quarta-feira, 10 de agosto de 2022

“O bom velho André Cardoso está de volta: «O mais difícil foi encontrar um caminho»”


Corredor do Feirense foi suspenso em 2017 e só regressou no ano passado

 

 Por: Pedro Filipe Pinto

Foto: João Fonseca

Se colocássemos os nomes dos corredores desta Volta a Portugal numa balança, o de André Cardoso seria, decerto, um dos mais pesados. O corredor da ABTF Betão-Feirense correu quatro anos no principal escalão do ciclismo internacional e está a cumprir a segunda Volta a Portugal após uma suspensão de quatro anos. 'Cholas' é, neste momento, o quinto melhor da Volta, a 2.39 minutos do líder Frederico Figueiredo.

"Nesta estou como líder, o que não aconteceu no ano passado. Em 2021 entrei um bocado em over training. De certa forma, foram 4 anos parado, apesar de no último ter feito uma preparação adequada para começar a competir. Entrei bem no Troféu Joaquim Agostinho, estava num bom momento de forma, mas depois abusei um bocado nos estágios de altitude e mesmo nos treinos. Por isso não estive tão forte. Este ano, com uma época inteira a competir, as coisas foram diferentes, estou ao nível que sempre me apresentei para as grandes voltas e acredito que seja um ano positivo", começou por dizer a Record,referindo que está também a provar que, aos 37 anos, não está acabado.

"Depois da última Volta a Portugal, acredito que o pelotão pensasse que já seria difícil eu estar na luta. Mas estou a mostrar que estou outra vez sólido e que sou um ciclista a ter em conta na alta montanha. Respeitam-me e respeitam também a equipa", atirou.

Em junho de 2017, quando André Cardoso se preparava para participar pela primeira vez na Volta a França, a União Ciclista Internacional (UCI) aplicou-lhe uma suspensão de quatro anos por doping e durante esses tempos complicados houve um sentimento que dominou o portuense: "injustiça."

"O mais difícil foi encontrar um caminho. Pensava que ainda poderia correr naquela temporada e depois não podia. Pensava que podia correr no ano seguinte e não se confirmoul. Comecei a pensar que o melhor era voltar a Portugal logo em 2018, mas depois percebi que a luta ia ser longa e que o caminho seria difícil. Fiz-me a ele. Procurei uma forma de viver que não fosse ser ciclista e, aos poucos, com o incentivo de muitos amigos, não deixei de pedalar", revelou, deixando claro que sempre acreditou ser possível voltar a um bom nível.

"Sabia que aqueles quatro anos não iam fazer uma diferença abismal quando voltasse a competir e assim foi. Estou aqui por mim, porque queria regressar e demonstrar que conseguia, mas também por todas as pessoas que me ajudaram e sofreram comigo. Muita gente disse para eu esquecer o ciclismo, mas não consigo. Nasce dentro de nós, sempre gostei! Lembro-me de ir sozinho ver corridas quando era miúdo. É uma paixão. Este ambiente, a família que criamos na nossa equipa e também no resto do pelotão... tinha saudades de tudo isto", sublinhou.

E não é que se apresentou mesmo a um bom nível? André Cardoso foi dos corredores mais ativos durante a etapa da Torre e garante que os objetivos para o resto da Volta a Portugal estão definidos, para ele e para a equipa. "O objetivo da ABTF Betão-Feirense é ganhar uma etapa, isso é possível e está ao nosso alcance. Ao lutar por uma etapa, a classificação geral vem por acréscimo", concluiu.

Fonte: Record on-line

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