Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Numa entrevista recente a um
jornal nacional, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo afirmou que a
Volta a Portugal tem vindo a perder força ao longo dos últimos quinze anos.
Para José Santos, director desportivo da Rádio Popular - Paredes - Boavista,
essa visão merece ser analisada à luz do contexto do ciclismo nacional e do
esforço das equipas e ciclistas que, permanecendo em Portugal, têm contribuído
para a sua sustentabilidade.
Sem receio de ser contestado,
José Santos apresentou a sua opinião sobre aquilo que faria caso ocupasse a
presidência da Federação. Uma reflexão que, segundo explica, se baseia nas
normas que devem reger o desporto em geral, conforme se pode ler na página
oficial da equipa numa rede social.
Equilíbrio
fundamental
“Não é justo, não é sério,
colocar uma equipa de futebol, ou de outra qualquer modalidade desportiva, do
terceiro escalão nacional a participar na Liga dos Campeões, com as melhores
equipas de futebol mundial. O que diriam se o Louletano, com todo o respeito
que esta valoroso clube me merece, com a sua equipa de futebol pudesse
participar nessa prova e se lhe exigisse que competisse de igual para igual,
com clubes como o Milan, Manchester, etc. Seria no mínimo ridículo exigir tal
desiderato.”, afirmou.
O dirigente recorda que todo o
desporto está estruturado em divisões, garantindo equilíbrio competitivo. “Os
clubes da 3ª divisão competem entre si, de forma equilibrada, o mesmo sucedendo
com os escalões subsequentes, isso permite que os jogos sejam competitivos e
que não hajam resultados desajustados. Porque é que este princípio básico da
organização desportiva, não é aceite, ou pelo menos reconhecida no ciclismo.
Será justo ou equilibrado, que uma equipa World Tour compita com equipas
Continentais UCI, de terceira divisão, e se comparem resultados nesta
situação?”.
Um modelo
para a corrida e os Sub-23
Na sua perspectiva, a Volta a
Portugal deveria afirmar-se através de um modelo competitivo adequado ao
contexto nacional. “O que a Volta terá de fazer é apresentar à UCI um projeto
com dois fins de semana e um dia de descanso, reunindo as equipas portuguesas e
as dez melhores equipas mundiais de terceira divisão. Apresentando a Volta a
Portugal como a antecâmara das equipas, para uma possível participação dos seus
ciclistas nas provas de três semanas (Giro/Tour e Vuelta). Isto, será uma
solução mais assertiva, mais séria. Senão vejamos, a prestação da equipa de
Israel, ganhou quatro etapas, andou com a amarela. Com este modelo, todos
estarão em igualdade de circunstâncias."
Outro ponto abordado por José
Santos passa pela aposta nos jovens. “Porque é que algumas equipas, que se
dizem de primeira linha, têm medo de investir nos sub-23? O modelo das equipas
Continentais vai precisamente nesse sentido e rumo”, defende.
O director desportivo recorda
ainda que, caso a Volta a Portugal venha a subir de escalão, será natural
perder dias de corrida devido às imposições regulamentares da UCI.
Uma Volta
centenária que não pode morrer
Apesar das críticas
construtivas, José Santos não esconde o carinho pela prova rainha do ciclismo
nacional. “Continuo a dizer que, pessoalmente gosto da Volta, do seu ambiente,
do carinho do nosso povo, de um evento que vai fazer cem anos de existência, e
que foi durante muitos anos, o único elo de ligação de aldeias, vilas e
cidades, que tem um historial único no panorama desportivo e cultural nacional,
e apoio todos quantos ao longo destes quase cem anos de existência, com muito
esforço colocaram na estrada a Volta.”
Numa nota final, deixou
palavras de reconhecimento a figuras marcantes da história da corrida: “Não
posso esquecer, alguns que tive o grato prazer de conhecer: António Fernandes,
Idalino Freitas, Artur Agostinho, Mário Ferreira, Fiel Farinha e os maiores de
todos, Jorge Lara e Serafim Ferreira.”
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