Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
António Morgado vai para o seu
segundo ano com a UAE Team Emirates - XRG, depois de um início de 2024 que
deixou os portugueses de água na boca. Morgado fez várias clássicas empedradas
depois de ter dito "que não gostava de as fazer", conseguindo
resultados que demonstraram o potencial que ele tem como ciclista. Depois de
ter conquistado um 2º lugar na Le Samyn, o bigode voador conquista uma lugar no
Top-5 na Volta à Flandres.
O ciclista recordou que esteve
doente no dia que antecedeu a corrida “No dia anterior estive doente, não
consegui treinar nem comer. A equipa estava a meter a questão de correr ou não
e lembro-me que nos primeiros 100 km o objetivo era entrar na fuga, porque a
equipa acreditava que se entrasse na fuga podia discutir um top 20 porque a
fuga já é apanhada quando o grupo já vai reduzido. Tentei, não consegui. Depois
estava com os mesmos sintomas no dia anterior, fui ao carro médico”, disse.
“Fiz a corrida sozinho, se
fosse uma câmara comigo o dia todo aí sim era impressionante porque o que fiz
ali nunca mais vou fazer. Foi inacreditável, no meu ponto de vista. Vim sempre
descolado nos últimos 55 km e fiz tudo sozinho”, recorda em entrevista ao Top
Cycling. “Quando começou a parte dura estava em último, mas comecei a pensar ‘é
hoje, é hoje, é hoje’. Depois do Koppenberg fiquei sozinho e a partir daí nunca
me tinha sentido assim."
Morgado relembra algo que só
alguns sabiam. "Uma curiosidade que só os meus amigos é que sabem: eu não
sabia em que lugar estava, éramos três desde o Koppenberg, que foi a subida que
fizemos a pé. Não conseguia subir, estava sempre a escorregar, a bater com os
joelhos no chão e eu comecei a chora, toda a gente estava a ir embora, então eu
pensei 'agora é que é’. Fui apanhando, apanhando, passava e eles não vinham
comigo (…) Comecei a ouvir no rádio ‘Tim estás a lutar pelo pódio’ e eu pensei
‘isto é bom para nós’, mas depois vi o Tim 10 segundos à minha frente… ‘então,
mas ele está a lutar pro pódio’. No Kwaremont, vou ser sincero, não vou estar
aqui a mentir, não ia ao máximo, ia bem, num passo bom.”
O seu companheiro de equipa
Nils Pollit fez segundo lugar, na corrida que Morgado afirmou ter sido a que se
sentiu melhor e que foi ganha por Jan Tratnik da Team Visma | Lease a Bike: a
Omloop Het Nieuwsblad.
Quanto aos Campeonatos do
Mundo de estrada, onde teve uma prestação abaixo do esperado, referiu.
"Não ia com aspiração nenhuma O mundial já sabia que não ia para ganhar, é
uma corrida dura. Não tinha feito preparação nenhuma e tens de fazer uma preparação
especifica", comentando também a sua prestação no Tour de l'Avenir
"No tour de l'Avenir já sabia que não estava bem. Os médicos disseram-me
que eu estava fatigado, estava rebentado, cansado, estava morto mesmo. Mas fui
uma coisa a que me propus fazer e não ia voltar atrás. Logo na primeira etapa,
numa etapa a rolar fiquei para trás por causa de problemas de estomago e
depois..."
Objectivos
para 2025
Os adeptos da modalidade terão
de esperar mais um bocado para poder ver o jovem da UAE na linha de partida das
Grandes Voltas. “Ainda não é este ano, acho que ainda não estou bem preparado
para fazer uma grande volta. Tudo com calma. Em princípio irei fazer no próximo
ano. Começo em Valência com provas de um dia, depois faço Maiorca, Figueira e
Algarve. Não conheço as corridas. Aqui [em Valência] é mais para rodar, em
Maiorca já há corridas mais duras, mas também com grande nível, vamos como é
que corre.”
Como ele referiu, estará na
Volta à Comunidade Valenciana, no Mallorca Challenge, na Clássica da Figueira e
na Volta ao Algarve, mas adiantou algumas corridas por etapas onde marcará
presença. "O meu calendário vai ser diferente, não vou fazer muitas
clássicas, vou fazer corridas por etapas, corridas diferentes. Volta à Polónia,
Renewi Tour, Volta à Suíça." refere.
Morgado este ano irá
participar também em alguma Clássicas da Primavera, sem adiantar quais. Diz-se
adepto de corridas longas, de 5/6 horas de esforço, lembrando a primeira
'longa' que participou: a Gent-Wevelgem in Flanders Fields (1.UWT).
"Ganhei mais experiência com o tempo, gosto de fazer corridas maiores,
mais longas, na Gent fiz mais de 250km"
O Caldense mostrou-se
confiante e tem na equipa técnica as pessoas certas para que ele possa crescer
de forma sustentada e sem pressas. "O meu treinador é especializado em
clássicas e treino muito para clássicas", fazendo uma pequena viagem ao passado,
com um olhar no futuro "Nos ultimos 2 anos tenho tido muito azar, duas
taças das nações p
odia ter ganho e por causa de
um furo fiquei de fora. Tinha-me preparado bem, mas furei nas duas," diz,
para continuar depois com aquele seu jeito habitual de quem tem fome de
vitórias "Gostava de ganhar tudo. Agora estou virado para as corridas de
um dia"
Sobre
Pogacar
Morgado tem na sua equipa
grandes nomes, mas há um que consegue ganhar em qualquer tipo de terreno ou
provas. Sejam Grandes Voltas, Clássicas, Monumentos ou Campeonatos Do Mundo,
Tadej Pogacar é o nome de quem todos falam e falar do ciclista esloveno era
inevitável "Pogacar é o maior de sempre. Nasci em 2004 e não vi os outros,
mas para mim ele é o maior de sempre. Ele é uma pessoa simples. Com o que ele
já ganhou podia ser o que quisesse, mas continua a ser uma pessoa muito
simples"
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