Dinamarquês levantou o pé e deixou a vitória para o seu colega
Por: Lusa
Wout van Aert viu este sábado
a dedicação a Jonas Vingegaard premiada pelo camisola amarela, que ofereceu o
triunfo no contrarrelógio da penúltima etapa ao belga, no momento mais
emocionante para os dois grandes ciclistas desta Volta a França.
Após perceber que a vitória
final na 109.ª edição já não lhe escapava, o dinamarquês da Jumbo-Visma
levantou o pé nos derradeiros metros do crono para não bater o tempo do seu
companheiro, deixando o gigante Van Aert em lágrimas.
"Estou
emocionado. Ganhar a Volta a França enquanto equipa é muito especial e, hoje,
foi o cenário de sonho. O Jonas é um tipo tão forte, mas, sobretudo, é uma
pessoa mesmo boa [...]. Eu quero ganhar corridas e hoje esperava vencer a etapa
e que o Jonas pudesse defender a amarela. Aparentemente, ele tem um coração tão
grande que pensou o mesmo. É especial",
confessou o camisola verde.
O gesto de Vingegaard, segundo
no contrarrelógio a 19 segundos de Van Aert, é mais um reflexo da grandeza do
ciclista, que, no domingo, vai subir ao lugar mais alto do pódio nos Campos
Elísios para celebrar uma vitória que este sábado, finalmente, assumiu ser sua,
depois de ganhar mais oito segundos a Tadej Pogacar (UAE Emirates).
O filme
do dia
Foi o sprinter australiano
Caleb Ewan (Lotto Soudal) o primeiro dos 138 corredores resistentes a partir
para os 40,7 quilómetros entre Lacapelle-Marival e Rocamadour, duas localidades
em estreia no Tour, mas foi Mikkel Bjerg, escudeiro de Pogacar -- que seguiu o
exercício do seu amigo no carro de apoio, o primeiro a estabelecer uma
verdadeira marca de referência (50.22 minutos).
O percurso, maioritariamente
plano, complicava-se na parte final, com duas subidas nos últimos 10
quilómetros, a última das quais, até Rocamadour, de 1,5 quilómetros de extensão
com 8% de pendente média de inclinação, mas nem o desnível no terreno impediu
Filippo Ganna (INEOS) de pulverizar o tempo do dinamarquês da UAE Emirates, com
uns impressionantes 48.41.
Embora Fred Wright (Bahrain
Victorious), um dos grandes combativos deste Tour, tenha conseguido melhorar os
tempos do bicampeão mundial de contrarrelógio nos pontos intermédios, o italiano
da INEOS manteve-se na liderança, sem enfrentar oposição por parte de outros
contrarrelogistas de renome, como o português Nelson Oliveira (Movistar), que,
ainda a lidar com o desconforto nas costelas que arrasta desde a queda na
oitava etapa, não foi além da 56.ª posição, a 4.48 minutos do vencedor.
Mas mal viu Van Aert superar
sucessivamente as suas marcas, Ganna soube que a etapa estava perdida -- a
expressão resignada que não conseguiu evitar quando o belga retirou 25 segundos
ao seu tempo no segundo ponto intermédio mostrava isso mesmo, um facto
consumado quando o camisola verde cortou a meta, após 47.59 de exercício contra
o cronómetro.
O tempo canhão de WVA, que
retirou 42 segundos ao registo do maior especialista da atualidade, deixou o
incomparável ciclista da Jumbo-Visma bem lançado para vencer pela terceira vez
neste Tour e pela nona em quatro participações na Grande Boucle, igualando os
três triunfos amealhados na passada edição.
Mas o vencedor do 'crono' da
penúltima etapa do Tour'2021 -- comparativamente, o de hoje tinha quase mais 10
quilómetros ainda tinha de esperar pela chegada dos melhores da geral e foi
vendo Vingegaard bater os seus registos nos três pontos intermédios.
O dinamarquês ainda assustou,
ao sair de estrada numa curva a descer, mas o susto não passou disso mesmo, com
o virtual vencedor do Tour a desfrutar finalmente da sua condição quando
Pogacar cortou a meta, com um tempo 27 segundos pior do que o de Van Aert.
Era momento de festa para
Vingegaard, que também chorou ao rever a namorada e a filha na 'flash interview', e também para a
Jumbo-Visma, vencedora de seis etapas nesta edição, e de desconsolo para o
esloveno da UAE Emirates, consumado que estava o fracasso da defesa das
amarelas conquistadas nas últimas duas edições.
Na véspera da etapa de
consagração, uma ligação de 115,6 quilómetros entre a zona parisiense de La
Défense e o coração dos Campos Elísios, o ciclista da Jumbo-Visma tem 3.34
minutos de vantagem para o jovem 'Pogi' e 8.13 para o veterano Geraint Thomas
(INEOS), o campeão de 2018 e 'vice' de 2019, que vai regressar ao pódio final
como terceiro classificado e que hoje impressionou ao ser quarto, a 32 segundos
de WVA.
Com o pódio final há muito
decidido, a penúltima etapa serviu também para definir o top 5: apesar de ter
sido ultrapassado por Thomas, David Gaudu (Groupama-FDJ) salvou o seu quarto
lugar, a 13.56 de Vingegaard, com Aleksandr Vlasov (BORA-hansgrohe) a
protagonizar a grande subida da jornada, saltando duas posições para ser
quinto, à frente do despromovido Nairo Quintana (Arkéa Samsic).
Fonte: Record on-line
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