A coleção de automóveis do Museu do Caramulo foi reforçada com um AC Six de 1927, um marco de longevidade na história do automobilismo britânico.
Este exemplar foi comprado
novo por Elias Frederico Bensaude Abecassis, em 1927, e manteve-se na sua
família até aos dias de hoje, tendo agora sido generosamente doado ao Museu do
Caramulo pela sua bisneta, Diana Jardim Abecassis.
É impossível falar no AC Six
sem falar no seu motor de dois litros de capacidade, um dos blocos com maior
longevidade que a indústria inglesa alguma vez produziu.
Estreado em 1919, o motor foi
sendo sucessivamente adotado por modelos da AC Cars, terminando a sua carreira
no compartimento do AC Ace, em 1963.
Desenvolvido durante a Primeira Guerra Mundial por John Weller, um dos fundadores da marca, o bloco de dois litros era bastante avançado para a sua época e, mesmo na década de 60, mantinha-se surpreendentemente atual. O resistente motor tinha o bloco e a cambota, apoiada por cinco rolamentos, moldados em alumínio, camisas húmidas e cabeça em aço, o que lhe permitia uma fácil adaptação a diversos níveis de preparação e potência. Com 1991cc de capacidade, duas válvulas por cilindro operadas por uma única árvore de cames à cabeça, e alimentado por um carburador simples, o Six original debitava 40cv de potência, sendo ideal para motorizar o AC posto à venda em 1920.
O pequeno modelo, medindo
apenas 2820mm de distância entre eixos e pesando uma tonelada, era assente num
chassis separado em aço prensado, com reforços tubulares cruzados. Ambos os
eixos eram apoiados por molas de lâmina, com a ajuda no eixo dianteiro de
amortecedores de inércia. A travagem ficava a cargo de quatro tambores. Ao
nível das carroçarias, a AC Cars propunha modelos Tourer de dois e três lugares
e Saloon, nas versões Ace, Acedes, Aceca, Magma, Aero, entre outras.
Como forma de promover os seus
automóveis, a marca inglesa dinamizou, durante a década de 20, o
estabelecimento de alguns recordes de velocidade em Brooklands. Mas seria a
vitória de Victor Bruce no Rally de Monte Carlo, em 1926, que traria maior
fama. Um ano antes, a AC Cars tornar-se-ia a primeira marca inglesa a inscrever
um modelo no famoso rali monegasco e, em 1926, a vitória do primeiro piloto
inglês e da primeira marca inglesa seriam efusivamente celebradas. O automóvel
em questão era um Six equipado com uma original carroçaria Aceca na qual apenas
existia a porta do pendura, obrigando o condutor a cruzar o banco para entrar.
Na ausência de porta, o lado direito do automóvel vinha equipado com duas rodas
suplentes, apoiadas num estrado. Em 1927, Mildred Bruce, a esposa de Victor
Bruce, cruzaria a meta no sexto lugar, vencendo a rampa organizada nesse ano e
a Coupe des Dames.
Fonte: Museu do
Caramulo/Parceria Revista Notícias do Pedal
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