Com recordista caravana de 1684
participantes em mais de 1500 motos, a 18.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés
ligou Albufeira a Vila Pouca de Aguiar, com passagem pelo Luso e Buçaco, em
1000 quilómetros de descoberta. De novas paisagens e sabores, de novas estradas
e monumentos, de novos recantos e amizades. Tudo servido em doses generosas, em
duas etapas de configuração bem diferente na chegada à maioridade, mantendo
intacta capacidade de reinvenção a cada ano que passa, em aventura que nunca se
repete.
O maior pelotão de sempre na maior
maratona mototurística da Europa garantiu números astronómicos. Ao todo, mais
de milhão e meio de quilómetros na travessia de Portugal Continental à moda
antiga, iniciado com Passeio de Abertura que mostrou o concelho albufeirense,
desde os icónicos locais de diversão noturna das décadas de 1980 ou 09 até à atualidade,
como o Kiss ou o Kadoc, passando pelas mais famosas praias, de Olhos de Água à
Falésia, da Galé a St.ª Eulália. Pelo meio tempo para molhar os pés no primeiro
dos 20 postos do controlo do evento organizado pela Comissão de Mototurismo da
Federação de Motociclismo de Portugal, com excelente encenação dos sempre
bem-dispostos elementos do Moto Clube de Albufeira.
Tempo também para as cerca de duas
centenas de mototuristas espanhóis, de vários franceses, holandeses, polacos,
sul-africanos, brasileiros, angolanos, italianos, eslovenos, suíços e de outras
nacionalidades provarem cerveja artesanal algarvia com sugestivo nome de
Marafada ou os doces regionais da Santa Casa da Misericórdia da Albufeira. O
momento histórico do dia centrou-se na visita ao Castelo de Paderne, um “hisn”,
pequena fortificação rural fundada pelos almóadas na segunda metade do século
XII e o último bastião árabe conquistado em território nacional e que, por
isso, mereceu honra de ser um dos sete castelos representados na bandeira nacional.
O pequeno farol da Ponta de Baleeira foi
outro dos pontos mostrado com orgulho pelo presidente da Câmara Municipal de
Albufeira e motociclista convicto, Carlos Eduardo da Silva e Sousa à longa
lista de participantes que inclui nomes bem conhecidos de outras áreas como
Cândido Barbosa, o ciclista português com maior número de vitórias, Armindo
Araújo, o bicampeão mundial de ralis da categoria Produção, ou o ator Alexandre
Martins. E que se fizeram à estrada juntamente com 14 condutoras, o presidente
da Câmara Municipal de Sabrosa, José Marques, e o vice-presidente da CM
Paredes, Pedro Mendes, bem como os aventureiros que alinharam aos comandos de
pequenos ciclomotores de 50 cc de fabrico nacional ou nas eternas Vespa, em
aventura bem lusitana, forma ímpar de festejar o Dia de Portugal, de Camões e
das Comunidades.
Prazer de condução ímpar na mais longa
ligação do Lés-a-Lés, entre a costa algarvia e a Serra do Buçaco
Com 13 horas de duração, tempo suficiente
para ligar Albufeira à cidade francesa de Bordéus, dentro dos limites de
velocidade, a primeira etapa do 18.º Portugal de Lés-a-Lés foi pródiga em bons
momentos de condução. Muito por culpa da N2, a fabulosa estrada que é a maior
do País, ligando Chaves ao centro de Faro ao longo de 738,5 quilómetros de bom
piso e muitas curvas.
Jornada madrugadora na mais longa etapa da
história da maratona organizada pela Federação de Motociclismo de Portugal, em
ligação de Albufeira ao Bussaco Palace Hotel ao longo de 553 quilómetros, dia
que surpreendeu os mais de 1650 motociclistas que começaram a partir da Praia
dos Pescadores às 5 horas e 30 minutos, ainda noite escura. O anunciado calor
que prometia tornar a etapa em verdadeiro inferno acabou por não se
concretizar, fintando as previsões meteorológicas, para dar lugar a um tempo
fresco, agradável para a prática da modalidade, e até ameaças de chuva.
Pingos que não intimidaram ninguém, com os fatos de chuva mantidos bem no fundo
das malas, rolando sem preocupações de maior em verdadeiras estradas à Lés-a-Lés.
