Após duas décadas a viver o triatlo ao mais alto nível, João Pereira troca o dorsal pelo cronómetro e começa uma nova etapa como treinador. Uma transição natural, mas carregada de intenção, paixão e uma missão clara: ajudar cada pessoa a acreditar que é capaz.
João Pereira é um nome
incontornável do triatlo português. Atleta olímpico, competidor nato,
colecionador de experiências e aprendizagens. Durante 20 anos, dedicou-se de
corpo e alma a um desporto que o escolheu quase por acaso, mas que rapidamente
se tornou a sua casa.
Hoje, João vive outro desafio:
o de ser treinador. E não é apenas mais um treinador. Ao lado de Miguel
Arraiolos, companheiro de percurso e agora sócio, lançou uma assessoria de
treino: “Foi um processo giro e natural. Sempre quis criar algo mais do que planos
de treino. Queria ajudar pessoas a conquistar os seus objetivos, com planos
adaptados à sua realidade.”
A ideia nasceu quase por
acaso, como o triatlo, mas foi amadurecendo com o tempo. Um curso na área da
gestão juntou João e Miguel no mesmo projeto final e ali nasceu o embrião.
“Convenci o Miguel a alinhar comigo”, conta. O que começou como um exercício académico
rapidamente se tornou uma realidade profissional e uma paixão.
Na base, está uma filosofia
simples: cada pessoa merece um plano de treino adaptado à sua vida. Não basta
prescrever séries e distâncias. É preciso escutar, entender rotinas, sonhos,
limitações. “Se a individualização do treino já é crucial entre os profissionais,
entre os amadores é absolutamente essencial. Cada pessoa tem o seu trabalho, o
seu histórico, a sua realidade. E o plano tem de refletir isso”, explica o
triatleta olímpico.
Do Pódio
para o papel de Treinador
A transição de atleta para
treinador podia parecer um salto para o desconhecido, mas para João, é apenas
uma nova forma de viver o desporto: “Sempre me vi ligado ao movimento. O
objetivo era o mesmo: ajudar pessoas, transmitir a paixão e apoiar quem quer
viver melhor.”
Mesmo sem ter tido um
“trabalho normal” durante toda a vida, João encontrou nesta nova carreira um
caminho natural de continuidade, um espaço onde pode canalizar tudo o que
viveu: os erros, as vitórias, as dúvidas e certezas.
Hoje, acompanha atletas de
todos os níveis: desde jovens promessas do alto rendimento até quem apenas
procura reencontrar-se com o bem-estar. E fá-lo com o mesmo rigor, foco e
paixão que levava para cada prova: “Já passámos por quase tudo. Temos uma base
de dados real: vivências, erros, acertos. E isso dá-nos um arsenal enorme para
ajudar em todas as fases do processo.”
João Pereira acredita que ser
treinador é muito mais do que enviar planos de treino. É estar presente: ouvir,
inspirar, motivar. Ser conselheiro e cúmplice. E acima de tudo, fazer com que
cada atleta, independentemente do seu nível, se sinta valorizado e apoiado.
“Costumo dizer que é aquela ajuda que procuras quando já tentaste tudo, mas
falta-te aquele empurrão para voltares a acreditar que és capaz”, dispara.
Ao seu lado, está uma equipa
multidisciplinar: fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, massagistas. A
missão? Criar uma rede sólida de apoio que responda às necessidades reais de
quem treina. Tudo com o mesmo nível de exigência que marcou a carreira de João.
Ainda com
o Coração na Competição
Apesar de estar profundamente
realizado com esta nova etapa, João Pereira ainda não fechou a porta à
competição, mas a missão está a ser mais complicada do que poderia ter
imaginado: “Sempre achei que ia conseguir conciliar Apulso e treino de alto
rendimento, mas na prática é difícil.”
Entre consultas, avaliações,
reuniões e feedbacks personalizados, sobra pouco tempo para os treinos
exigentes a que se habituou. Mas a chama não se apagou. Pelo contrário:
reacende-se cada vez que vê os seus atletas superarem-se. “Hoje, vibro com os
resultados deles como se fossem meus. Sinto que continuo a competir, só que do
outro lado da meta.”
Para João Pereira, um bom
treinador é aquele que não impõe, inspira. Que não apenas orienta, mas
acredita. Que respeita o tempo e as limitações do atleta, mas desafia-o a
superá-las com confiança: “Um excelente treinador é como um excelente atleta:
só descansa quando sente que o trabalho está feito.”
Seja na pista, na estrada ou
no ginásio, João está lá. Agora, não com o fato de competição, mas com um
caderno de notas e um olhar atento. A missão mudou, mas a paixão é a mesma.
Fonte: Federação Triatlo
Portugal
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