Por: José Carlos Gomes
António Morgado foi hoje o
vigésimo classificado na prova de fundo para sub-23 do Campeonato do Mundo de
Estrada, em Zurique, Suíça, uma corrida em que os ciclistas que correram de
forma mais fria levaram a melhor, com o alemão Niklas Behrens a conquistar o
título.
Os 173,6 quilómetros que
ligavam Uster a Zurique, sobretudo as quatro voltas e meia ao circuito em redor
da cidade, convidavam a aproveitar a dureza para fazer a diferença. Vários
corredores morderam o isco e tentaram destacar-se desde bem cedo.
Foi o caso de António Morgado. O português foi um dos mais ativos, desferindo múltiplos ataques ao longo de cerca 30 quilómetros. Entre os quilómetros 90 e 120, António Morgado esteve envolvido em diferentes iniciativas. Outro corredor muito ativo nesta fase foi o italiano Giulio Pellizzari. Ambos contribuíram para dinamitar completamente o pelotão e para endurecer fortemente a corrida.
Uma das movimentações em que
participaram Morgado e Pellizzari foi anulada pelo trabalho da seleção da
Suíça. Foi o prenúncio do ataque de Jan Christen. Isso sucedeu na penúltima
passagem pela subida de Zürichbergstrasse, dentro da cidade de Zurique. Aí,
António Morgado ainda tentou responder, pouco depois de ter sido alcançado, mas
o corpo não correspondeu.
“Sentia-me mesmo com boas
pernas e comecei a achar que poderia estar na discussão da corrida. Tentei
surpreender de longe. No entanto, com a chuva, senti muito o frio. As pernas
como que congelaram”, explica o corredor português.
Jan Christen isolou-se a pouco
mais de 50 quilómetros da meta, chegou a ter quase um minuto de vantagem sobre
os fugitivos. Mas também ele arriscou e não petiscou. Os corredores mais frios
e cerebrais levaram a melhor.
“Numa corrida destas, o
segredo está em guardar energia para os momentos decisivos. Aí consegue-se
fazer a diferença. Com outra calma, o António poderia ter conseguido outra
classificação”, reconhece o selecionador nacional, José Poeira.
O melhor exemplo disso foi o
jovem prodígio alemão Niklas Behrens, antigo nadador que está apenas na segunda
época como ciclista. Sempre bem colocado no grupo principal, acelerou na última
volta ao circuito e conseguiu anular a vantagem de Christen.
Com o germânico apenas seguiu
o eslovaco Martin Svrček. Ambos cortaram a meta ao fim de 3h57m24s (média de
43,875 km/h). A vitória foi para Niklas Behrens. O terceiro classificado, a 28
segundos, foi o belga Alec Segaert.
António Morgado chegaria na
20.ª posição, a 4m56s do vencedor. “Dei tudo o que podia, não tenho
arrependimentos”, diz o ciclista. Daniel Lima chegou perto de António Morgado,
depois de uma corrida em que também chegou a estar integrado numa das movimentações
do companheiro de Seleção e em que esteve sempre no primeiro pelotão. Foi 22.º,
a 5m05s.
Lucas Lopes, vítima de queda
antes da primeira das cinco passagens pela meta, esforçou-se por terminar,
apesar de não ter conseguido reentrar no pelotão principal. Foi o 63.º, a
15m43s, a mesma diferença registada por Gonçalo Tavares, 70.º Alexandre Montez
caiu ainda antes de Lucas Lopes, o que provocou um atraso maior e mais precoce,
levando-o ao abandono.
No sábado é a vez de Ana
Caramelo e Daniela Campos competirem nos 154,1 quilómetros entre Uster e
Zurique, que englobam quatro voltas e meia ao circuito de Zurique. A corrida
feminina de elite terá uma classificação absoluta, para a qual concorrem as duas
portuguesas. Da geral será extraída uma classificação de sub-23 para a qual é
elegível Daniela Campos.
Fonte: Federação Portuguesa
Ciclismo
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