Alemão recorda como estava generalizado o consumo de substâncias proibidas na sua era
Por: Fábio Lima
Foto: Getty Images
Estreia no final deste mês um
documentário sobre a vida e carreira de Jan Ullrich, um título que deverá
passar em revista os anos dourados do antigo ciclista, mas principalmente a
queda de um dos nomes que marcou uma era na modalidade. Tanto pelos resultados
que obteve, como pelas batalhas com Lance Armstrong, mas acima de tudo por
conta do facto de, nesse período, o consumo de doping ser algo visto como
generalizado. E é sem rodeios que o antigo ciclista, agora com 49 anos, fala
sobre o tema numa entrevista à revista alemã 'Stern'.
"Percebi
muito rapidamente que o doping estava muito generalizado. Disseram-me que eu
era bom, tinha um grande talento, que treinava com muita dedicação e que tinha
todas as capacidades necessárias. Mas também me disseram que se queria
manter-me ali teria de participar", disse o antigo
ciclista. O "participar" era, claro, nos esquemas de doping, que o antigo
ciclista alemão, que se notabilizou na equipa Team Telekom, aproveita para
falar de uma forma peculiar: "A perceção
generalizada naquela altura era que, sem nenhuma ajuda, seria como ir para um
tiroteio armado só com uma faca".
"Pensava-se
'se não fizeres isso, como é que vais sobreviver numa corrida?' Então, vais no
pelotão e sabes que provavelmente és um dos únicos que não tem nada e, por
isso, tens zero chances de ganhar", acrescentou.
Ullrich, recorde-se, venceu o
Tour de 1997 e a Vuelta de 1999, tendo sido em 2006 suspenso por dois anos
devido a ligações ao médico espanhol Eufemiano Fuentes, no âmbito da chamada 'Operación Puerto'. Sobre esse caso, o
alemão assume-se arrependido de nunca ter falado publicamente da situação na
altura, justificando o seu silêncio por não querer ser um traidor. "Os meus advogados aconselharam-me a ficar em
silêncio. Segui o seu conselho, mas sofri as consequências durante muito tempo.
Devia ter falado. Teria sido muito duro por um momento, mas depois a vida teria
sido mais fácil. Não queria dizer meias-verdades, mas também não queria dizer a
verdade absoluta. Sabia que as vidas deles, de familiares e amigos, dependiam
disso".
Fonte: Record on-line
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