Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O caos que marcou a Volta a
Espanha 2025 deixou uma cicatriz no pelotão e um sério aviso para o calendário
internacional. Ao longo de três semanas, manifestantes pró-palestinianos
interromperam repetidamente a prova: invadiram zonas de chegada, espalharam
tachas e pedaços de vidro pelo asfalto, cortaram uma árvore que caiu para a
estrada no percurso daquele dia e chegaram mesmo a ameaçar diretamente a equipa
Israel - Premier Tech.
Foi um cocktail explosivo que
misturou política e desporto e que abalou os ciclistas e colocou os
organizadores em permanente gestão de um problema grave. Agora, Olivier Senn,
director da Volta à Suíça, admite ao Blick que os incidentes em Espanha o obrigaram
a refletir sobre a vulnerabilidade da sua própria corrida.
“Simplesmente seria um
pesadelo”, confessa Senn. “O ciclismo é um alvo fácil para os protestos.
Corremos em estradas públicas e o ciclismo é acessível a todos. Essa é a nossa
força, mas em momentos como este também se torna na nossa fraqueza.”
Lições da
Volta a Espanha
Apesar da escalada das
perturbações, os organizadores da Volta a Espanha nunca ponderaram excluir a
Israel - Premier Tech da prova, apoiados pela UCI. O organismo internacional
manteve a posição de não interferir na corrida, mas essa recusa em agir acabou
por encorajar ainda mais os manifestantes.
Senn considera, no entanto,
que pode ser necessária maior flexibilidade: “As regras da UCI também
estabelecem que o organizador é responsável pela segurança de todos os
envolvidos. Para mim, a suspensão de uma equipa poderia ser uma opção se
ajudasse a melhorar o problema. Mas não sei quais seriam as consequências
legais dessa medida.”
A declaração toca no cerne de
um dilema que o ciclismo enfrenta: como proteger ciclistas e staff sem
atropelar os princípios de inclusão e de concorrência leal.
Resposta
da Volta à Suíça
Para já, a organização da
Volta à Suíça vai rever os protocolos de segurança em parceria com a polícia
dos cantões, numa tentativa de impedir que episódios semelhantes se repitam em
solo helvético. “Os acontecimentos das últimas semanas causaram-me uma preocupação
crescente”, admite Senn. “Acredito na liberdade de expressão. Mas quando os
protestos se intensificam ao ponto de colocar em perigo atletas e transeuntes,
isso é simplesmente inaceitável.”
O ciclismo já conheceu
manifestações de cariz político, mas raramente com a persistência e intensidade
vistas nesta edição da Volta a Espanha. “É uma pena, porque do meu ponto de
vista, depois destas três semanas de competição em Espanha, só temos perdedores”,
conclui Senn.
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