sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

“António Morgado fala de 2025, com um olhar para o que foi a sua época de estreia no World Tour: "Os médicos disseram-me que estava rebentado. Estava morto mesmo"


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

António Morgado vai para o seu segundo ano com a UAE Team Emirates - XRG, depois de um início de 2024 que deixou os portugueses de água na boca. Morgado fez várias clássicas empedradas depois de ter dito "que não gostava de as fazer", conseguindo resultados que demonstraram o potencial que ele tem como ciclista. Depois de ter conquistado um 2º lugar na Le Samyn, o bigode voador conquista uma lugar no Top-5 na Volta à Flandres.

O ciclista recordou que esteve doente no dia que antecedeu a corrida “No dia anterior estive doente, não consegui treinar nem comer. A equipa estava a meter a questão de correr ou não e lembro-me que nos primeiros 100 km o objetivo era entrar na fuga, porque a equipa acreditava que se entrasse na fuga podia discutir um top 20 porque a fuga já é apanhada quando o grupo já vai reduzido. Tentei, não consegui. Depois estava com os mesmos sintomas no dia anterior, fui ao carro médico”, disse.

“Fiz a corrida sozinho, se fosse uma câmara comigo o dia todo aí sim era impressionante porque o que fiz ali nunca mais vou fazer. Foi inacreditável, no meu ponto de vista. Vim sempre descolado nos últimos 55 km e fiz tudo sozinho”, recorda em entrevista ao Top Cycling. “Quando começou a parte dura estava em último, mas comecei a pensar ‘é hoje, é hoje, é hoje’. Depois do Koppenberg fiquei sozinho e a partir daí nunca me tinha sentido assim."

Morgado relembra algo que só alguns sabiam. "Uma curiosidade que só os meus amigos é que sabem: eu não sabia em que lugar estava, éramos três desde o Koppenberg, que foi a subida que fizemos a pé. Não conseguia subir, estava sempre a escorregar, a bater com os joelhos no chão e eu comecei a chora, toda a gente estava a ir embora, então eu pensei 'agora é que é’. Fui apanhando, apanhando, passava e eles não vinham comigo (…) Comecei a ouvir no rádio ‘Tim estás a lutar pelo pódio’ e eu pensei ‘isto é bom para nós’, mas depois vi o Tim 10 segundos à minha frente… ‘então, mas ele está a lutar pro pódio’. No Kwaremont, vou ser sincero, não vou estar aqui a mentir, não ia ao máximo, ia bem, num passo bom.”

O seu companheiro de equipa Nils Pollit fez segundo lugar, na corrida que Morgado afirmou ter sido a que se sentiu melhor e que foi ganha por Jan Tratnik da Team Visma | Lease a Bike: a Omloop Het Nieuwsblad.

Quanto aos Campeonatos do Mundo de estrada, onde teve uma prestação abaixo do esperado, referiu. "Não ia com aspiração nenhuma O mundial já sabia que não ia para ganhar, é uma corrida dura. Não tinha feito preparação nenhuma e tens de fazer uma preparação especifica", comentando também a sua prestação no Tour de l'Avenir "No tour de l'Avenir já sabia que não estava bem. Os médicos disseram-me que eu estava fatigado, estava rebentado, cansado, estava morto mesmo. Mas fui uma coisa a que me propus fazer e não ia voltar atrás. Logo na primeira etapa, numa etapa a rolar fiquei para trás por causa de problemas de estomago e depois..."

 

Objectivos para 2025

 

Os adeptos da modalidade terão de esperar mais um bocado para poder ver o jovem da UAE na linha de partida das Grandes Voltas. “Ainda não é este ano, acho que ainda não estou bem preparado para fazer uma grande volta. Tudo com calma. Em princípio irei fazer no próximo ano. Começo em Valência com provas de um dia, depois faço Maiorca, Figueira e Algarve. Não conheço as corridas. Aqui [em Valência] é mais para rodar, em Maiorca já há corridas mais duras, mas também com grande nível, vamos como é que corre.”

Como ele referiu, estará na Volta à Comunidade Valenciana, no Mallorca Challenge, na Clássica da Figueira e na Volta ao Algarve, mas adiantou algumas corridas por etapas onde marcará presença. "O meu calendário vai ser diferente, não vou fazer muitas clássicas, vou fazer corridas por etapas, corridas diferentes. Volta à Polónia, Renewi Tour, Volta à Suíça." refere.

Morgado este ano irá participar também em alguma Clássicas da Primavera, sem adiantar quais. Diz-se adepto de corridas longas, de 5/6 horas de esforço, lembrando a primeira 'longa' que participou: a Gent-Wevelgem in Flanders Fields (1.UWT). "Ganhei mais experiência com o tempo, gosto de fazer corridas maiores, mais longas, na Gent fiz mais de 250km"

O Caldense mostrou-se confiante e tem na equipa técnica as pessoas certas para que ele possa crescer de forma sustentada e sem pressas. "O meu treinador é especializado em clássicas e treino muito para clássicas", fazendo uma pequena viagem ao passado, com um olhar no futuro "Nos ultimos 2 anos tenho tido muito azar, duas taças das nações p

odia ter ganho e por causa de um furo fiquei de fora. Tinha-me preparado bem, mas furei nas duas," diz, para continuar depois com aquele seu jeito habitual de quem tem fome de vitórias "Gostava de ganhar tudo. Agora estou virado para as corridas de um dia"

 

Sobre Pogacar

 

