
Triatleta português ficou
doente devido à poluição do rio da capital francesa
Por: Lusa
Foto: World Triathlon
Vasco Vilaça sentiu-se
aliviado quando subiu ao pódio do Mundial de triatlo, por não ter falhado
"no fim", com o seu terceiro lugar a coroar "longos nove meses
sob pressão".
Quase três semanas depois de
ter acabado o Campeonato do Mundo em terceiro, o triatleta português de 25 anos
já absorveu o momento, revelando agora à agência Lusa que a sua "nunca foi
exatamente uma medalha segura".
Em Wollongong, na Austrália,
Vilaça entrou mal na natação, teve de trabalhar "muito no ciclismo para
tentar chegar mais perto da frente" e, na corrida, a sua especialidade,
conseguiu recuperar, garantindo o bronze após uma prova em que "foi tudo a
acontecer até à última hora" e teve a ajuda dos compatriotas Ricardo
Batista e Miguel Tiago Silva.
Enquanto disputava a
finalíssima, na qual foi quinto, o luso ia tentando controlar os seus
adversários na luta pelo pódio no Mundial, conquistado pelo australiano Matthew
Hauser, com 4.250 pontos.
"Não tentei fazer muitas
contas, porque acho que é mais importante focar-me em ter a melhor prova
possível, porque quando começo a pensar, a fazer contas, [a ver] onde é que
está quem, estou a perder energia que podia usar", explicou.
Assim, revela, só depois de
passar a meta, é que soube que o bronze era seu - somou 3.690,12 pontos,
ficando perto do segundo classificado, o brasileiro Miguel Hidalgo (3.769,95).
Instado a eleger entre o pódio
do Mundial e o quinto lugar nos Jogos Olímpicos Paris'2024, Vilaça hesita:
"Boa pergunta. São momentos diferentes, porque este pódio acaba por ser
uma época inteira sob bastante pressão. Os Jogos Olímpicos é um momento de
bastante pressão, mas diria mais curto".
"O Campeonato do Mundo,
como é feito em oito etapas durante o ano, foi desde fevereiro até outubro sob
pressão. A partir do momento em que fiz terceiro logo na primeira prova, [tinha
pressão] para manter-me e fazer pódio, atrás de pódio, contar os pontos que os
outros estavam a fazer, [escolher] que provas é que vamos fazer",
recordou.
O triatleta nacional iniciou o
Mundial com um terceiro lugar em Abu Dhabi e, depois, foi segundo nas etapas de
Yokohama, Hamburgo e Riviera Francesa.
"Foram uns longos nove
meses sob pressão e, de certa forma, o alívio de que não falhei no fim. Já
tinha feito isso [falhado] noutras épocas. Não é não aguentar a pressão na
última prova, mas são muitas provas, são muitas viagens, muito treino e o corpo
já está fraco, e eram doenças ou lesões. [Por] conseguir ir até o fim, com a
ajuda ainda por cima destes colegas com quem cresci tanto tempo, acho que senti
uma felicidade incrível no pódio", descreveu.
No entanto, "em termos
emocionais", o quinto lugar em Paris'2024, onde fez uma prova de trás para
a frente, tal como Ricardo Batista, que foi sexto, "foi mais forte".
"Foi um momento tão novo,
tantas coisas a acontecerem, não só o meu resultado, mas também o de Ricardo...
mas acabei a prova e ainda tínhamos uma prova de estafetas a seguir. Ou seja,
não tive aquele alívio, aquele momento para saborear, como tive agora",
pontuou.
Da capital francesa trouxe
dois diplomas olímpicos - participou na estafeta mista que também foi quinta -
e recordações menos boas, depois de ter ficado doente devido à poluição das
águas do Sena, onde decorreram os segmentos de natação.
"Não quero voltar a nadar
naquela água, de certeza absoluta. Sei que foi investido muito dinheiro
supostamente para limpar a água, mas nunca passei tão mal como passei, doente
depois da prova de estafetas. Felizmente, foi depois das provas, mas passei
umas boas duas semanas doente em casa, até tive que cancelar o voo de volta de
Paris, que mal conseguia levantar-me da cama, foi horroroso", revelou.
Esse percalço não o deixou
"saborear tudo o que foram os Jogos Olímpicos". "Não tive aquele
espaço para absorver o momento, porque estava a passar um momento tão mau e, de
certa forma, faltou-me isso ali nos Jogos", admitiu.
Fonte: Record on-line
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