Campeão de 2014 e 2015 é o diretor desportivo da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados
Por: Pedro Filipe Pinto
É algo estranho colocar
Gustavo Veloso e estreia na mesma frase, mas é mesmo do que se trata. O
experiente espanhol é um nome com bastante peso no pelotão nacional e está, aos
42 anos, a fazer a segunda estreia na Volta a Portugal. Pois é, o campeão de
2014 e 2015 deixou a vida de ciclista profissional para passar para o carro.
Agora é diretor desportivo da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados e garante que está
numa posição "muito mais fácil".
"É
bastante diferente. O facto de estarmos a fazer uma boa época faz com que
cheguemos aqui com mais tranquilidade. Como atleta era uma pressão diferente.
Agora giro um grupo, antes tinha a pressão de ter uma equipa a depender de mim.
Se eu falhava, toda a equipa falhava. Como atleta chegava um bocadinho mais
nervoso do que agora, havia mais pressão", começou
por dizer a Record, frisando que, mesmo sendo a Volta a Portugal, o foco não
muda.
"As
expectativas continuam a ser as mesmas. Queremos que toda a gente que esteja a
ver a Volta a Portugal saiba que a Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados está cá.
Continuar com um bom trabalho, atitude e depois os resultados irão chegar
dentro das possibilidades. Vamos marcar objetivos dia a dia e tentar
concretizá-los. Se conseguirmos, boa, se não conseguirmos é porque haverá
atletas mais fortes do que os nossos e só temos de lhes dar os parabéns",
atira.
Foram 21 anos como
profissional, com momentos baixos, mas com muitos mais momentos altos. Os
grandes destaques vão para as duas Voltas a Portugal conquistadas, mas também
para a geral da Volta a Catalunha de 2008 e para a vitória da nona etapa da
Volta a Espanha em 2009. Será que, quando está dentro do carro, sente vontade
de voltar para cima da bicicleta?
"Não,
nada! Deixei de ser ciclista quando a minha cabeça pediu. Já não tinha vontade
para treinar. A competição é o mais fácil de tudo, porque tens motivação, estás
em forma, estás rodeado de amigos... O mais complicado é o dia a dia, os
treinos no inverno, a chuva, o sol, estar longe da família... Tudo o que é ser
ciclista fora da competição é muito mais complicado do que dentro das corridas.
Essa parte mental era a que mais me custava e chegou o dia em que disse basta.
Porque ciclista é ciclista 24 horas por dia, não é só quando se sobe para cima
da bicicleta. A cabeça já não queria, mas tenho a certeza de que, fisicamente,
conseguia correr mais dois ou três anos",
sublinhou.
Momento
mau... que pode ser bom
Questionado sobre o tema do
doping, que tem abalado o ciclismo português nos últimos tempos, Gustavo
Veloso, que correu na W52-FC Porto, a principal visada da Operação Prova Limpa,
admite que este é um "momento
complicado", mas espera que sirva para que o ciclismo "ande para a frente". "Temos de esperar e ver o que acontece. Temos as
informações que estão nos jornais. Não somos juízes, advogados ou polícias, há
que esperar que tudo termine. Depois de analisar tudo o que acontecer, haverá
quem terá de assumir responsabilidades e penso que, a longo prazo, isto pode
ser bom. Mas neste momento é mau porque nunca é fácil de gerir. Confio que isto
se vai resolver da melhor maneira para que possamos continuar a desfrutar do
ciclismo", concluiu.
Fonte: Record on-line
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