Morgado tem na sua equipa grandes nomes, mas há um que consegue ganhar em qualquer tipo de terreno ou provas. Sejam Grandes Voltas, Clássicas, Monumentos ou Campeonatos Do Mundo, Tadej Pogacar é o nome de quem todos falam e falar do ciclista esloveno era inevitável "Pogacar é o maior de sempre. Nasci em 2004 e não vi os outros, mas para mim ele é o maior de sempre. Ele é uma pessoa simples. Com o que ele já ganhou podia ser o que quisesse, mas continua a ser uma pessoa muito simples"

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“O triatleta Kristian Blummenfelt afirma que o seu sonho de correr o Tour podia ter-se tornado realidade: "Fiquei limitado por causa de contratos pessoais"


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Kristian Blummenfelt, estrela do triatlo, causou sensação no mundo do ciclismo no ano passado, ao apresentar o seu plano para mudar de desporto para tentar uma vitória na Volta a França nos próximos anos. No entanto à medida que o arranque da época do World Tour 2025 se aproxima com o Tour Down Under, o norueguês de 30 anos ainda não conseguiu assinar contrato com nenhuma equipa.

"Analisámos as possibilidades, mas nada ficou concluído", revela Blummenfelt numa entrevista à TV2, sublinhando o facto da decisão final de não prosseguir a carreira no ciclismo ter sido uma decisão sua e não devido à falta de interesse de equipas. "É difícil dizer em percentagem exacta, mas falámos com algumas equipas e recebemos algumas ofertas. Por isso, poderia ter sido possível".

Outro factor decisivo para Blummenfelt foram as implicações financeiras que acarretaria a sua mudança para o ciclismo. "Bem, tenho contratos com uma marca de bicicletas que limitam as equipas pelas quais posso correr, por isso tive de me cingir aos contratos que tinha, os contratos com o período de vinculação mais longo", diz o campeão olímpico de 2021. "Tive de ver tudo em relação aos parceiros e aos contratos que tenho agora, mas, ao mesmo tempo, não é isso que me motiva. Se tivesse começado um novo projeto, teria sido o próprio desafio que me teria motivado... Mas sim, isso já não é um problema."

Voltar a dar o seu melhor no mundo do triatlo é agora o grande objetivo de Blummenfelt para 2025. "Tenho de me reerguer depois do fiasco de 2024. Foi um ano mau. Paris foi uma confusão, o Campeonato do Mundo do Ironman foi uma confusão, por isso sinto que tenho mais em mim. Não queria terminar a minha carreira no triatlo tão mal como no ano passado", afirma.

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“Nairo, eloquente: "O Giro dará mais espetáculo sem Pogacar"


Um Grand Tour é melhor sem os topos do ciclismo? Nairo, eloquente: "O Giro dará mais espetáculo sem Pogacar"

 

A renúncia de Jonas Vingegaard de participar do Giro d'Itália e a quase certa ausência de Tadej Pogacar trouxeram alívio para vários dos líderes da equipa, pois, suas chances de vencer ou, pelo menos, chegar ao pódio em um Grand Tour aumentaram, nomes como Primoz Roglic, Adam Yates, Juan Ayudo, Mikel Landa e Richard Carapaz lutarão pela vitória

E da mesma forma, um debate foi estabelecido: numa grande prova é mais divertida sem os grandes líderes, para Nairo Quintana, que estará como líder da Movistar na próxima camisola rosa, a resposta é sim.

 

Um Giro sem Pogacar

 

Durante a apresentação em Bogotá da sétima edição do Gran Fondo Nairo Fest, Quintana disse: "Atrevo-me a dizer isso e com o respeito com todos, será a prova que proporcionará o maior espetáculo das três grandes, porque muitos sabem que Tadej Pogacar estará no Tour de França".

É difícil quantificar o "espetáculo" de um Grand Tour, mas apesar das declarações de Quintana, viu-se que a ausência dos líderes nem sempre é garantia disso: um exemplo é o Giro de 2023, onde não houve luta pela classificação geral até às últimas etapas e que foi questionado pela falta de ataques dos líderes, da mesma forma, as lutas entre Pogacar e Vingegaard foram alguns dos melhores shows dos últimos anos, especialmente se ambos estiverem em na sua melhor forma, no entanto, é compreensível que Nairo pense assim, já que muitos ciclistas só conseguem ter oportunidades quando a dupla está ausente.

 

Objetivos de Nairo

 

"Todos os dias o Giro será uma grande surpresa, ataques, estratégias impressionantes. Temos que estar atentos e caçar em rios turbulentos", disse o ciclista colombiano, que destacou que seu objetivo será "a última semana e as fortes etapas de montanha na Itália".

Quintana será acompanhado novamente como em 2024 pelo seu compatriota, Einer Rubio, que também procurará suas oportunidades na classificação geral e nas vitórias de etapas. Desta forma, tentará melhorar a sua prestação do ano passado onde esteve perto de vencer a décima quinta etapa, terminando em segundo atrás de Pogacar.

 

Movistar "está no pódio” com, Mas no Tour

 

Sobre a sua equipa com a qual terá mais um ano de contrato, Quintana salientou que a Movistar é uma equipa "combativa" e que tentará vencer onde quer que concorra durante 2025. "O objetivo é sempre vencer, é para isso que estamos mentalmente preparados. Não gostamos de perder e vamos dar tudo de nós", disse ele.

Quintana destacou que no Tour onde o líder será Enric Mas, a equipa estará "tentando subir ao pódio", enquanto isso, na Volta a Espanha onde Quintana será o domestique de Mas, ele indicou que tem "uma grande responsabilidade, num grande desafio e sempre será tentar vencer".

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