Como o troço da N396 pleno de curvas sensuais, bem à medida dos motociclistas
mais maduros, debruado a ciprestes, sobreiros e medronheiros e cujos atributos
valeram ser rebatizado de “estrada Sofia Loren”.
Travessia do barrocal algarvio e regresso
à N2 com o troço entre S. Brás de Alportel e Almodôvar, classificado em 2003
como a primeira e única Estrada Património. Criada em 1945 como importante
espinha dorsal do ainda incipiente sistema rodoviário nacional, a N2 atravessa
11 distritos, 38 concelhos, oito províncias, quatro serras e 11 rios. E serviu
para abrir apetite para um café e bolos regionais na sede do Moto Clube de
Almodôvar, primeira paragem de dia longo, abastecido à base de cafeína,
petiscos ligeiros e muita água. Momentos de paragem que ajudam, também, a
recuperar o fôlego, sempre envolvidos por soberbas paisagens como a apreciada
das margens da Barragem do Roxo, onde a SW-Motech ajudou a servir mais uma
petisquice. Ou por tesouros patrimoniais como a Igreja Nossa Senhora da
Conceição, em Ferreira do Alentejo, ou a imponente Igreja Matriz das Alcáçovas,
monumento de tamanha grandeza que quase abafa a centenária povoação...
Pelo meio tempo para mais «brincadeiras»
como a protagonizada por elementos de dois dos mais antigos e ativos moto clubes
do País, com o Moto Clube do Porto a aconselhar curas de emagrecimento para
conseguir passar em estreita viela em Torrão, enquanto os Motards do Ocidente,
fazendo alarde da sua antiguidade, disfarçaram-se de homens pré-históricos para
controlar a Anta de Pavia. Mas, numa etapa que por força da distância entre
Albufeira e o Luso/Bussaco, foi traçada o mais a direito possível, não podiam
faltar uns quantos desvios para visitar marcos importantes como o Castelo de
Arraiolos, de singular arquitetura de planta elíptica, onde a Honda recebeu
todos os motociclistas com deliciosas empadas de frango e fresca salada de
fruta. Comida ligeira porque vinham aí os momentos radicais do dia, com a
travessia da Ribeira de Sor através de espetacular ponte pedonal de design
futurista, mesmo antes da passagem a vau da Ribeira da Margem onde foi possível
molhar… as rodas das motos e os pés dos condutores. Desvio pensado pelos
diretores do CCRD Ferraria, que fizeram jus à excelente organização da prova do
Nacional de Todo-o-Terreno e marcaram um pequeno percurso em terra e areia
solta que fez as delícias dos mais experientes nestas coisas do off-road
e deixou os nervos em franja aos menos rodados.
Vá lá que a paragem em Gavião ajudou a
restabelecer o ritmo cardíaco de uns e deu tempo para contar as estórias de
outros, preparando continuação de viagem que teve estreante travessia do Tejo
através da Ponte de Alvega, vislumbrando as torres da Central Termo Elétrica
que consome carvão e gás natural chegados do porto de Sines. E, sem parar no
Picoto da Milriça, ponto obrigatório das primeiras edições do Lés-a-Lés, a
caravana passou, ao longo de mais de 4 horas, mesmo ao lado do Centro Geodésico
de Portugal rumo à Sertã.
Mas o melhor estava para chegar, com a
radical visita à ponte Filipina sobre o rio Zêzere, estreia absoluta no
Lés-a-Lés e que sublinha o espírito inicial de mostrar como se percorria o País
nos tempos de antanho. A única ligação existente entre Pedrogão Pequeno e
Pedrogão Grande, que é como quem diz, entre os distritos de Castelo Branco e
Leiria. Entre ancestrais muros de pedra e enormes sobreiros, através de muito
íngreme descida empedrada, foram os mais corajosos (por acaso a grande maioria
dos participantes!) até à ponte construída em 1610 e que só deixou de ser utlizada
em 1970, com a construção da barragem do Cabril. E como depois de uma descida
há, quase sempre, uma subida, tempo para transpirar rampa acima até à Ermida da
Nossa Senhora dos Milagres onde Oásis Bomcar, concessionário BMW em Leiria,
permitia relaxar e refrescar a garganta.
