Jornalista que o entrevistou teve de repetir que era ele o vencedor
Por: Lusa
Foto: Reuters
O irlandês Sam Bennett
(Deceuninck-QuickStep) tanto tentou que esta terça-feira teve a merecida
recompensa, chorando como 'um menino' com a sua primeira vitória na Volta a
França , conseguida à frente dos 'reis' do 'sprint' na 10.ª etapa.
Esmagado pela emoção, e ainda
incrédulo com aquilo que tinha acabado de acontecer - o jornalista que o entrevistou
teve de repetir que era ele o vencedor -, o tenaz 'sprinter' da
Deceuninck-QuickStep foi proferindo frases soltas, confessando-se em choque com
aquele que será, presumivelmente, o triunfo mais desejado de um currículo que
conta com 47 vitórias, incluindo três etapas na Volta a Itália e duas na Volta
a Espanha.
"Ainda não tinha
percebido, porque esqueci-me de atirar a bicicleta para a linha [de meta] e
pensei que ele [Caleb Ewan] poderia ter-me passado. Ainda não 'caiu a ficha',
pensei que estaria em lágrimas, mas estou em choque", começou por dizer o
campeão irlandês antes de a voz fraquejar e o choro entrecortar-lhe o discurso.
"Só quero agradecer a
todos os envolvidos, a toda a equipa e ao Patrick [Lefevere, o patrão da
Deceuninck-QuickStep] por me dar esta oportunidade, a todos os que me ajudaram
a chegar aqui. Quero agradecer à minha mulher e a todos à minha volta. Sonhamos
com isto e nunca pensamos que vai acontecer. Acontece e aconteceu",
prosseguiu, enquanto pedia desculpa ao entrevistador pelas lágrimas, dizendo
que não queria ser "um bebé chorão".
A vitória de Sam Bennett é
ainda mais especial, porque para conquistá-la o irlandês teve de derrotar dois
'senhores' do 'sprint' do pelotão, o australiano Caleb Ewan (Lotto Soudal) e o
eslovaco Peter Sagan (Bora-hansgrohe), respetivamente segundo e terceiro na
meta, e ainda porque o triunfo significou o regresso à camisola verde, por
troca com Sagan.
O momento feliz do 'sprinter'
da formação belga, à qual chegou apenas esta temporada, foi antecedido de uma
etapa nervosa. Logo nas primeiras pedaladas da ligação de 168,5 quilómetros Île
d'Oléron e Île de Ré, metade do contingente suíço na 107.ª edição lançou-se
para a fuga: Stefan Küng (Groupama-FDJ) e Michael Schär (CCC) colaboraram bem,
chegaram a dispor de quase dois minutos de vantagem, mas viram a sua aventura
anulada pela parceria belga entre Lotto-Soudal e Deceuninck-QuickStep, a pouco
menos de 100 quilómetros para a meta.
Com a ameaça de vento lateral,
a inquietação no pelotão foi crescendo ao longo da jornada, com pequenas quedas
a sucederem-se até que, a cerca de 64 quilómetros da meta, uma divisória na
estrada atirou ao chão o francês Guillaume Martin (Cofidis), terceiro da geral,
e o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), sétimo, com o primeiro a ser
obrigado a trocar de bicicleta e o segundo a esperar bastante tempo pela
assistência técnica.
Na aproximação à meta, a
tensão atingiu o pico na travessia da ponte de Île de Ré, com Miguel Ángel
López a ficar momentaneamente atrasado, mas a recuperar para cortar a meta no
pelotão, com as mesmas 03:35.22 horas do vencedor e do camisola amarela Primoz
Roglic.
O esloveno da Jumbo-Visma
manteve as diferenças para os perseguidores, tendo o colombiano Egan Bernal
(INEOS) a 21 segundos e Guillaume Martin a 28, numa classificação geral
individual em que o português Nelson Oliveira é 61.º a mais de uma hora do
primeiro, depois de hoje ter chegado integrado no pelotão.
Na quarta-feira, os candidatos
à geral deverão ter mais um dia calmo, nos 167,5 quilómetros entre
Châtellaillon-Plage e Poitiers, propícios a uma chegada ao 'sprint'.
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário