Corredor do Feirense foi suspenso em 2017 e só regressou no ano passado
Por: Pedro Filipe Pinto
Foto: João Fonseca
Se colocássemos os nomes dos
corredores desta Volta a Portugal numa balança, o de André Cardoso seria,
decerto, um dos mais pesados. O corredor da ABTF Betão-Feirense correu quatro
anos no principal escalão do ciclismo internacional e está a cumprir a segunda
Volta a Portugal após uma suspensão de quatro anos. 'Cholas' é, neste momento,
o quinto melhor da Volta, a 2.39 minutos do líder Frederico Figueiredo.
"Nesta estou como líder,
o que não aconteceu no ano passado. Em 2021 entrei um bocado em over training.
De certa forma, foram 4 anos parado, apesar de no último ter feito uma
preparação adequada para começar a competir. Entrei bem no Troféu Joaquim
Agostinho, estava num bom momento de forma, mas depois abusei um bocado nos
estágios de altitude e mesmo nos treinos. Por isso não estive tão forte. Este
ano, com uma época inteira a competir, as coisas foram diferentes, estou ao
nível que sempre me apresentei para as grandes voltas e acredito que seja um
ano positivo", começou por dizer a Record,referindo que está também a
provar que, aos 37 anos, não está acabado.
"Depois da última Volta a
Portugal, acredito que o pelotão pensasse que já seria difícil eu estar na
luta. Mas estou a mostrar que estou outra vez sólido e que sou um ciclista a
ter em conta na alta montanha. Respeitam-me e respeitam também a equipa",
atirou.
Em junho de 2017, quando André
Cardoso se preparava para participar pela primeira vez na Volta a França, a
União Ciclista Internacional (UCI) aplicou-lhe uma suspensão de quatro anos por
doping e durante esses tempos complicados houve um sentimento que dominou o
portuense: "injustiça."
"O
mais difícil foi encontrar um caminho. Pensava que ainda poderia correr naquela
temporada e depois não podia. Pensava que podia correr no ano seguinte e não se
confirmoul. Comecei a pensar que o melhor era voltar a Portugal logo em 2018,
mas depois percebi que a luta ia ser longa e que o caminho seria difícil.
Fiz-me a ele. Procurei uma forma de viver que não fosse ser ciclista e, aos
poucos, com o incentivo de muitos amigos, não deixei de pedalar",
revelou, deixando claro que sempre acreditou ser possível voltar a um bom
nível.
"Sabia
que aqueles quatro anos não iam fazer uma diferença abismal quando voltasse a
competir e assim foi. Estou aqui por mim, porque queria regressar e demonstrar
que conseguia, mas também por todas as pessoas que me ajudaram e sofreram
comigo. Muita gente disse para eu esquecer o ciclismo, mas não consigo. Nasce
dentro de nós, sempre gostei! Lembro-me de ir sozinho ver corridas quando era
miúdo. É uma paixão. Este ambiente, a família que criamos na nossa equipa e
também no resto do pelotão... tinha saudades de tudo isto",
sublinhou.
E não é que se apresentou
mesmo a um bom nível? André Cardoso foi dos corredores mais ativos durante a
etapa da Torre e garante que os objetivos para o resto da Volta a Portugal
estão definidos, para ele e para a equipa. "O
objetivo da ABTF Betão-Feirense é ganhar uma etapa, isso é possível e está ao
nosso alcance. Ao lutar por uma etapa, a classificação geral vem por
acréscimo", concluiu.
Fonte: Record on-line
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