Próximo destino: Góis! Palco de uma das
mais agradáveis concentrações nacionais, o espaço junto ao rio Ceira onde está
a nova e belíssima sede do Góis Moto Clube, acolheu a última paragem antes da
entrada na Mata Nacional do Bussaco, onde apenas houve tempo para vislumbrar
pequena porção dos 105 hectares murados. Local do último controlo do dia, feito
por soldados napoleónicos mesmo em frente ao Palace Hotel e pouco depois de
passagem à porta do Museu Militar. Visita possível graças ao apoio da Fundação
Mata do Bussaco, com os sensibilizados motociclistas a retribuírem com
importante apoio que ajudará a manutenção de tão importante património
botânico. Tempo ainda para apreciar, do lado de fora, o palácio construído a
partir de 1885 e que desde 1917 é considerado como um dos mais românticos e
belos hotéis do Mundo, antes de descer até ao Luso, com palanque instalado
mesmo junto à fonte da não menos famosa água. Local onde a associação de
hoteleiros e amigos do Luso, Aqua Cristalina preparou agradável festa para a
receção de todos os participantes, portugueses, espanhóis, suíços, italianos,
polacos, sul-africanos, eslovenos, brasileiros, angolanos e de outras
nacionalidades.
Mototurismo de eleição desde a fonte da
água do Luso até à nascente das Pedras Salgadas
Com promessas de uma tirada mais
tranquila, com mais e maiores pausas ao longo do dia, a ligação entre o Luso e
Vila Pouca de Aguiar, ou melhor junto mesmo à nascente da água das Pedras
Salgadas, cumpriu expectativas de ritmo mais mototurístico. Ainda assim,
jornada exigente por força de percurso com poucas rectas e muitas, imensas
curvas ao longo dos pouco menos de 300 quilómetros que ligam as mais famosas
águas termais portuguesas. Em dia que nada nem ninguém meteu água…
Tempo de rumar mais para interior do mapa
nacional, com forte nevoeiro matinal a impedir desfrutar na plenitude da
luxuriante serra do Bussaco, conferindo aura de ambiente quase místico, que se
acentuaria na lagoa da Barragem da Aguieira. Arranque ao longo da curvilínea
estrada N234 que haveria de levar a caravana, ainda meio ensonada, até Mortágua
e daí até Santa Comba Dão. Terra «colocada no mapa» pelo seu cidadão mais
conhecido, António de Oliveira Salazar, figura incontornável da História de
Portugal, com direito a conhecer o local onde nasceu e o sítio onde jaz o
estadista.
Animação bem maior em São João de Areias
onde os motociclistas foram brindados com espetáculo de qualidade realmente
surpreendente. A Khaganiço Orchestra é uma banda que permite aos jovens músicos
da Sociedade Filarmónica Fraternidade de S. João de Areias experimentarem novos
caminhos, extrapolando a formação musical mais clássica com bem conseguidos
arranjos de muitos sucessos. “Hits” portugueses como internacionais,
reformulados sempre com recurso aos instrumentos mais habituais numa orquestra
filarmónica do que em banda pop ou rock. Pelo caminho, oportunidade para dar os
bons-dias aos habitantes acordados por tão madrugadora algazarra que,
estremunhados e plenos de curiosidade, não hesitaram em sair da cama em pijama
para acenar aos aventureiros que passavam.
Foi preciso chegar às Minas da Urgeiriça,
que ainda tem mais de 300 toneladas de urânio armazenadas e um túnel de quatro
quilómetros até Nelas, para começar a vislumbrar o sol que haveria de
acompanhar a bem disposta turba até ao norte de Portugal. Céu limpo para melhor
apreciar a espantosa vila de Santar, uma das que no nosso País possui maior
número de solares e casas brasonadas, incluindo o Paço dos Cunhas, galardoado
em 2009 como melhor local de enoturismo em solo nacional e onde estava
instalado o Oásis da Yamaha. Penalva do Castelo e Satão foram os pontos
seguintes no mapa da edição 2016 do Portugal de Lés-a-Lés, com nova e rápida
estrada até à surpreendente praia fluvial em Vila Cova à Coelheira. Onde a
beleza do rio Covo é engrandecida com muito aprazível espaço envolvente, onde a
Antero, concessionário BMW em Vila Nova de Gaia, acolheu os mais de 1650
mototuristas. E, não fosse o diabo tecê-las, contou com a ajuda de «duas» nadadoras
salvadoras, no mais puro estilo Bay Watch (ou Marés Vivas, que para o caso vai
dar ao mesmo…) que ofereciam a possibilidade de tirar uma fotografia em todo o
seu esplendor ao mesmo tempo que colocam mais um furo na tarjeta que atesta o
cumprimento da totalidade do percurso da grande maratona.
