Biniam Girmay tornou-se no primeiro eritreu a vencer numa grande Volta, João Almeida terminou na 9.ª posição, e mantem 2º posição na geral a 12 segundos
Foto: Reuters
Biniam Girmay
(Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) voltou hoje a ‘sprintar’ para
uma vitória histórica, tornando-se no primeiro eritreu a vencer uma etapa numa
grande Volta, no caso na 10.ª tirada da Volta a Itália.
O corredor, que aos 22 anos se
tornou no primeiro eritreu a vencer numa grande Volta, cumpriu os 196
quilómetros entre Pescara e Jesi em 4:32.07 horas, batendo sobre a meta o
neerlandês Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix), segundo, e o italiano Vincenzo
Albanese (EOLO Kometa), terceiro, numa chegada em ‘sprint’ reduzido, em que o
português João Almeida (UAE Emirates) foi nono.
Nas contas da geral, Juan
Pedro López segurou a liderança, mantendo 12 segundos de vantagem sobre
Almeida, que é segundo, e 14 para o francês Romain Bardet (DSM), terceiro.
O jovem de 22 anos já tinha
feito história como primeiro subsariano a triunfar numa das grandes 'clássicas', ao impor-se na Gent-Wevelgem,
e hoje escreveu nova – e rara – página no livro da diversidade no desporto.
Nas pisadas do britânico Chris
Froome, um homem nascido no Quénia que acabou a vencer as três grandes Voltas,
o eritreu é o primeiro negro africano a vencer uma etapa numa dessas corridas,
num desporto desde sempre dominado por europeus.
Lançado pelo veterano italiano
Domenico Pozzovivo, o eritreu ‘sprintou’ lado a lado com Van Der Poel, que, a
poucos metros da meta, ‘admitiu’ a derrota, parando o esforço e levantando um
polegar ao africano, em sinal de reconhecimento.
Subiu mais tarde ao pódio, não
contendo as lágrimas, e por pouco não o fez duas vezes, já que ficou a ‘meros’
três pontos de igualar o líder da classificação por pontos, o francês Arnaud
Démare (Groupama-FDJ).
“O
‘Pozzo’ foi incrível, disse-me
para seguir com ele, fez um grande lançamento e foi extraordinário”, começou
por dizer o homem do dia.
Girmay referiu que desde o
início da ‘corsa rosa’ que havia expectativa de
“bons resultados”, que têm chegado fruto do “sucesso coletivo”. “Todos os dias há novas histórias. Estou muito feliz pelo
que fiz”, comentou.
A etapa teve vários momentos
evocativos da história do próprio Giro e do ciclismo, tendo por isso um final
apropriado, com a passagem na terra natal de Michele Scarponi, Filottrano, onde
o vencedor da ‘corsa rosa’ em 2011 morreu, aos 37 anos, em 2017.
Homenageada ‘L’Aquila di Filottrano’, com cartazes,
uma tela e ‘bidons’ especiais de uma das suas antigas equipas, a
Astana, o dia teve vários ataques de ‘aspirantes’ à vitória na etapa.
Os últimos 10 quilómetros,
principalmente, foram muito movimentados, de ciclistas atrasados aos homens da
geral, todos eles sem sucesso, com o bloco da Intermarché-Wanty-Gobert
Matériaux a controlar um pelotão cada vez mais reduzido.
Um ataque de ‘MVDP’ nos
últimos cinco quilómetros acabou sem sucesso, e uma tentativa do equatoriano
Richard Carapaz (INEOS), do espanhol Pello Bilbao (Bahrain-Victorious) e de
Romain Bardet, ‘puxando’ o comboio da geral, também não surtiu efeito,
abrindo caminho a um ‘sprint’ que Girmay liderou desde o início
Além de Almeida, que foi nono,
os outros dois portugueses da UAE Emirates tiveram um dia 'ocupado', de trabalho para os líderes, e
Rui Costa foi 123.º e Rui Oliveira 133.º. O primeiro é agora 49.º na geral, com
o segundo em 146.º
Na quarta-feira, a 11.ª etapa
liga Santarcangelo di Romagna a Reggio Emilia em 203 quilómetros, o mais plano
dos traçados da 105.ª edição do Giro, propenso a uma chegada em pelotão
compacto disputada ao ‘sprint’.
Fonte: Sapo on-line
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