Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O diretor-geral da Team Jayco
AlUla, Brent Copeland, lançou um aviso severo à UCI, instando o organismo que
rege o ciclismo a implementar reformas estruturais no desporto para evitar que
o desequilíbrio financeiro das super-equipas prejudique a competitividade e a
saúde do ciclismo a longo prazo. Copeland, que também é presidente da AIGCP
(Associação Internacional de Equipas Profissionais), acredita que a disparidade
crescente entre os orçamentos das grandes equipas e as mais pequenas é um
problema grave.
“As equipas de topo têm
orçamentos 100 ou até 200% superiores aos das equipas médias. E essas equipas,
por sua vez, têm muito mais recursos do que as mais pequenas. Este sistema não
funciona e só vai piorar se não o regularmos”, afirmou Copeland ao Bici.Pro.
O
desequilíbrio financeiro: o que está em jogo para o ciclismo
Para Copeland, o domínio da
UAE Team Emirates - XRG, que conquistou 96 vitórias em 2025, é uma prova do
desequilíbrio crescente no ciclismo moderno. O dinamarquês da Team Visma |
Lease a Bike, Jonas Vingegaard, e o esloveno da UAE, Tadej Pogacar, têm dominado
as Grandes Voltas, e Copeland vê isso como reflexo de um desequilíbrio
financeiro e estrutural entre as equipas de topo e as mais pequenas.
“Precisamos de falar mais
sobre esta tendência. Pode levar ao rebentamento da bolha se não introduzirmos
um limite orçamental para cada equipa. Se nada for feito, o fosso vai aumentar
ainda mais, haverá menos incerteza e o risco é que o espetáculo do nosso
desporto sofra”, afirmou Copeland, alertando para as consequências de uma falta
de ação.
Copeland comparou o ciclismo a
outros desportos motorizados, como a Fórmula 1 e o MotoGP, que implementaram
controlos financeiros para manter a competitividade. Ele acredita que o
ciclismo precisa de uma abordagem semelhante para se manter relevante e competitivo.
“A Fórmula 1 e o MotoGP
evoluíram enormemente nos últimos dez anos para se manterem relevantes.
Precisamos de fazer o mesmo no ciclismo, tanto no masculino quanto no
feminino”, disse Copeland, sublinhando a importância de se manter o equilíbrio
financeiro para preservar a competitividade e o apelo do desporto.
A época
da Team Jayco AlUla: resultados mistos e uma nova abordagem para 2026
Apesar de algumas vitórias,
como a de Chris Harper na Volta a Itália e Ben O'Connor na Volta a França,
Copeland reconheceu que a Team Jayco AlUla não conseguiu atingir todos os seus
objetivos em 2025. O diretor da equipa expressou frustração com o 18º lugar da
equipa na classificação geral, considerando que, com o investimento feito e o
talento disponível, a equipa deveria ter ficado entre os dez primeiros.
“Foi uma época decente, mas
podíamos ter feito melhor. Se olharmos para a equipa que tínhamos com O'Connor,
Matthews, Dunbar, Zana e Schmid, tínhamos pelo menos sete ou oito ciclistas
capazes de vencer, mas nem todos deixaram a sua marca”, admitiu Copeland.
Para 2026, a equipa reduziu
ligeiramente os seus gastos e tem como objetivo dar mais responsabilidades aos
ciclistas mais jovens, apoiados por líderes experientes, como Ben O'Connor e
Michael Matthews. Copeland espera que essa nova abordagem possa equilibrar
orçamento e desempenho no mais alto nível.
“Fizemos uma escolha ousada.
Queremos concentrar-nos nos jovens ciclistas sem baixar o nível da equipa. Se o
gerirmos bem, pode ser sustentável e eficaz”, afirmou Copeland.
Michael
Matthews: a importância da liderança e da resiliência
Copeland também elogiou
Michael Matthews, destacando a importância do ciclista australiano para a
equipa, tanto pelo seu profissionalismo quanto pela sua resiliência. Matthews,
que tem enfrentado a competição feroz de ciclistas como Van der Poel e Van Aert,
continua a ser uma peça central na Team Jayco AlUla.
“O Michael é o nosso maior
trunfo. Ele pode não ganhar tanto quanto merece, mas isso é apenas porque ele
enfrenta titãs como Van der Poel e Van Aert. Quando os médicos nos disseram que
ele estava totalmente recuperado, não tive dúvidas de que voltaria ainda mais
forte”, disse Copeland.
O futuro
do ciclismo: reformas ou estagnação?
Com anos de experiência na
gestão de equipas, Brent Copeland continua a ser uma voz influente no ciclismo.
O seu apelo à reforma financeira e estrutural é claro: sem regulamentação e
equilíbrio, o ciclismo arrisca perder o que o torna único e atraente para os
adeptos e patrocinadores.
“O fosso já é enorme. Se não
agirmos rapidamente, acabaremos por ter menos equipas capazes de competir,
menos surpresas e menos espetáculo. Não é esse o ciclismo que queremos”,
alertou Copeland
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