Mais surpresas em insuspeita aldeia de
nome Pendilhe onde os canastros, variante em madeira de construção para guardar
o milho e também conhecidos por espigueiros, e o museu propositadamente aberto
ao sábado para visitantes motociclistas, anteciparam agradável petisquice de
bola de carne e outras joias da culinária regional. Com frondosa vegetação a
fazer questionar se ainda seria o mesmo País da Albufeira que viu partir os
motards, lá foi o trajeto alternando entre a omnipresente N2 e muitas outras
estradas de nome (perdão, número…) menos sonante mas nem por isso menos
entusiasmantes. Lazarim, mesmo sem os caretos que por ali animam o Entrudo mas
com os amigos do Moto Clube de Prado; Lalim e as suas casas brasonadas; ou
Dalvares e a Casa do Paço onde funciona o Museu do Espumante; foram aperitivos
para nova visita à Ponte e Torre de Ucanha, fonte de inspiração para a Via
Verde, criando as portagens há muitos séculos. Exemplo marcante do peso
histórico da região é ainda o mosteiro de Salzedas, localidade que se destaca
também pela surpreendente e muitas vezes esquecida judiaria medieval e onde foi
possível entrar depois de pedir a chave à senhora do café em frente. Vá lá que
os Moto Galos de Barcelos chegaram mais cedo e preparam tudo!
Atravessado o rio Douro na barragem da
Régua, também conhecida como de Bagaúste, rumou a caravana em jeito de
verdadeiro carrossel motorizado subindo as encostas durienses, com a ajuda do
Moto Clube da Régua, em direção à Meca dos Xassos, onde a 23 e 24 de Julho se
realizam as “3 Horas de Resistência de 50 cc”. Prova que mostra a enorme paixão
que se vive em Fontes pelos desportos motorizados e que atrai dezenas de
pilotos e milhares de espectadores, transformando por completo a pequena
localidade do concelho de Santa Marta de Penaguião. E já que de corridas se
fala, nota para a passagem no circuito de Vila Real, apreciando os últimos
retoques, da pintura dos corretores de trajetória à colocação de rails e redes
de segurança, a pensar na próxima jornada do Mundial de Carros de Turismo
(WTCC) que chega à capital transmontana a 24 de Junho para intenso
fim-de-semana de competição.
Ligação que colocou à prova as pequenas
mas esforçadas cinquentinhas e até diversas 125 cc, com as íngremes subidas a
Fontes e a escalada da serra do Marão pela menos conhecida e mais exigente das
encostas. Do novíssimo túnel do Marão que completou a A4, apenas um rápido
vislumbre que o Lés-a-Lés é passeio para outras estradas, recordando como se
viajava em Portugal no tempo dos nossos avós.
Vias rodoviárias que, com renovado asfalto
e uma ou outra alteração de traçado, foram utilizadas na caminhada até Vila
Pouca de Aguiar, passando pelo vale de Jales, que já viveu dias de maior
animação, quando o complexo mineiro ali laborava a todo o vapor na extração
aurífera, e por deliciosa vegetação, dos muitos carvalhos aos pinheiros do
Oregon. Vila que já se prepara para a partida da edição de 2017 do Portugal de
Lés-a-Lés, faltando apenas confirmar a data exata que, como acontece desde
1999, será algures no mês de Junho. E daí até ao derradeiro palanque, instalado
mesmo ao lado da nascente das águas das Pedras Salgadas, foi um saltinho, com
direito a passeio para desentorpecer as pernas no Parque Termal, onde o Rei D.
Carlos tanto gostava de passar largas temporadas. Agora foram os motociclistas
reis e senhores deste espaço, ponto final de aventura intensa, com duas etapas
bem diferentes, do longo esticão de Sul ao Centro no primeiro dia, ao mais
requintado espírito mototurístico da ligação a Norte. Mas sempre com o
entusiasmo que só o Portugal de Lés-a-Lés consegue despertar.
