Wout van Aert (Jumbo-Visma) passou hoje o testemunho a Tadej Pogacar (UAE Emirates) na 109.ª Volta a França, ‘entregando’ a amarela ao embarcar numa fuga ‘suicida’ na sexta etapa, conquistada pelo ciclista esloveno
Por: Lusa
Foto: AFP
A amarela mudou de corpo no
final da tirada mais longa deste Tour, mas continua a ser vestida por um ícone
do ciclismo de ataque, depois de ‘Pogi’ ter acelerado na parte final do ‘muro’ de 800
metros, com uma pendente média de 12,3%, que ‘desembocava’ na meta em Longwy,
para se tornar no segundo corredor da história a vencer sete etapas na ‘Grande
Boucle’ antes de cumprir 24 anos – o outro foi François Faber, que venceu 13
entre 1908 e 1910.
“Cada vez
que ganho é ainda melhor. Hoje, foi um dia tão duro desde o início... As primeiras
duas horas foram uma loucura, o tipo mais forte foi para a fuga […]. Pensei que
ele iria chegar ao final”, assumiu o esloveno,
referindo-se ao homem de quem ‘herdou’ a amarela e que andou mais de uma centena de
quilómetros em fuga, para ser apanhado a 11.000 metros do final.
Ainda antes de saber que a
liderança da geral era sua, o jovem bicampeão do Tour estava feliz por ter
conseguido a vitória à frente de Michael Matthews (BikeExchange-Jayco), o
rápido australiano que se intrometeu entre os favoritos, e do trepador francês
David Gaudu (Groupama-FDJ), numa jornada percorrida a quase 50 km/h e concluída
em 04:27.13 horas.
Com a Super Planche des Belles
Filles a espreitar no horizonte, a sexta etapa prometia trazer algum sossego ao
pelotão, após a carnificina nos ‘pavés’,
mas o ainda camisola amarela tinha outros planos para os 219,9 quilómetros
entre a cidade belga de Binche e Longwy.
Definido pelo diário
desportivo francês L’Équipe como “o melhor
ciclista do mundo”, Wout van Aert revolucionou hoje a tirada
mais longa da 109.ª edição, principiando uma série de ataques a mais de 200
quilómetros da chegada.
Durante quase 80 quilómetros,
o belga da Jumbo-Visma foi omnipresente: iniciou fugas, respondeu a ataques,
anulou escapadas, contribuiu para que a média na primeira hora de corrida fosse
de 50,8 km/h, até, finalmente, conseguir isolar-se na frente, na companhia de
Jakob Fuglsang (Israel-Premier Tech) e Quinn Simmons (Trek-Segafredo).
Em fuga desde o quilómetro 75,
o líder da geral teve percalços técnicos – uma corrente que saltou e uma troca
de bicicleta -, aparentes desacordos com Fuglsang, uma vantagem que chegou aos
quatro minutos e uma colaboração harmoniosa com o jovem Simmons, que aos 21
anos procurava a glória na sua estreia no Tour.
Surpreendidos pela iniciativa
do “meio homem, meio máquina”,
como o descreve o seu companheiro Primoz Roglic, os ‘humanos’ do
pelotão demoraram a reagir e a organizar a perseguição, com a UAE Emirates de
Tadej Pogacar a dar, novamente, mostras de falta de destreza coletiva, e a
BORA-hansgrohe a assumir inexplicavelmente o trabalho.
Neste Tour, ‘WVA’ já
superou registos de Eddy Merckx, ao terminar seis etapas consecutivas nas duas
primeiras posições (as quatro primeiras desta edição e as duas últimas do
Tour2021, que venceu), já se tornou no primeiro belga a vencer uma etapa de
amarelo desde Freddy Maertens em 1976, mas, sozinho contra o pelotão, depois de
ter deixado para trás Simmons, não conseguiu contrariar a maior frescura dos
perseguidores, sendo alcançado a 11 quilómetros da meta.
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“O plano
era ligeiramente diferente daquilo que foi a execução. Esperávamos uma fuga
mais numerosa. Quando vi que éramos só três, soube que seria nisso. Gastei
tanta energia para que acontecesse, que decidi continuar para honrar a
camisola”, confessou o consolidado líder da
classificação por pontos, que perdeu 07.28 minutos para Pogacar na meta.
Com Van Aert a despedir-se de
amarela, ao não conseguir acompanhar o grupo de favoritos, os ataques
sucederam-se na dura aproximação a Longwy, com o francês Alexis Vuillermoz
(TotalEnergies) a parecer lançado para o triunfo, mas a ser ‘absorvido’ a
1.500 metros da meta.
Primoz Roglic (Jumbo-Visma),
aparentemente recuperado da deslocação de ombro que sofreu na véspera, foi o
primeiro a lançar o ‘sprint’,
mas, vindo de trás, ‘Pogi’ foi
imbatível e, graças às bonificações, recuperou a amarela que vestiu no pódio
final das últimas duas edições da ‘Grande
Boucle’.
O esloveno da UAE Emirates tem
quatro segundos de vantagem sobre o norte-americano Neilson Powless (EF
Education-EasyPost) e todos os pretendentes a destroná-lo a mais de 30
segundos, nomeadamente Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), agora terceiro a 31, e o
trio de líderes da INEOS: Adam Yates é quinto, a 39, Geraint Thomas está a 46
no sexto lugar e Daniel Martínez ocupa a oitava posição, a um minuto.
Nelson Oliveira (Movistar),
que foi 66.º a 04.04 minutos, continua a ser o melhor português na geral,
enquanto Ruben Guerreiro (EF Education-Easy Post), hoje 96.º a mais de seis
minutos do vencedor, é 135.º na geral, a 22.40 de Pogacar.
O bicampeão em título chegou à
amarela na véspera da primeira etapa de montanha da 109.ª Volta a França, que
na sexta-feira vai ligar Tomblaine ao alto da Super Planche des Belles Filles,
no total de 176,3 quilómetros, com a meta a coincidir com uma contagem de
primeira categoria, à qual os ciclistas chegarão após sete quilómetros de
escalada com uma inclinação de 8,7%.
Fonte: Sapo on-line
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