Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O pelotão internacional
prepara-se para se despedir de mais dois ciclistas experientes e respeitados.
Nans Peters e Jonas Koch anunciaram que colocarão um ponto final nas suas
carreiras no final de 2025, simbolizando uma tendência crescente no ciclismo moderno:
os ciclistas estam a retirar-se cada vez mais cedo, impulsionados pela
intensidade competitiva e pelo aumento do nível de exigência no World Tour.
Koch: um trabalhador
incansável despede-se após 13 anos de profissionalismo
Aos 32 anos, Jonas Koch
colocará ponto final numa carreira iniciada em 2012, quando se tornou
profissional ainda com 19 anos numa equipa continental alemã. Depois de várias
temporadas a evoluir, assinou pela CCC Team em 2017, estrutura que ascendeu ao
World Tour em 2019. Com o desaparecimento da equipa, transferiu-se para a
Intermarché - Wanty e mais tarde para a Red Bull - BORA - hansgrohe, onde
permanecerá até ao final da presente época.
Especialista em terreno plano
e subidas curtas, Koch construiu uma forte reputação como rolador e gregário de
confiança. Embora nunca tenha conquistado uma vitória profissional, o seu
compromisso e regularidade tornaram-no num elemento valorizado em todas as
equipas por onde passou.
Durante mais de uma década no
pelotão, participou em todas as três Grandes Voltas - duas vezes na Volta a
França, três na Volta a Espanha e uma na Volta a Itália - e alinhou em dez
Monumentos, desempenhando quase sempre funções de gregário.
A Volta à Holanda, onde
abandonou durante a etapa rainha, colocou o seu último dorsal nas costas como
profissional.
Nans
Peters: o francês das fugas memoráveis
Do outro lado, Nans Peters
terminou a sua carreira de forma simbólica: numa fuga durante a Volta a
Guangxi, o seu derradeiro dia de competição. O francês, de 31 anos, termina a
carreira com o mesmo ADN com que a iniciou, a lutar na frente.
Formou-se e assinou o seu
primeiro contrato profissional pela Decathlon AG2R La Mondiale Team, onde
passou toda a carreira desde 2017, Peters construiu um palmarés pequeno, mas
marcante, com três vitórias profissionais, duas delas em Grandes Voltas.
A mais memorável aconteceu em
2020, quando triunfou na Volta a França, em Loudenvielle, nos Pirenéus, após
integrar a fuga do dia e deixar todos os adversários para trás nas subidas ao
Col de Menté e ao Col de Peyresourde. Um ano antes, já tinha vencido uma etapa
na Volta a Itália, em Anterselva, também a partir de uma fuga.
O seu último triunfo data de
2023, no Trofeo Laigueglia, uma das corridas mais emblemáticas do calendário
italiano, onde bateu adversários mais experientes com um ataque oportuno nos
quilómetros finais.
O novo
paradigma do ciclismo moderno
As despedidas de Peters e Koch
ilustram a nova realidade do ciclismo moderno: um desporto cada vez mais
rápido, intenso e implacável. O nível médio aumentou, os calendários
tornaram-se mais exigentes e os jovens talentos chegam ao topo cada vez mais
cedo, o que leva muitos ciclistas experientes a encurtar as suas carreiras.
Ambos os corredores deixam o
pelotão com o respeito dos colegas e adeptos, não apenas pelos resultados, mas
sobretudo pela entrega e profissionalismo que sempre demonstraram.
Num ciclismo dominado por
estrelas precoces e máquinas de alto rendimento como Pogacar, Vingegaard ou
Evenepoel, nomes como Peters e Koch recordam que a essência do ciclismo também
vive de homens discretos e dos caçadores de fugas que, em cada corrida, continuam
a escrever as histórias que fazem do ciclismo algo tão bonito.
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