Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Marc Madiot, diretor da
Groupama - FDJ, lançou um apelo a um maior respeito pelos ciclistas na
sequência dos protestos pró-palestinianos que marcaram a Volta a Espanha 2025.
Para o francês, de 64 anos, as manifestações podem e devem ter o seu espaço,
mas não à custa da integridade da competição e da segurança do pelotão.
Em declarações ao
Cyclism’Actu, Madiot reconheceu que a visibilidade do ciclismo torna-o
particularmente vulnerável a ações deste tipo, pela natureza aberta da estrada.
Ainda assim, sublinhou que os ciclistas não podem ser usados como instrumentos
numa luta política.
"O ciclismo está muito
exposto porque é praticado na via pública. Respeito os manifestantes, quaisquer
que sejam os seus objetivos, mas as pessoas também devem respeitar a profissão
dos ciclistas", afirmou. "É possível protestar sem bloquear uma
corrida. Ver bandeiras palestinianas na berma da estrada não me incomoda, mas
não deve tornar-se um meio de perturbação permanente. Os ciclistas não deviam
ter de suportar isso. Respeitemo-nos uns aos outros".
Debate sobre segurança e
liberdade de expressão
As palavras de Madiot surgem
depois de uma edição da Vuelta marcada por neutralizações e cancelamentos,
incluindo a 21ª etapa em Madrid, interrompida de forma abrupta. O episódio
reabriu o debate sobre a forma como a UCI, os organizadores e as autoridades
espanholas devem lidar com este tipo de situações
Vários ciclistas, entre eles
Michal Kwiatkowski, criticaram abertamente a falta de medidas eficazes de
segurança, deixando no ar a sensação de que o pelotão esteve demasiado exposto.
Madiot preferiu adotar uma postura conciliadora, procurando equilibrar direitos
fundamentais com a realidade da profissão: "Cada um tem a sua opinião, mas
eu prefiro pensar em como conciliar a liberdade de expressão com o respeito
pelo trabalho dos ciclistas", disse.
A
resposta "refrescante" do pelotão
Apesar do caos, o francês
destacou a forma como as equipas e os corredores reagiram, elogiando em
particular a cerimónia improvisada que substituiu o pódio oficial em Madrid.
"Achei-o
refrescante", comentou. "Os ciclistas e as equipas mostraram uma boa
atitude perante a situação. Foi uma pequena mensagem: houve uma perturbação,
mas somos capazes de continuar a corrida. Um protocolo improvisado, mas que
fazia sentido".
Essa adaptação de última hora,
feita em hotéis e parques de estacionamento, acabou por simbolizar a
resiliência do pelotão face a uma edição da Vuelta constantemente interrompida.
O balanço
da Groupama – FDJ
No plano desportivo, Madiot
fez questão de realçar os aspetos positivos da campanha da sua equipa em
Espanha, embora não tenha escondido algumas frustrações.
"Há razões para estarmos
satisfeitos: uma vitória de etapa, uma camisola de líder, bons desempenhos dos
nossos jovens ciclistas", afirmou. "Lamentamos a queda de Guillaume
Martin-Guyonnet logo no primeiro dia, que nos prejudicou muito na classificação
geral. O ponto negativo é David Gaudu, que não conseguiu fazer o seu trabalho
na segunda metade da corrida. Mas, no geral, a equipa funcionou bem. O David
mostrou que, com consistência, pode bater os melhores, por isso vamos continuar
a trabalhar nesse sentido".
Madiot confirmou ainda que
Guillaume Martin já retomou os treinos após a lesão sofrida na etapa inaugural,
destacando a sua importância para as ambições da equipa na montanha. Quanto a
David Gaudu, deixou um aviso claro:
"A sua época foi de
paragem. É urgente para ele recomeçar com bases claras e saudáveis durante o
inverno. A temporada de 2026 começa agora: ele deve recondicionar-se mental e
fisicamente para atuar no próximo ano".
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