Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A terceira etapa da Volta ao
País Basco de 2025 ficará marcada não apenas pela vitória de Alex Aranburu, mas
também pela enorme polémica que se seguiu à sua consagração. Após várias horas
de deliberação, o júri da corrida confirmou o triunfo do campeão espanhol da
Cofidis, considerando que não houve qualquer irregularidade na sua passagem
pela última rotunda antes da meta. Mas a decisão está longe de ser consensual.
Philippe Maduit, diretor
desportivo da Groupama - FDJ, não esconde a revolta pelo facto de o seu
ciclista Romain Grégoire ter sido, no seu entender, injustamente privado da
vitória. Em declarações contundentes ao jornal L'Équipe, Maduit acusa a
organização e os comissários de terem cedido ao simbolismo da vitória do
"herói local".
“Vamos recapitular os factos”,
começou por dizer. “Há um rapaz chamado Aranburu. É o campeão espanhol, vive a
três quilómetros da meta e sonhava com esta chegada há semanas. Conhece estas
estradas como ninguém, percorria-as todos os dias no regresso dos treinos.
Sabia perfeitamente que a forma mais rápida de contornar a rotunda era pela
direita".
Segundo Maduit, o argumento de
que Aranburu seguiu o trajeto indicado no livro de corrida não é suficiente
para validar a sua opção. “Dizem que os ciclistas devem conhecer o percurso,
mas os regulamentos também dizem que os organizadores podem alterar o trajeto
em caso de imprevisto. E o que vimos foi uma barreira amarela a bloquear metade
da estrada e três bandeiras amarelas a indicar claramente o lado oposto. Numa
situação destas, os ciclistas seguem os sinais de quem regula o trânsito, não o
livro de corrida".
Enquanto a maioria dos
ciclistas, incluindo Grégoire, contornou a rotunda pela esquerda, como indicado
no momento, Aranburu seguiu pela direita. O júri justificou a decisão com o
facto de o espanhol ter percorrido uma distância maior, o que, para Maduit, é
uma interpretação absurda. "Talvez tenham falhado nas aulas de matemática,
porque esqueceram-se de um princípio básico. Isso não justifica a ilegalidade
do trajeto".
O dirigente francês foi ainda
mais longe nas críticas. “A verdade é que só um ciclista passou pela direita: o
rapaz da terra, aquele que sonhava com esta vitória, que chorou no fim com os
pais, os amigos, os filhos. Ontem, destruímos o sonho de um homem - e de outro
também”, referindo-se a Grégoire, que se viu privado da vitória mesmo após
cumprir o percurso conforme as indicações no terreno.
Para Maduit, a decisão do júri
não foi apenas errada, mas também desrespeitosa. “Eles andam ali como se
estivessem de férias no País Basco: bebem uma cerveja, conduzem de um lado para
o outro, está sol, o ambiente é agradável... mas não levam isto a sério.
Estamos a ser liderados por palhaços".
Apesar da revolta da Groupama
- FDJ, o resultado mantém-se: Aranburu é o vencedor da etapa, Grégoire termina
com um sabor amargo na boca e o debate sobre a fiabilidade dos regulamentos e
decisões nas provas de ciclismo continua bem vivo.
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