Maior caravana de sempre na 18.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés
da animação de Albufeira à tranquilidade de V. Pouca de Aguiar
A maioridade de aventura ímpar
Com recordista caravana de 1684
participantes em mais de 1500 motos, a 18.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés
ligou Albufeira a Vila Pouca de Aguiar, com passagem pelo Luso e Buçaco, em
1000 quilómetros de descoberta. De novas paisagens e sabores, de novas estradas
e monumentos, de novos recantos e amizades. Tudo servido em doses generosas, em
duas etapas de configuração bem diferente na chegada à maioridade, mantendo
intacta capacidade de reinvenção a cada ano que passa, em aventura que nunca se
repete.
O maior pelotão de sempre na maior
maratona mototurística da Europa garantiu números astronómicos. Ao todo, mais
de milhão e meio de quilómetros na travessia de Portugal Continental à moda
antiga, iniciado com Passeio de Abertura que mostrou o concelho albufeirense,
desde os icónicos locais de diversão noturna das décadas de 1980 ou 09 até à
atualidade, como o Kiss ou o Kadoc, passando pelas mais famosas praias, de
Olhos de Água à Falésia, da Galé a St.ª Eulália. Pelo meio tempo para molhar os
pés no primeiro dos 20 postos do controlo do evento organizado pela Comissão de
Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal, com excelente encenação
dos sempre bem-dispostos elementos do Moto Clube de Albufeira.
Tempo também para as cerca de duas
centenas de mototuristas espanhóis, de vários franceses, holandeses, polacos,
sul-africanos, brasileiros, angolanos, italianos, eslovenos, suíços e de outras
nacionalidades provarem cerveja artesanal algarvia com sugestivo nome de
Marafada ou os doces regionais da Santa Casa da Misericórdia da Albufeira. O
momento histórico do dia centrou-se na visita ao Castelo de Paderne, um “hisn”,
pequena fortificação rural fundada pelos almóadas na segunda metade do século
XII e o último bastião árabe conquistado em território nacional e que, por
isso, mereceu honra de ser um dos sete castelos representados na bandeira
nacional.
O pequeno farol da Ponta de Baleeira foi
outro dos pontos mostrado com orgulho pelo presidente da Câmara Municipal de
Albufeira e motociclista convicto, Carlos Eduardo da Silva e Sousa à longa
lista de participantes que inclui nomes bem conhecidos de outras áreas como
Cândido Barbosa, o ciclista português com maior número de vitórias, Armindo
Araújo, o bicampeão mundial de ralis da categoria Produção, ou o ator Alexandre
Martins. E que se fizeram à estrada juntamente com 14 condutoras, o presidente
da Câmara Municipal de Sabrosa, José Marques, e o vice-presidente da CM
Paredes, Pedro Mendes, bem como os aventureiros que alinharam aos comandos de pequenos
ciclomotores de 50 cc de fabrico nacional ou nas eternas Vespa, em aventura bem
lusitana, forma ímpar de festejar o Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades.
Prazer de condução ímpar na mais longa
ligação do Lés-a-Lés, entre a costa algarvia e a Serra do Buçaco
Com 13 horas de duração, tempo suficiente
para ligar Albufeira à cidade francesa de Bordéus, dentro dos limites de
velocidade, a primeira etapa do 18.º Portugal de Lés-a-Lés foi pródiga em bons
momentos de condução. Muito por culpa da N2, a fabulosa estrada que é a maior
do País, ligando Chaves ao centro de Faro ao longo de 738,5 quilómetros de bom
piso e muitas curvas.
Jornada madrugadora na mais longa etapa da
história da maratona organizada pela Federação de Motociclismo de Portugal, em
ligação de Albufeira ao Bussaco Palace Hotel ao longo de 553 quilómetros, dia
que surpreendeu os mais de 1650 motociclistas que começaram a partir da Praia
dos Pescadores às 5 horas e 30 minutos, ainda noite escura. O anunciado calor
que prometia tornar a etapa em verdadeiro inferno acabou por não se
concretizar, fintando as previsões meteorológicas, para dar lugar a um tempo
fresco, agradável para a prática da modalidade, e até ameaças de chuva.
Pingos que não intimidaram ninguém, com os fatos de chuva mantidos bem no fundo
das malas, rolando sem preocupações de maior em verdadeiras estradas à
Lés-a-Lés. Como o troço da N396 pleno de curvas sensuais, bem à medida dos
motociclistas mais maduros, debruado a ciprestes, sobreiros e medronheiros e
cujos atributos valeram ser rebatizado de “estrada Sofia Loren”.
