Segundo anunciou o diretor desportivo, José Azevedo
Por: Lusa
Foto: Efapel/Instagram
A Efapel não se revê no
"esgotado" e descredibilizado ciclismo português e, na próxima
temporada, irá dará primazia ao calendário internacional, abdicando das provas
nacionais, revelou José Azevedo à Lusa.
"O projeto Efapel foi
repensado no futuro e, no próximo ano, nós vamos procurar calendário
internacional, vamos tentar competir o máximo possível no calendário
internacional, e possivelmente em Portugal não iremos competir", anunciou
o diretor desportivo.
Quatro anos depois da sua
fundação, José Azevedo e o patrocinador sentiram que era altura de dar um rumo
diferente à equipa laranja.
"Não é uma decisão fácil,
não é a decisão que nós, possivelmente, mais desejávamos, mas eu acho que, no
contexto atual do ciclismo português, uma equipa como a nossa, que se baseia em
princípios e comportamentos de ética, de rigor a nível disciplinar, não há
vontade de continuar a fazer parte do ciclismo português", reconheceu.
O desencanto de Azevedo é tal
que assume ter dificuldade em convencer os jovens da formação a acreditar no
ciclismo português quando ele próprio não acredita.
"Então o que é que eu
tenho de fazer para fazer algum sentido este investimento? É procurar um
calendário internacional, que é o ciclismo em que eu acredito, que é o ciclismo
em que eu me revejo, e isso dá aos miúdos o alento de sentirem que nesse ciclismo
têm futuro. Infelizmente, em Portugal não há futuro ou o futuro não se vê muito
risonho", lamentou.
Sem querer concretizar, o
diretor desportivo da Efapel lembrou que "no final do ano, todos os anos,
há problemas", numa alusão aos casos de doping que foram conhecidos na
temporada passada ou àqueles que se comentam atualmente nos bastidores do
pelotão.
"Não se pode permitir
que, por exemplo, no ano passado, haja corredores a ganhar provas, quando todos
nós sabemos [que vão ser suspensos]. Se calhar não existe motivo para suspender
os contratos, mas as equipas podiam deixá-los em casa. Para a verdade
desportiva prevalecer, um corredor não deveria estar a competir quando está um
processo aberto. E isso compete às equipas e à federação tomar medidas, porque
se não vamos descredibilizar o ciclismo", defendeu.
Para Azevedo, "quem
comanda o ciclismo em Portugal, quem tem a obrigação de defender os interesses
do ciclismo, não está a fazê-lo".
"Há dois anos criou-se
esta ferramenta [passaporte biológico] que foi muito importante. E isso aí foi
algo de muito positivo. Deveria ser usado como um instrumento de credibilidade.
Mas para isso tem de haver rigor. Rigor, 100%. Não pode haver 99%",
reforçou.
Desiludido com o que se passa
por cá, o quinto classificado do Tour2004 e do Giro2001 garante que não é neste
desporto que a Efapel quer estar.
"Não vale a pena. No
próximo ano, o nosso caminho é esse. Vamos procurar um ciclismo em que a gente
acredite. Se depois este projeto vai durar um ano, dois anos, isso o futuro
dirá", pontuou.
Ainda assim, Azevedo diz que a
sua equipa estará presente para ajudar o ciclismo português quando este
"se pautar por regras claras".
"Temos que mudar a
direção, porque este contexto de ciclismo português para nós está esgotado. E
um dia que isto mude, possivelmente voltamos a apostar no calendário português.
Enquanto se mantiver estes moldes, não vamos estar", reiterou.
Com a aposta a ser competir no
estrangeiro em 2026, a Efapel pode mesmo ficar fora da próxima edição da Volta
a Portugal. "Poderemos fazer provas em Portugal, não vou dizer que não,
mas não é a nossa prioridade", concluiu.
Fonte: Record on-line
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