Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A despedida de Elia Viviani
foi escrita com a mesma elegância e precisão que sempre marcaram o seu pedal.
Aos 36 anos, o italiano encerrou oficialmente a sua carreira com uma vitória
dourada nos Campeonatos do Mundo de Pista, em Santiago do Chile, triunfando na
corrida de eliminação e voltando a vestir a camisola arco-íris pela última vez.
Foi o adeus perfeito: um
campeão a sair de cena no topo, fiel à sua reputação de vencedor nato e
estratega exímio.
“Queria mostrar que ainda
podia ganhar na estrada, e consegui”, afirmou Viviani, emocionado, ao Bici.Pro.
“Terminar a minha carreira num Campeonato do Mundo, com a camisola arco-íris, é
fantástico. Vou reformar-me no topo, era isso que eu queria e esperava. Por
isso, sim, este é realmente o final perfeito.”
A Última
Dança termina em ouro
Nos bastidores, Viviani
admitiu que há muito não sentia um nervosismo assim. Mas, assim que o tiro de
partida ecoou no velódromo chileno, os instintos regressaram. Volta após volta,
leu a corrida como só um campeão sabe fazer, mantendo-se fora de perigo até
lançar o ataque decisivo com a frieza que o tornou num dos melhores
finalizadores do ciclismo mundial.
O sprint final foi uma
assinatura da sua carreira: potência, cálculo e elegância. Quando cruzou a meta
com os braços em cruz, um gesto simbólico, como que a fechar o livro, o recinto
explodiu em aplausos.
Os colegas da seleção italiana
vestiam camisolas com a inscrição “The Last Dance”, uma homenagem ao veterano
que passou mais de uma década a elevar o ciclismo de pista do país.
“O meu maior orgulho é ter
ajudado a construir este movimento com Marco Villa e todos os que trabalharam
nos bastidores”, afirmou Viviani. “Digo aos jovens ciclistas: acreditem nos
vossos sonhos, trabalhem arduamente, ambicionem alto. É assim que se chega a
estes momentos.”
Um
símbolo do renascimento do ciclismo de pista italiano
A carreira de Viviani foi
muito mais do que medalhas. Foi o elo entre gerações e um dos grandes
embaixadores da modalidade italiana. Campeão olímpico no ómnium do Rio 2016,
colecionou títulos europeus, pódios mundiais e dezenas de vitórias em pista e
estrada, ao serviço de equipas como a Sky, Cofidis e INEOS Grenadiers.
A sua despedida em Santiago
foi também um reflexo do legado que deixa: um programa nacional rejuvenescido,
com talentos que já brilham em várias disciplinas.
“Não podíamos ter pedido um
final melhor”, comentou o selecionador Dino Salvoldi. “A vitória de Elia foi
emocionante e mostrou a sua classe. Na nossa última corrida, colocámos dois
jovens de 2005 a competir com os melhores do mundo. O objetivo era aprender, e
aprenderam. É assim que o progresso acontece.”
O futuro:
menos pressão, mais inspiração
Antes de viajar para o Chile,
Viviani já deixara no ar que o seu futuro poderá continuar ligado ao desporto,
talvez num papel técnico ou de mentor. Por agora, quer apenas desligar o
cronómetro e aproveitar umas férias merecidas com Elena Cecchini, a sua mulher
e também ciclista profissional, que assistiu à sua despedida nas bancadas.
A imagem final é icónica:
Viviani a erguer os braços, o velódromo em delírio e a luz dourada a
refletir-se no seu último ouro. Um campeão que soube sair no momento certo, sem
arrependimentos, com a serenidade de quem sabe ter deixado uma marca indelével.
Pode visualizar este artigo
em: https://ciclismoatual.com/pista/este-e-o-final-perfeito-viviani-termina-carreira-com-titulo-mundial

Sem comentários:
Enviar um comentário