Travessia do barrocal algarvio e regresso
à N2 com o troço entre S. Brás de Alportel e Almodôvar, classificado em 2003
como a primeira e única Estrada Património. Criada em 1945 como importante
espinha dorsal do ainda incipiente sistema rodoviário nacional, a N2 atravessa
11 distritos, 38 concelhos, oito províncias, quatro serras e 11 rios. E serviu
para abrir apetite para um café e bolos regionais na sede do Moto Clube de
Almodôvar, primeira paragem de dia longo, abastecido à base de cafeína,
petiscos ligeiros e muita água. Momentos de paragem que ajudam, também, a
recuperar o fôlego, sempre envolvidos por soberbas paisagens como a apreciada
das margens da Barragem do Roxo, onde a SW-Motech ajudou a servir mais uma
petisquice. Ou por tesouros patrimoniais como a Igreja Nossa Senhora da
Conceição, em Ferreira do Alentejo, ou a imponente Igreja Matriz das Alcáçovas,
monumento de tamanha grandeza que quase abafa a centenária povoação...
Pelo meio tempo para mais «brincadeiras»
como a protagonizada por elementos de dois dos mais antigos e ativos moto
clubes do País, com o Moto Clube do Porto a aconselhar curas de emagrecimento
para conseguir passar em estreita viela em Torrão, enquanto os Motards do
Ocidente, fazendo alarde da sua antiguidade, disfarçaram-se de homens
pré-históricos para controlar a Anta de Pavia. Mas, numa etapa que por força da
distância entre Albufeira e o Luso/Bussaco, foi traçada o mais a direito
possível, não podiam faltar uns quantos desvios para visitar marcos importantes
como o Castelo de Arraiolos, de singular arquitetura de planta elíptica, onde a
Honda recebeu todos os motociclistas com deliciosas empadas de frango e fresca
salada de fruta. Comida ligeira porque vinham aí os momentos radicais do dia,
com a travessia da Ribeira de Sor através de espetacular ponte pedonal de
design futurista, mesmo antes da passagem a vau da Ribeira da Margem onde foi
possível molhar… as rodas das motos e os pés dos condutores. Desvio pensado
pelos diretores do CCRD Ferraria, que fizeram jus à excelente organização da
prova do Nacional de Todo-o-Terreno e marcaram um pequeno percurso em terra e
areia solta que fez as delícias dos mais experientes nestas coisas do off-road
e deixou os nervos em franja aos menos rodados.
Vá lá que a paragem em Gavião ajudou a
restabelecer o ritmo cardíaco de uns e deu tempo para contar as estórias de
outros, preparando continuação de viagem que teve estreante travessia do Tejo
através da Ponte de Alvega, vislumbrando as torres da Central Termo Elétrica
que consome carvão e gás natural chegados do porto de Sines. E, sem parar no
Picoto da Milriça, ponto obrigatório das primeiras edições do Lés-a-Lés, a
caravana passou, ao longo de mais de 4 horas, mesmo ao lado do Centro Geodésico
de Portugal rumo à Sertã.
Mas o melhor estava para chegar, com a
radical visita à ponte Filipina sobre o rio Zêzere, estreia absoluta no
Lés-a-Lés e que sublinha o espírito inicial de mostrar como se percorria o País
nos tempos de antanho. A única ligação existente entre Pedrogão Pequeno e
Pedrogão Grande, que é como quem diz, entre os distritos de Castelo Branco e
Leiria. Entre ancestrais muros de pedra e enormes sobreiros, através de muito
íngreme descida empedrada, foram os mais corajosos (por acaso a grande maioria
dos participantes!) até à ponte construída em 1610 e que só deixou de ser
utlizada em 1970, com a construção da barragem do Cabril. E como depois de uma
descida há, quase sempre, uma subida, tempo para transpirar rampa acima até à
Ermida da Nossa Senhora dos Milagres onde Oásis Bomcar, concessionário BMW em
Leiria, permitia relaxar e refrescar a garganta.
