus sefarditas fugidos de Espanha, expulsos pelos Reis Católicos.
A atividade comercial da comuna judaica consolida uma base económica que
vai permitir, mesmo após o decreto de expulsão dos judeus do País, em 1496, um
grande volume de construção. Com efeito, é neste período que é fundada a
Misericórdia e são construídos os conventos dos frades Agostinhos (1526), dos
Capuchos (1562) e a Igreja de São Miguel, atual Sé. Já nos finais do século, o
bispo da Guarda, D. Nuno de Noronha, ordena a edificação do Paço Episcopal, um
belo palácio rodeado de jardins.
A elevação a Cidade
aconteceria em 1771, por decisão de D. José I.
Fonte: Podium
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