Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A 18.ª etapa da Volta a França 2025 é, talvez com justiça, considerada a etapa rainha da edição de 2025. Com 5500 metros de desnível acumulado, três passagens alpinas míticas e uma chegada em alto extremamente exigente no Col de la Loze, este é o dia mais duro da corrida e talvez a melhor oportunidade para Jonas Vingegaard ganhar tempo a Tadej Pogacar.
Antevisão
da 18ª etapa
O Col du Glandon abre as hostilidades, o Col de la Madeleine fracionará ainda mais o pelotão, mas a subida mais difícil do dia é o Col de la Loze.
O Col du Glandon tem 21,7
quilómetros a 5% de pendente média... mas a pendente média está longe de contar
a verdadeira história da subida. Trata-se de uma subida irregular, com duas
curtas descidas intermédias e vários sectores que rondam os 10% de inclinação.
É um terreno ideal para os trepadores puros se destacarem, embora também haja
margem para movimentações tácticas.
A segunda subida é muito mais constante: o Col de la Madeleine tem 19,3 quilómetros a 7,8% e é simplesmente brutal. É uma subida que não deixará os ciclistas descansarem por um momento que seja. Terminará a 67 quilómetros da meta, o que significa que não serão prováveis ataques sérios. A descida será muito rápida e pode contribuir muito para o ataque à subida final.
A última subida do dia é para
o topo de Courchevel e apresenta um final brutal. São 26,3 quilómetros a 6,4%,
uma subida de uma hora, bastante constante nos primeiros 20 quilómetros, para
depois apresentar algumas rampas irregulares até ao topo. Tem algumas secções
planas e mesmo em descida, mas também muitas rampas com mais de 10% de
inclinação.
Condições
climatéricas
O dia de hoje foi prova de que actualmente no Leste de França, as condições meteorológicas não são as melhores. O pelotão enfrentará temperaturas baixas e chuva.
Os
Favoritos
Jonas Vingegaard - A Visma tem de arriscar. Este não é o último dia, mas é provavelmente aquele em que podem tentar causar mais danos. A partida é muito exigente e a equipa irá querer ter vários homens na frente desde cedo, algo que será absolutamente essencial. Van Aert, Campenaerts, Benoot e Jorgenson deverão estar envolvidos nas primeiras movimentações, com o objetivo de colocar a formação em superioridade numérica e preparar um ataque tardio do dinamarquês. A Visma já mostrou que com um trabalho bem coordenado, consegue isolar Pogacar nas subidas longas, e procurará fazê-lo novamente. O Col du Glandon é duro e pode ser terreno para um primeiro ataque.
Mas será talvez no Col de la
Madeleine que possamos assistir a um ataque mais sério de Vingegaard, caso
apresente as mesmas pernas que teve no Mont Ventoux. A sua forma fisica é
excelente e se estiver num dia verdadeiramente bom, poderá começar aí a recuperar
parte dos quatro minutos de atraso. Apesar da brutalidade do Col de la Loze,
anular quatro minutos numa só subida não é tarefa simples. A Madeleine, com o
seu perfil e inclinação constante, é uma subida de quase uma hora, ideal para
lançar ataques. No Col de la Loze, os ataques devem vir de ambos os lados e
embora Pogacar continue a ser o homem a bater, não seria surpreendente ver o
dinamarquês ganhar algum tempo.
Tadej Pogacar - A missão de
Tadej Pogacar é simples: defender-se. A UAE Team Emirates - XRG pode adoptar
qualquer abordagem, seja com ninguém na fuga, com vários homens à frente, com
ataques intermédios ou apenas a seguir na roda até à meta. Para Pogacar o
essencial é não perder tempo para Jonas Vingegaard. Se o conseguir, ficará em
posição privilegiada para conquistar a Volta a França. No entanto, essa será
uma tarefa extremamente exigente, pois trata-se do dia mais montanhoso da
corrida e ele sabe que terá de responder aos ataques sucessivos da Visma. Em
2023, foi precisamente nesta subida que perdeu o Tour e não restam dúvidas de
que ele quererá ajustar contas com o Col de la Loze.
Luta pela geral - Dada a
dureza da etapa, é pouco provável que vejamos riscos excessivos por parte dos
candidatos à classificação geral. A subida final, por si só, tem potencial para
provocar diferenças de minutos, dependendo de como evoluir o dia. O Top 10
inclui vários ciclistas que não eram esperados nesta luta pelos lugares
cimeiros, o que poderá tornar as movimentações ainda mais imprevisíveis.
Florian Lipowitz destaca-se como o mais sólido entre os 'outsiders' e, se
mantiver o nível que tem demonstrado, é expectável que consolide o seu terceiro
lugar e a liderança da juventude no Col de la Loze.
Oscar Onley, Kévin Vauquelin,
Tobias Johannessen e Ben Healy terão de ficar satisfeitos se mantiverem as suas
posições no final do dia. Nenhum deles esperava uma posição tão forte na CG e
amanhã certamente será uma questão de sobrevivência para eles. Pelo contrário,
temos Primoz Roglic (5º) que normalmente passa dificuldades em dias como o de
amanhã, mas está em excelente forma e pode querer roubar a posição de Onley,
mesmo estando a apoiar Lipowitz. Felix Gall e Carlos Rodríguez são trepadores
puros com bons antecedentes no Tour e que podem tirar proveito deste dia
colossal.
Fuga - Classificamos as
hipóteses da fuga como baixas, mas no papel há sempre que ter em conta nomes
como Thymen Arensman, Valentin Paret-Peintre, Lenny Martínez, Santiago
Buitrago, Sergio Higuita, Aleksandr Vlasov, Michael Woods, Harold Tejada e
Michael Storer, que para terem sucesso precisarão de muita sorte.
Previsão
da 18ª da Volta a França 2025:
*** Tadej Pogacar, Jonas
Vingegaard
** Florian Lipowitz, Santiago
Buitrago, Thymen Arensman
* Primoz Roglic, Oscar Onley,
Felix Gall, Carlos Rodríguez, Valentin Paret-Peintre, Ilan van Wilder, Lenny
Martínez, Aleksandr Vlasov, Michael Woods
Escolha: Jonas Vingegaard
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