“O
papel dos dirigentes desportivos, em especial dos que desempenham essa função
em regime de voluntariado, tem vindo a ser gravemente subestimado apesar dos
evidentes sintomas das dificuldades de desempenho e de recrutamento”, explica
José Luís Ribeiro, Presidente da Direção da Associação de Ciclismo do Minho,
realçando que “com uma função social de reconhecida valia e imprescindíveis ao
funcionamento das coletividades e associações, os dirigentes são o motor do sistema
desportivo sem o qual os clubes e os atletas não teriam sequer a oportunidade
de experimentar e de praticar desporto e, muito menos, de alcançar os seus
feitos desportivos”.
Reportando-se
ao ciclismo, José Luís Ribeiro lembra que “sem ciclismo regional de formação,
movido por dirigentes desportivos voluntários, não existe ciclismo profissional
nem Volta a Portugal, sendo fundamental valorizar e incentivar o trabalho, o
esforço e a dedicação dos dirigentes”.
De
acordo com o dirigente minhoto, “habituados a beneficiar da participação cívica
e do trabalho voluntário dos dirigentes desportivos, a comunidade em geral e os
diversos poderes políticos não se coíbem de apresentar cada vez mais exigências
aos dirigentes desportivos voluntários, a quem não admitem falhas, mas
escondem-se na hora de os incentivar e apoiar”, lamentando a “inexistência de
formas de estimular e valorizar o papel dos dirigentes desportivos voluntários,
com medidas e ações a nível local e nacional que também contribuam para
melhorar as condições e a eficácia, tanto dos voluntários como das organizações
e instituições”.
“Os
dirigentes desportivos”, esclarece José Luís Ribeiro, “são a base da construção
do desporto e prestam à comunidade um serviço singular, mantendo ativos e
dinamizando projetos que contribuem, por exemplo, para a integração social, a
democratização da prática desportiva e a preservação dos valores do desporto”.
Contudo, prossegue, “os dirigentes desportivos voluntários, alicerces do
movimento associativo e prestadores de um serviço de interesse público,
permanecem incógnitos no leque de incentivos, reconhecimento e valorização
conferidos a outros agentes desportivos pelos diversos poderes”. “O próprio
Regime Jurídico das Federações Desportivas estabelece que as Assembleias Gerais
das Federações integrem representantes dos agentes desportivos (praticantes,
treinadores e árbitros) ignorando em absoluto os dirigentes desportivos, o
mesmo acontecendo nos planos de desenvolvimento e de distinção do mérito
desportivo, promovidos a nível local ou nacional”, denuncia o Presidente da
Associação de Ciclismo do Minho.
“Em
tempos idos, ser dirigente desportivo voluntário em associações, coletividades
e clubes era suficientemente aliciante para que abundassem interessados. As
associações detinham uma estimável capacidade de atração e mobilização que,
associada a uma predisposição dos cidadãos para a participação cívica,
favorecia o envolvimento e o desenvolvimento de projetos associativos. Com
relativa facilidade, os cidadãos identificavam-se e mobilizavam-se na procura
de soluções para colmatar lacunas coletivas e individuais, além de que as
alternativas para a ocupação dos tempos livres eram escassas e faziam com que
as sedes sociais tivessem alma e ocupação”, elucida José Luís Ribeiro afirmando
que “depois de períodos de forte pujança, os contextos alteraram-se
expressivamente e assiste-se a um gradual enfraquecimento do movimento
associativo, com a notória dificuldade de recrutamento de dirigentes
voluntários a ser um dos pilares (mas não apenas) dessa acentuada quebra”.
Na
opinião de José Luís Ribeiro “a continuidade do dirigismo voluntário e dos
próprios projetos associativos continuará em causa enquanto não surgirem
medidas concretas que, em paridade com outros agentes desportivos, conduzam a
um reconhecimento pleno da função dos dirigentes desportivos”. “Através desses
incentivos e valorização”, refere, “talvez seja viável, com as pessoas e para
as pessoas, encontrar fórmulas capazes de ressuscitar e de manter viva a
paixão, a criatividade e a dedicação dos dirigentes desportivos”.
A
ADDP – Associação de Dirigentes Desportivos de Portugal encontra-se na fase
final de criação e pretende representar, defender e valorizar os dirigentes
desportivos, estando igualmente prevista a sua atuação no âmbito da formação e
certificação e na organização de atividades desportivas, recreativas e
culturais.
Fonte:
ACM
Sem comentários:
Enviar um comentário