A única vencedora portuguesa da Volta foi a olímpica Raquel Queirós, em 2021, estando hoje dedicada ao BTT
A quarta edição da Volta a
Portugal feminina, na estrada de quarta-feira a domingo, estreia a corrida no
calendário da União Ciclista Internacional (UCI), com um aumento da exigência,
internacionalização e percurso endurecido.
“Esta Volta a Portugal vai ser
boa, também pelos pontos UCI [que passa a atribuir] e pelas equipas que vêm. A
maior parte do pelotão português não está habituada a este nível. A minha
equipa vai com frequência ao estrangeiro, e com equipas organizadas, como são
no escalão Continental, é completamente diferente”, diz à Lusa Ana Caramelo, à
laia de aviso.
A ciclista da Matos
Mobility-Flexaco, atual vice-campeã nacional de fundo e contrarrelógio, foi a
melhor portuguesa em 2023, acabando no sexto lugar final uma edição ganha pela
russa Valeria Valgonen, ausente das inscritas da Soltec-Iberoamérica para este
ano.
As 19 equipas do pelotão da
quarta edição, incluindo sete do escalão Continental, enfrentam 442,9
quilómetros entre cinco etapas, com várias ciclistas a preverem dificuldades
para o contingente nacional, que coloca oito equipas de clube entre as
formações inscritas.
“Deixo um ponto de
interrogação: quantas portuguesas vão terminar? A maior parte não está
habituada a este nível. O nível não tem nada a ver, até porque muitas aqui
trabalham, estudam. Mas ainda bem que existe, para quem cá está ver outra
realidade”, defende Ana Caramelo.
Perto de 120 ciclistas, de 27
nações diferentes, vão enfrentar a quarta edição, que arranca com 96,4
quilómetros entre Vila Nova de Gaia e Águeda, antes de a segunda etapa, que
parte na Mealhada e acaba 119,9 quilómetros depois em Sever do Vouga, ajudar a
selecionar o pelotão, com uma chegada em alto.
Seguem-se 121,9 quilómetros
entre Anadia e Pombal, depois 92,5 quilómetros entre Torres Vedras e a Póvoa de
Santa Iria, na ‘totalista’ Vila Franca de Xira, antes de um contrarrelógio
individual plano, de 12,2 quilómetros, coroar a vencedora junto ao Centro
Cultural de Belém, em Lisboa.
Ana Caramelo quer continuar a
trabalhar para ser “a melhor portuguesa”, mediante os objetivos da equipa, na
expectativa de saber se o pelotão deixará as etapas mais planas serem
discutidas ao sprint ou se “haverá jogadas”, num contexto em que vê Portugal
como “um chamariz”, mas com um contingente nacional ainda em busca de
maturidade.
A campeã nacional no ‘crono’ e
no fundo, Daniela Campos, vem à Volta pela Eneicat-CM Team num contexto
diferente de grande parte do pelotão, uma vez que, depois, fará as malas para
representar Portugal nos Jogos Olímpicos Paris2024.
A jovem quer “ajudar a equipa,
que vai com o objetivo de discutir a Volta”, uma vez que é do escalão
Continental uma das formações que mais aposta na corrida, e destaca o “momento
bastante especial” de correr com a camisola de campeã nacional.
“O nível vai ser mais elevado,
assim como a exigência da corrida. Espero uma corrida bastante dura. O meu
objetivo será ajudar a equipa e preparar objetivos futuros. Há uma ou duas
etapas que se podem adequar às minhas características, como o contrarrelógio”,
declara.
Campos, de resto, terá ainda
Europeus e Mundiais, no último ano de sub-23, chegando com a moral em cima –
além da chamada ‘olímpica’ e dos títulos nacionais, venceu uma etapa na Volta à
Guatemala, raro sucesso do ciclismo português no feminino no estrangeiro.
Também a correr lá fora, na
inglesa DAS-Hutchinson-Brother, está Vera Vilaça, que sabe o que é subir ao
pódio de uma Volta, tendo sido terceira em 2022, ainda pela Veloperformance.
A antiga triatleta prevê
também “um nível muito mais elevado”, comparável ao que encontra no
estrangeiro, mas essa subida de valor permite “evoluir cá dentro”.
“O nível internacional está
altíssimo, todos os anos se anda mais. Tenho notado que toda a gente anda
muito, e trazer essas ciclistas e equipas, aprender a correr com elas e ter
esse desafio, [é] para no inverno evoluir mais, para o ciclismo português
crescer mais a cada ano”, afiança.
Vê o percurso como sendo mais
duro, além de ser a maior distância de sempre, e por isso esta edição será
“diferente e mais desafiante”, com a equipa britânica em busca de “tentar a
camisola amarela”, uma luta na qual espera inserir-se e “tentar ganhar uma
etapa”.
“Vai ser muito duro para as
equipas portuguesas, mas é sempre melhor sermos expostas a um nível alto, mesmo
que signifique menos títulos”, resume.
Entre os destaques das equipas
presentes, nota para a norte-americana Cynisca, da recente campeã pan-americana
Lauren Stephens, com 22 vitórias profissionais no palmarés, e para a
Arkéa-B&B Hotels (França), esta da neozelandesa Michaela Drummond,
medalhada em Mundiais de pista.
O pelotão inclui ainda a
Aromitalia 3T Vaiano (Itália), DAS-Hutchinson-Brother (Inglaterra), de Vera
Vilaça, Eneicat-CM (Espanha), de Daniela Campos, Coop-Repsol (Noruega) e Soltec
Iberoamérica (Panamá).
Do pelotão nacional chegam
oito das 12 equipas de clube, no caso a Academia Efapel, a Cantanhede
Cycling-Vessam, a CDASJ-Cyclin’Team-Albufeira, a Korpo Ativo, a Maiatos, a
Matos Mobility-Flexaco, a Tavira-Extremosul-Farense e a Vertentability.
Outra das equipas em prova é a
Cantabria-Rio Miera, com três portuguesas, Marta Carvalho, Beatriz Pereira e
Beatriz Roxo, gaiense que foi 10.ª na geral final de 2023.
A única vencedora portuguesa
da Volta foi a olímpica Raquel Queirós, em 2021, estando hoje dedicada ao BTT.
Fonte: Sapo on-line
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