Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Aos 38 anos, Damiano Caruso
atravessa uma fase da carreira que o próprio descreve como surpreendente. Uma
época que começou com dúvidas sobre a reforma transformou-se num caminho de
redescoberta, em que a forma física recuperada, o prazer do sacrifício e a
vitória inesperada em Burgos na reta final mostraram-lhe que ainda tem muito
para dar ao ciclismo.
O italiano prepara-se para
enfrentar 2026 como a sua última temporada profissional, com as cores da
Bahrain - Victorious, com a intenção de dar tudo e fechar a sua bem-sucedida
carreira em alta, deixando tudo na estrada.
Caruso pode olhar para 2025
com satisfação: “Voltei a surpreender-me. No início do ano tinha praticamente
decidido retirar-me, mas depois fiz uma temporada mais do que decente. Por isso
posso dizer que estou plenamente satisfeito”, afirma em entrevista ao OA Sport.
O momento-chave que o levou a
repensar a retirada chegou na Volta a Itália de 2025, onde o experiente
italiano voltou ao top 5 da geral enquanto os colegas mais jovens falharam. “Em
2024 não consegui encontrar uma forma real, mas em 2025, por volta de abril,
comecei a sentir-me bem. Confirmei isso na Volta aos Alpes e depois no Giro foi
perfeito. Senti que ainda tinha algo a dar ao desporto”.
Vitória
em Burgos: um prémio inesperado
Bater os companheiros de fuga
em Burgos (entre eles Rui Costa) aos 38 anos foi “a cereja no topo do bolo”,
segundo Caruso: “Não pensava tanto na vitória, mas sim em fazer uma prestação
sólida. O triunfo surgiu totalmente inesperado e foi um enorme prazer,
sobretudo porque não foi uma vitória ‘oferecida’. O pelotão era grande,
procurei a fuga e interpretei a corrida da melhor forma possível”.
Caruso confirma que 2026 será
a sua última época como profissional. Quanto à vida depois da bicicleta,
pretende continuar ligado ao ciclismo: “Gostaria de aproveitar a experiência
que acumulei ao longo dos anos. Depois veremos como tudo evolui, mas essa é a
ideia neste momento”.
Sobre os objetivos para a
derradeira temporada no pelotão, acrescenta: “Espero alcançar um bom nível e
ser competitivo nas corridas. A partir daí, o objetivo é terminar a época com a
certeza de ter dado tudo e de ter sido útil para mim e para a equipa”.
Maturidade
como chave da carreira
Caruso reconhece que a
carreira mudou após os 30 anos: “Decidi sair da minha zona de conforto. Talvez
nos primeiros anos me tenha acomodado um pouco. Com maturidade percebi que
tinha de exigir mais de mim e foi aí que chegaram os resultados. Olhando para
trás, acho que poderia ter feito mais antes, mas o ciclismo era diferente e os
jovens tinham mais tempo para crescer. Ainda assim, estou satisfeito e não
tenho arrependimentos”.
Em 2021, Caruso assinou a sua
melhor campanha na Volta a Itália ao terminar segundo da geral atrás de Egan
Bernal, a quem chegou a desafiar pela vitória final com um ataque arrojado na
última etapa de montanha. Embora não tenha passado de uma vitória de etapa,
Caruso deixou marca na história da corrida.
O seu principal lamento também
está ligado à Corsa Rosa, mas não à derrota em 2021. Diz respeito a 2022,
quando a equipa quis aproveitar o renascido Caruso para a geral na Volta a
França, mas o plano não resultou e o italiano acabou por abandonar a corrida.
Em vez disso, teria preferido
estar nesse ano no Giro, já que a forma era excelente nesse período, como
evidenciado pelo 6º lugar na Volta à Romandia e 4º no Dauphiné, as duas provas
que enquadram a Volta a Itália.
“Provavelmente teria preferido
correr o Giro nesse ano, mas é preciso respeitar as decisões da equipa. No
Tour, também tinha a ambição de tentar a classificação ou ganhar uma etapa,
tentando tirar o máximo possível”.
Pode visualizar este artigo
em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/lenda-italiana-anuncia-que-2026-sera-o-seu-ultimo-ano-como-profissional-apos-uma-epoca-em-que-fez-top-5-no-giro-aos-37-anos

Sem comentários:
Enviar um comentário