Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O britânico, vencedor da Volta
a França em 2012, revelou que viajará para o Utah para uma semana de
aconselhamento sobre traumas, com as despesas pagas pelo antigo ciclista
americano.
Bradley Wiggins prepara-se
para viajar para os Estados Unidos numa tentativa de enfrentar os traumas do
passado e consolidar a sua recuperação pessoal. O britânico, vencedor da Volta
a França em 2012, revelou durante a apresentação do seu novo livro 'The Chain'
que passará uma semana numa clínica especializada no Utah, num programa
intensivo de aconselhamento sobre traumas - uma experiência financiada por
Lance Armstrong.
A relação entre ambos tem-se
fortalecido nos últimos anos, com Armstrong a oferecer a Wiggins o que o
britânico descreve como “uma plataforma que não implica que eu suba para uma
bicicleta”.
“Vou para a América na
sexta-feira”, disse Wiggins, citado pelo The Telegraph. “Ele [Armstrong] pagou
para eu ir a uma clínica de aconselhamento de traumas de topo no Utah, por isso
estou ansioso para ir. Ele ofereceu-me um papel de volta ao ciclismo, uma
plataforma que não implica que eu suba para uma bicicleta.”
“Ele tem
sido uma grande força para mim”
Nos últimos meses, Wiggins tem
falado abertamente sobre as experiências de abuso sexual na infância e as
batalhas contra a dependência de cocaína, dois temas centrais do seu novo
livro. No meio dessa jornada de exposição e reconstrução pessoal, o antigo corredor
diz ter encontrado em Lance Armstrong uma figura de apoio e orientação.
“Ele tem sido uma grande força
para mim e uma grande inspiração, e é a nível humano”, disse Wiggins à BBC no
início deste ano. “O Lance tem sido muito bom para mim… Só se pode levar alguém
como essa pessoa nos trata e o Lance tem sido uma fonte constante de ajuda e um
dos principais factores que me levaram a estar na posição em que estou hoje,
mental e fisicamente.”
Em abril, Wiggins já tinha
contado ao L’Équipe que Armstrong lhe recomendara esta terapia, descrevendo-a
como uma experiência transformadora.
“Ele disse-me que esta terapia
tinha mudado a vida dele”, revelou. “Dura uma semana. Passamos dez horas por
dia numa sala, sem telefone, sem nada. Não sei o que me espera. Veremos.”
O novo
papel de Armstrong como mentor e figura de apoio
Banido para sempre do ciclismo
profissional e despojado dos seus sete títulos da Volta a França, Lance
Armstrong tem procurado reabilitar a sua imagem através do podcast 'The Move' e
de iniciativas de apoio pessoal a antigos colegas de profissão.
O americano já havia
desempenhado um papel semelhante ao ajudar Jan Ullrich durante as suas próprias
lutas contra o vício e a depressão, algo que o alemão reconheceu publicamente,
afirmando que Armstrong “lhe devolveu a vida”.
Agora, uma década depois de
ambos os homens terem caído em desgraça de formas diferentes, Armstrong parece
ter encontrado um novo propósito: o de apoiar antigos rivais que enfrentam
lutas internas, mas longe do pelotão.
“O Lance está a tentar fazer a
diferença, não no ciclismo competitivo, mas na vida das pessoas com quem se
cruza”, escreveu recentemente o The Telegraph.
Um elo
entre dois campeões marcados
O encontro entre Wiggins e
Armstrong é simbólico. Dois vencedores da Volta a França, ambos afastados do
pelotão por caminhos muito distintos - um por escândalos de doping, outro por
traumas pessoais e desilusões pós final de carreira - encontram agora um
terreno comum na reconstrução e no apoio mútuo.
A viagem de Wiggins ao Utah,
financiada por Armstrong, é mais do que um gesto de solidariedade: é um
testemunho de como a vulnerabilidade e a partilha da dor podem criar novas
formas de ligação entre figuras que, durante anos, viveram sob o peso da pressão
e da glória.
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