Próximo destino: Góis! Palco de uma das
mais agradáveis concentrações nacionais, o espaço junto ao rio Ceira onde está
a nova e belíssima sede do Góis Moto Clube, acolheu a última paragem antes da
entrada na Mata Nacional do Bussaco, onde apenas houve tempo para vislumbrar
pequena porção dos 105 hectares murados. Local do último controlo do dia, feito
por soldados napoleónicos mesmo em frente ao Palace Hotel e pouco depois de
passagem à porta do Museu Militar. Visita possível graças ao apoio da Fundação
Mata do Bussaco, com os sensibilizados motociclistas a retribuírem com
importante apoio que ajudará a manutenção de tão importante património
botânico. Tempo ainda para apreciar, do lado de fora, o palácio construído a
partir de 1885 e que desde 1917 é considerado como um dos mais românticos e
belos hotéis do Mundo, antes de descer até ao Luso, com palanque instalado
mesmo junto à fonte da não menos famosa água. Local onde a associação de
hoteleiros e amigos do Luso, Aqua Cristalina preparou agradável festa para a
receção de todos os participantes, portugueses, espanhóis, suíços, italianos,
polacos, sul-africanos, eslovenos, brasileiros, angolanos e de outras
nacionalidades.
Mototurismo de eleição desde a fonte da
água do Luso até à nascente das Pedras Salgadas
Com promessas de uma tirada mais
tranquila, com mais e maiores pausas ao longo do dia, a ligação entre o Luso e
Vila Pouca de Aguiar, ou melhor junto mesmo à nascente da água das Pedras
Salgadas, cumpriu expectativas de ritmo mais mototurístico. Ainda assim, jornada
exigente por força de percurso com poucas rectas e muitas, imensas curvas ao
longo dos pouco menos de 300 quilómetros que ligam as mais famosas águas
termais portuguesas. Em dia que nada nem ninguém meteu água…
Tempo de rumar mais para interior do mapa
nacional, com forte nevoeiro matinal a impedir desfrutar na plenitude da
luxuriante serra do Bussaco, conferindo aura de ambiente quase místico, que se
acentuaria na lagoa da Barragem da Aguieira. Arranque ao longo da curvilínea
estrada N234 que haveria de levar a caravana, ainda meio ensonada, até Mortágua
e daí até Santa Comba Dão. Terra «colocada no mapa» pelo seu cidadão mais
conhecido, António de Oliveira Salazar, figura incontornável da História de
Portugal, com direito a conhecer o local onde nasceu e o sítio onde jaz o
estadista.
Animação bem maior em São João de Areias
onde os motociclistas foram brindados com espetáculo de qualidade realmente
surpreendente. A Khaganiço Orchestra é uma banda que permite aos jovens músicos
da Sociedade Filarmónica Fraternidade de S. João de Areias experimentarem novos
caminhos, extrapolando a formação musical mais clássica com bem conseguidos
arranjos de muitos sucessos. “Hits” portugueses como internacionais,
reformulados sempre com recurso aos instrumentos mais habituais numa orquestra
filarmónica do que em banda pop ou rock. Pelo caminho, oportunidade para dar os
bons-dias aos habitantes acordados por tão madrugadora algazarra que,
estremunhados e plenos de curiosidade, não hesitaram em sair da cama em pijama
para acenar aos aventureiros que passavam.
Foi preciso chegar às Minas da Urgeiriça,
que ainda tem mais de 300 toneladas de urânio armazenadas e um túnel de quatro
quilómetros até Nelas, para começar a vislumbrar o sol que haveria de
acompanhar a bem disposta turba até ao norte de Portugal. Céu limpo para melhor
apreciar a espantosa vila de Santar, uma das que no nosso País possui maior
número de solares e casas brasonadas, incluindo o Paço dos Cunhas, galardoado
em 2009 como melhor local de enoturismo em solo nacional e onde estava
instalado o Oásis da Yamaha. Penalva do Castelo e Satão foram os pontos
seguintes no mapa da edição 2016 do Portugal de Lés-a-Lés, com nova e rápida
estrada até à surpreendente praia fluvial em Vila Cova à Coelheira. Onde a
beleza do rio Covo é engrandecida com muito aprazível espaço envolvente, onde a
Antero, concessionário BMW em Vila Nova de Gaia, acolheu os mais de 1650
mototuristas. E, não fosse o diabo tecê-las, contou com a ajuda de «duas»
nadadoras salvadoras, no mais puro estilo Bay Watch (ou Marés Vivas, que para o
caso vai dar ao mesmo…) que ofereciam a possibilidade de tirar uma fotografia
em todo o seu esplendor ao mesmo tempo que colocam mais um furo na tarjeta que
atesta o cumprimento da totalidade do percurso da grande maratona.
