A centenária prova foi adiada
devido à pandemia de COVID-19. A realização da prova só tinha sido suspensa por
duas ocasiões, aquando das duas guerras mundiais.
O 'Inferno do Norte' está
fechado, mas aqueles que o adoram não conseguem lidar com o facto de a dor
poder ter terminado por agora.
Paris-Roubaix, uma das provas
clássicas de um dia de ciclismo, iria realizar-se este domingo, mas foi adiada
no mês passado devido à pandemia de COVID-19.
Fala-se em realizar a prova,
também conhecida como a 'Rainha das Clássicas', no outono, talvez logo em
setembro.
"Quando o desporto
recomeçar, vamos precisar de grandes eventos", disse Marc Madiot, o
francês que venceu a corrida em 1985 e 1991, à Agence France-Presse.
"Estamos todos com apetite. Não estou preocupado com o seu sucesso. A
magia vai continuar a aparecer".
Boa parte do percurso da prova
é realizada em antigas estradas cobertas dos paralelepípedos que marcam esta
corrida. O tempo soalheiro significa que os corredores poderiam novamente
'lutar' por seis horas, pelo meio de uma nuvem de poeira. A última edição
lamacenta decorreu em 2002.
Ansioso pela corrida no
outono, Madiot, que dirige a equipa francesa da Groupama-FDJ, afirmou que
"As cartas vão ser novamente baralhadas".
"O contexto vai mudar, a
atmosfera também será diferente e será uma nova equação para os ciclistas. Pela
primeira vez, os corredores terão, provavelmente, uma grande volta nas pernas
antes de começarem. Estou muito curioso para ver como vai ser", disse.
Só as
guerras tinham parado esta clássica
A corrida só tinha sido
suspensa por duas vezes na sua história: a primeira vez, por quatro anos,
devido à I Guerra Mundial e depois entre 1940 e 1942 durante a II Guerra
Mundial.
Na sua autobiografia, Madiot
usa uma série de referências bélicas para descrever a corrida, chamando-lhe uma
"luta de facas", "as trincheiras" e um "combate corpo
a corpo".
A linguagem invoca a corrida
de 1919, quando a corrida foi retomada pelo meio de uma região devastada por
quatro anos de luta, e um jornalista do jornal patrocinador da prova, o
'L'Auto, batizou-a com a alcunha de "Batalha do Norte".
Jean-Marie Leblanc, diretor do
Tour de France entre 1989 e 2006, descreveu o cenário no seu livro sobre
Paris-Roubaix.
"Não existem mais campos,
não existem cercas, não existem árvores, ou só muito poucas, só existem
buracos, carcaças, trincheiras e arame farpado", escreveu.
O vencedor de 1919, Henri
Pelissier tornou o contexto claro.
"Isto já não é uma
corrida, é uma peregrinação", disse.
Octave Lapiza, três vezes
vencedor entre 1909 e 1911, morreu num combate aéreo a 14 de julho de 1917.
Francois Faber, vencedor em 1913, faleceu na frente de combate em 1915.
Quando a corrida foi retomada
em 1942, sob ocupação alemã, foi vencida pelo belga Marcel Kint, que envergou a
camisola arco-iris por sete anos, uma vez que os campeonatos mundiais de
estrada não foram realizados entre 1939 e 1946.
Segundo o belga, ele seguiu na
bicicleta até casa e quando chegou a casa a sua família e amigos não
acreditaram que tinha vencido a Paris-Roubaix.
Fonte: Sapo on-line
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