Mais surpresas em insuspeita aldeia de
nome Pendilhe onde os canastros, variante em madeira de construção para guardar
o milho e também conhecidos por espigueiros, e o museu propositadamente aberto
ao sábado para visitantes motociclistas, anteciparam agradável petisquice de
bola de carne e outras joias da culinária regional. Com frondosa vegetação a
fazer questionar se ainda seria o mesmo País da Albufeira que viu partir os
motards, lá foi o trajeto alternando entre a omnipresente N2 e muitas outras estradas
de nome (perdão, número…) menos sonante mas nem por isso menos entusiasmantes.
Lazarim, mesmo sem os caretos que por ali animam o Entrudo mas com os amigos do
Moto Clube de Prado; Lalim e as suas casas brasonadas; ou Dalvares e a Casa do
Paço onde funciona o Museu do Espumante; foram aperitivos para nova visita à
Ponte e Torre de Ucanha, fonte de inspiração para a Via Verde, criando as
portagens há muitos séculos. Exemplo marcante do peso histórico da região é
ainda o mosteiro de Salzedas, localidade que se destaca também pela
surpreendente e muitas vezes esquecida judiaria medieval e onde foi possível
entrar depois de pedir a chave à senhora do café em frente. Vá lá que os Moto
Galos de Barcelos chegaram mais cedo e preparam tudo!
Atravessado o rio Douro na barragem da
Régua, também conhecida como de Bagaúste, rumou a caravana em jeito de
verdadeiro carrossel motorizado subindo as encostas durienses, com a ajuda do
Moto Clube da Régua, em direção à Meca dos Xassos, onde a 23 e 24 de Julho se
realizam as “3 Horas de Resistência de 50 cc”. Prova que mostra a enorme paixão
que se vive em Fontes pelos desportos motorizados e que atrai dezenas de
pilotos e milhares de espectadores, transformando por completo a pequena
localidade do concelho de Santa Marta de Penaguião. E já que de corridas se
fala, nota para a passagem no circuito de Vila Real, apreciando os últimos
retoques, da pintura dos corretores de trajetória à colocação de rails e redes
de segurança, a pensar na próxima jornada do Mundial de Carros de Turismo
(WTCC) que chega à capital transmontana a 24 de Junho para intenso
fim-de-semana de competição.
Ligação que colocou à prova as pequenas
mas esforçadas cinquentinhas e até diversas 125 cc, com as íngremes subidas a
Fontes e a escalada da serra do Marão pela menos conhecida e mais exigente das
encostas. Do novíssimo túnel do Marão que completou a A4, apenas um rápido
vislumbre que o Lés-a-Lés é passeio para outras estradas, recordando como se
viajava em Portugal no tempo dos nossos avós.
Vias rodoviárias que, com renovado asfalto
e uma ou outra alteração de traçado, foram utilizadas na caminhada até Vila
Pouca de Aguiar, passando pelo vale de Jales, que já viveu dias de maior
animação, quando o complexo mineiro ali laborava a todo o vapor na extração
aurífera, e por deliciosa vegetação, dos muitos carvalhos aos pinheiros do
Oregon. Vila que já se prepara para a partida da edição de 2017 do Portugal de
Lés-a-Lés, faltando apenas confirmar a data exata que, como acontece desde
1999, será algures no mês de Junho. E daí até ao derradeiro palanque, instalado
mesmo ao lado da nascente das águas das Pedras Salgadas, foi um saltinho, com
direito a passeio para desentorpecer as pernas no Parque Termal, onde o Rei D.
Carlos tanto gostava de passar largas temporadas. Agora foram os motociclistas
reis e senhores deste espaço, ponto final de aventura intensa, com duas etapas
bem diferentes, do longo esticão de Sul ao Centro no primeiro dia, ao mais
requintado espírito mototurístico da ligação a Norte. Mas sempre com o
entusiasmo que só o Portugal de Lés-a-Lés consegue despertar.
Fonte: O Gabinete de Imprensa 18.º Portugal de
Lés-a-Lés/Parceria Notícias do Pedal
Sem comentários:
Enviar um comentário